Lula: O invasor #SP500
Tenho escrito pouco sobre a economia brasileira nos últimos tempos,
mas confesso que desde que esse governo assumiu cresceram os assuntos –
normalmente crítico. Ontem fui a um evento promovido pela Jive, empresa
especializada em distress debt, que em português simples poderíamos
definir como “pepinos”. Eles estão felizes da vida e enxergam um futuro
promissor para seus negócios, lógico que não disseram desta forma, mas foi
muito fácil deduzir.
O assunto inicial foi as Americanas, sobre o qual não se
pronunciaram de forma incisiva para não correr nenhum risco legal, porém
ressaltaram que o problema na varejista já era de longa data. Nesse setor
quando os juros aumentam massacram o negócio pois suas margens são muito baixas
— essa tese foi reforçada pelos casos recentes das Lojas Marisa e da
Tok&Stock. Disseram que não pretendem se envolver, pois não acreditam que
sobrou algum valor. Não disseram, mas se pode concluir que o mais provável é a
aquisição por outro concorrente - Mercado Livre, Amazon (para essa faz mais
sentido, se quiser realmente entrar no mercado brasileiro), ou fechar as
portas.
Em relação ao otimismo em seus negócios, citaram a elevada
taxa de inadimplência que ocorre atualmente – por sinal, não é estranho ver o
Itaú e Bradesco anunciando na televisão estarem abertos para renegociar a
dívida de seus clientes? - até agora estava mais presente nas pessoas físicas,
porém começou a contaminar as pessoas jurídicas.
Quando o Lula estava
em campanha, provavelmente algum assessor ressaltou a possibilidade de a
economia entrar em recessão, mas com sua peculiar arrogância imaginou “comigo
não”, eu sou muito bom e isso não vai acontecer. Com as diretrizes tomadas e com
a escolha de uma equipe na sua maioria desqualificada e, pior, com uma visão
retrógrada e errada, está antecipando e aprofundando a possível recessão que
vem por aí. A Bloomberg comenta sobre esse assunto dizendo que o “churrasco e
cerveja” estão em risco.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu trazer a
prosperidade de volta – "churrasco e cerveja" para todos – se ele
retornasse ao cargo mais alto do Brasil. Dois meses depois de iniciar sua
presidência, a economia que ele herdou está encurtando sua lua de mel e o faz
correr para conter os danos.
Dados oficiais divulgados nesta quinta-feira mostraram que o
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 0,2% no final de 2022,
interrompendo cinco trimestres consecutivos de crescimento. Está previsto que a
desaceleração continue este ano.
Se as previsões dos analistas se confirmarem, os ambiciosos
planos de Lula para combater a fome e a profunda divisão política na maior
nação da América Latina estão sob ameaça. Ele venceu a eleição evocando a nostalgia
pelos tempos de boom de seus dois mandatos anteriores, quando a pobreza caiu e
o Brasil subiu ao centro do cenário mundial.
Mas desde que assumiu o cargo em 1º de janeiro, Lula parece
estar lutando para se reconciliar com a dura realidade econômica. Ele se
desentendeu com investidores e seu próprio presidente do Banco Central, desestabilizando
mercados e falcões do orçamento que se preocupam com altos níveis de dívida e
espaço limitado para mais gastos.
"O fato é que Lula está realmente preocupado com uma
recessão", disse Thomas Traumann, colunista e consultor político.
"Ele está apertando todos os botões que têm disponíveis, mas percebe que
não há muito que ele possa fazer."
Demanda atingida
Para o ano inteiro de 2022, o Brasil registrou um crescimento de 2,9%, em grande parte nos serviços, à medida que as restrições da Covid-19 foram levantadas, e nos ganhos na indústria, de acordo com o instituto nacional de estatísticas. Por outro lado, a agricultura perdeu produtividade.
Agora, condições financeiras apertadas e inflação acima da meta estão afetando a demanda. Ao mesmo tempo, os efeitos de um estímulo multibilionário introduzido no ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro estão desaparecendo, enquanto a economia global parece destinada a cair.
O resultado é que analistas veem o
PIB em expansão inferior a 1% em 2023. Embora isso possa mudar, a maioria
concorda que os riscos estão aumentando.
A verdade é que Lula não teve nada a ver com os dados desta
quinta-feira. A economia foi inicialmente atingida pela pandemia e, em seguida,
estimulada temporariamente por cortes de impostos e assistência dada por seu
antecessor antes da eleição do ano passado.
Ainda assim, agora é um país muito diferente daquele que
Lula liderou de 2003 a 2010. Naquela época, ele tomou conta de uma bonança de
commodities que alimentou programas de crescimento e bem-estar social que
puxaram milhões de brasileiros para as fileiras da classe média.
E depois de derrotar Bolsonaro, por uma das margens mais estreitas
da história moderna do Brasil – uma vitória que seu oponente ainda não reconheceu
formalmente. O presidente de 77 anos tem dificuldade em mostrar aos
apoiadores que leva a sério a ideia de trazer a nação sul-americana de volta à
sua antiga glória.
Medidas
Lula tem buscado medidas para amenizar o golpe da inflação e
dar uma sacudida na economia. O principal deles foi garantir
a aprovação para elevar os gastos em cerca de US$ 32 bilhões este ano,
principalmente para ajuda aos pobres.
O líder esquerdista está se comprometendo a introduzir um
novo quadro fiscal nas próximas semanas. Mas com a expectativa de que o governo
tenha um déficit primário este ano, os investidores estão se perguntando
ansiosamente: como e quando?
"Essa incerteza é o problema", disse Tatiana
Pinheiro, economista-chefe da Galápagos Capital, uma gestora de recursos em São
Paulo. "Este ano tudo depende do lado fiscal."
Por sua vez, o banco central está alertando que manterá a taxa básica de juros em uma máxima de seis anos de 13,75% para conter as crescentes expectativas de inflação - e fazer a economia funcionar mais fria por mais tempo. A postura levou Lula a descarregar suas frustrações sobre o chefe do banco, Roberto Campos Neto, criticando-o por uma política monetária que ele diz ser muito restritiva.
A disputa não ajudou: os operadores estão reduzindo as apostas em cortes de juros este ano. No entanto, pode permitir que Lula compartilhe a culpa se a queda econômica continuar.
"Lula entende que precisa primeiro demonstrar quão
bagunçada a casa estava quando chegou", disse Thiago de Aragão, chefe de
estratégia da Arko Conselhos, uma empresa de consultoria.
"E segundo, preparar seus seguidores e apoiadores para um ambiente onde
ele não será capaz de fazer milagres."
Lula assumiu o governo bravateando que ele representa a
democracia e que acabou a era de seu antecessor. Mas na verdade, nenhum dos
dois são democráticos por princípio — basta ver o histórico de ambos. Porém, acredito
que a realidade está deixando o Salvador da Pátria preocupado, e como todo bom demagogo,
a culpa nunca é dele
Mas por que o título de invasor? Na verdade é uma metáfora,
vejamos: primeiro ele gostaria de invadir o banco central e destituir Campos
Neto, acredito que neste momento ele coloca a culpa da recessão na política de
taxa de juros. É verdade, são bem elevados, mas como reduzir se não pretende
fazer a lição de casa e diminuir as despesas? Imagino um ano terrível para o
presidente do BCB — isso se ele aguentar o tranco e não renunciar. Depois, o comentário
sobre a Petrobras, empresa pela qual tem muito “carinho” pelo que cometeu no
passado. Quer passar a mão nos seus dividendos e pouco importa o que os
acionistas pensem. Nesse mesmo assunto, o novo Presidente, Jean Paul Prates,
disse que quer “abrasileirar” os preços dos combustíveis, conforme citado por
Lula, isso significa ter ligação com o mercado nacional. É bem provável que não
tenha ideia do que fazer para “administrar”, palavra melhor para definir o que
pretendem. E por último, as recentes invasões pelos sem-terra do MST — ao invés
de ter uma posição firme do governo para retirar os invasores, os envolvidos
dizem que precisam negociar. Se alguém invade sua casa, você quer negociar com
eles dentro de casa?
Como a situação daqui em diante deve continuar piorando,
podemos esperar mais “invasões” deste tipo, no início entrando na política de
preços do negócio e, se não funcionar, entrando fisicamente como fez a Argentina
nos setores que estavam “atrapalhando” em seu entender. Agora, assumir que está
errado nunca, não existe essa hipótese!
No post o-vicio fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “O mercado continuou em queda, nada dramático entrando na zona onde deve ocorrer a reversão, caso não ocorra e o nível de 3.852 for ultrapassado vou ter que começar a trabalhar com o cenário alternativo de queda mais profundo. Importante frisar que até 3.764 ainda é possível que a alta ocorra” ...
O mercado foi lentamente caindo durante a semana e ontem, com uma declaração de um membro do Fed que o juro pode terminar em 5%- 5,25%, recuperou boa parte da queda. Mas todo esse movimento fornece uma direção onde poderia originar alguma sugestão de trade, apenas ficou um pouquinho mais provável a alta.
Eu demarquei uma área importante do ponto de vista técnico. A reta pontilhada em azul é uma resistência que une os vários momentos em que houve reversão desde o final de 2021. Houve uma primeira tentativa na onda (i) em amarelo, mas retrocedeu. Se o SP500 se mostrar disposto a subir, é importante que ultrapasse essa linha. No curto prazo, não se identifica as 5 ondas, mas isso saberemos brevemente. Fique atento ao Mosca para uma eventual sugestão.
O SP500 fechou a 4.045, com alta de 1,61%; o USDBRL a R$ 5,1984, sem alteração; o EURUSD a € 1,0632, com alta de 0,35%; e o ouro a U$ 1.854, com alta de 1,03%.
Fique ligado!
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