CoCo bond: valor literal! #usdbrl
Não existe risco zero embora os i
Lógico que com minha experiencia eu sei que tudo tem risco,
mas as vezes algo que parece tão seguro pode sucumbir, afinal dentro de um
banco não temos a menor ideia o que a alta administração pode fazer.
Neste final de semana me encontrei socialmente com um alto
executivo do Bradesco e na brincadeira perguntei:
- Pensei que vocês estavam preparando o Cheque para a
compra do CS.
- É muito dinheiro.
Na verdade o problema não são os U$ 3,0 bi mas sim o que
deve ter dentro do balanço.
Nunca vi uma transação de tamanho vulto em bancos ser
fechada em 2 dias. Imagino as cláusulas que existem para salvaguardar as
possíveis surpresas dos livros. Mas como é irrevogável, qualquer problema que
surja o UBS vai jogar seu custo na autoridade suíça.
Mas desde já apareceram alguns “jabotis” no negócio que
merecem uma reflexão. Sem considerar o nabo do Saudi National Bank que investiu
U$ 1,5 bilhões na crença que estava investido no paraíso mais seguro do planeta
viu esse valor virar pó em menos de 6 meses. Porém, o grande problema apareceu nos
títulos denominados de CoCo.
Pode ser que o leitor nunca se atentou aos riscos de emissão
de bonds de bancos achando que todos tem o mesmo risco. Vamos examinar aqui os
principais:
Senior Debt - No caso de falência ou liquidação de
uma empresa, um título sênior é aquele que ocupa o lugar mais alto na ordem de
reembolso antes que outros detentores de títulos recebam um pagamento. Os
títulos seniores são normalmente considerados a oferta mais segura de uma
empresa porque, em caso de inadimplência, os detentores de títulos seniores
receberão quaisquer fundos devidos perante os investidores em títulos de
classificação mais baixa.
Subordinated Debt - A dívida subordinada é mais
arriscada do que a dívida não subordinada. Dívida subordinada é qualquer tipo
de empréstimo que é pago depois que todas as outras dívidas corporativas e
empréstimos são pagos. A dívida subordinada é exatamente o oposto da dívida não
subordinada em que a dívida sênior é priorizada mais alto em situações de
falência ou inadimplência.
CoCo Bonds - Os conversíveis contingentes (CoCos)
são instrumentos
de dívida emitidos principalmente por instituições financeiras
europeias. Os conversíveis contingentes funcionam de forma semelhante aos
títulos conversíveis tradicionais. Eles têm um preço de exercício específico
que, uma vez violado, pode converter o título em patrimônio ou ações.
Segundo a Investopedia esse bonds podem ser comparadas aos
bonds normais da seguinte forma:
Existe uma diferença significativa entre os conversíveis contingentes
emitidos pelos bancos e as emissões de dívida conversíveis regulares ou
simples. Os
títulos conversíveis têm características semelhantes a títulos,
pagando uma taxa de juros regular, e têm antiguidade no caso de a empresa
subjacente entrar
em inadimplência ou não pagar suas dívidas. Esses títulos de dívida
também permitem que o detentor de títulos converta a dívida detida em ações
ordinárias a um preço de exercício especificado, dando-lhes valorização do
preço das ações.
Os conversíveis contingentes expandem o conceito de títulos
conversíveis modificando os termos de conversão. Tal como acontece com outros
títulos de dívida, os investidores recebem pagamentos periódicos de juros fixos
durante a vida do título. Como os títulos conversíveis, essas dívidas
subordinadas emitidas por bancos contêm gatilhos específicos que detalham a
conversão de dívidas em ações ordinárias. O gatilho pode assumir várias formas,
incluindo as ações subjacentes da instituição que atingem um nível
especificado, o requisito do banco de cumprir os requisitos de fundos próprios
regulamentares ou a exigência da autoridade de gestão ou de supervisão.
Como você podem notar o CoCo é um bicho estranho cara de
renda fixa corpo de renda variável.
O que aconteceu com os CoCo do CS? Os U$ 17 bilhões de
títulos emitidos nessa categoria viraram pó como relata Shuli Ren na Bloomberg
O acordo desencadeará uma baixa contábil total dos 16
bilhões de francos suíços (US$ 17,3 bilhões) do Credit Suisse em títulos adicionais
de Nível 1, como são conhecidas as notas mais arriscadas introduzidas após a
crise financeira global. Isso marcaria a maior perda até agora para o mercado
de financiamento AT1 de US$ 275 bilhões da Europa. Ao mesmo tempo, os
acionistas do banco ainda receberão algo em troca - eles devem receber 3
bilhões de francos em uma fusão de ações.
Esse arranjo é controverso porque viola a ordem hierárquica
padrão das finanças corporativas. Em um cenário de baixa contábil, os
acionistas são os primeiros a serem atingidos antes que os títulos AT1
enfrentem perdas, como o Credit Suisse também observou em uma apresentação
recente para investidores.
Mesmo quando a “aquisição” do Credit Suisse deixa os
acionistas com centavos de dólar, os detentores de títulos conversíveis
contingentes (conhecidos como CoCos ou títulos AT1) estão sendo eliminados.
Este é um desenvolvimento surpreendente, dado que até mesmo os detentores de
títulos não garantidos geralmente estão acima dos acionistas na estrutura de
capital. Portanto, os acionistas obterem “algo” e os detentores de títulos CoCo
não obterem “nada” levantam sérias questões sobre o valor real dos títulos CoCo.
É bem provável que os títulos emitidos nessa categoria
acabaram de morrer, pois como os bancos eram os maiores emissores e em caso de
risco de falência a autoridade intervêm e muda a regra é melhor comprar ações
ou instrumentos de dívida clássicos, agora um título que em comparação poderia
ser bissexual passa a se tornar assexual não dá! Parece que o CoCo tem o valor
que vale literalmente!
Como vai ficar o banco novo com a incorporação do CS? Não sou
ingênuo para acreditar que da minha cadeira posso dar um juízo de valor para
essa transação que coloca o UBS com o maior gestor de recurso de terceiros de
U$ 5,0 trilhões. Mas me arrisco a alguns palpites.
1)
1+1 = 1,5 - Muitos dos 50.000 funcionários do CS
tem dias contados, além da linha de crédito não se somar.
2)
Os funcionários podem esperar um chefe novo mais
conservador que o anterior, essa observação vale para os clientes.
3)
Daqui a 1 ano vai perder boa parte dos recursos
de terceiros pelo motivo 2) e por provável sobreposição de valores investidos
por boa parte de grandes clientes.
No post bonançavirus: fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ A mínima atingida na semana passada foi de R$ 5,10 um
pouco abaixo do nível apontado acima. Com o desdobramento do exterior as
cotações do dólar subiram. Não tive confiança em entrar na semana passada pois
o movimento se mostra “confuso” no curto prazo. Vamos continuar acompanhando
até que exista uma maior clareza no cenário de alta para o dólar. Um indicador
importante seria ultrapassar R$ 5,3082” ...
O dólar se encontra exatamente nos mesmos níveis da semana passada não apresentando nenhuma novidade nos meus cenários. Entretanto, vislumbro uma possibilidade de alta mais pujante caso o dólar suba mais forte daqui em diante. Por enquanto, todas as hipóteses são para cima. Ultrapassar o nível de R$ 5,3082 passa ser um must para que ocorra. Fiquem atentos a possível sugestão de trade.
O SP500 3,951, com alta de 0,89%; o USDBRL a R$ 5,2380, com queda de 0,75%; o EURUSD a € 1,0719, com alta de 0,50%; e o ouro a U$ 1.978, com queda de 0,46%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário