Perturbações de curto prazo #eurusd #ibovespa

 


Para quem se aventura em mercados de risco e acompanha diariamente vai entender melhor o conteúdo de hoje. Mesmo em períodos maiores existe uma sensação ruim quando a bolsa (ou as ações de seu portfólio) caem, independente se existe um ganho não realizado desde sua compra. Do ponto de vista de comportamento essa sensação está relacionada ao estudo realizado por Daniel Kahneman e seu associado Amos Tversky cujo termo é aversão à perda, numa publicação em 1979 em um artigo sobre probabilidade subjetiva. "A resposta às perdas é mais forte do que a resposta aos ganhos correspondentes" é a definição de aversão à perda de Kahneman. "As perdas são mais sentidas do que os ganhos", o que significa que as pessoas, por natureza, são aversivas às perdas. A aversão à perda fica mais forte à medida que as apostas aumentam. Essa equação é representada no gráfico a seguir:



Bem Carlson em seu site A Weath Of Common Sense vai mais além ao dizer que o mercado de ações faz você se sentir mal todo tempo.

A última nova máxima histórica para o S&P 500 foi em 3 de janeiro de 2022.

Isso significa que já se passaram quase 450 dias desde que experimentamos novas altas no mercado de ações.

Parece muito tempo.

Mas, com base na história dos mercados em baixa, realmente não é tão longo assim. Pode demorar um pouco até atingirmos novas máximas novamente se usarmos a história como um guia.

Eu olhei para cada mercado em baixa que remonta a 1950 para ver quanto tempo levou para o mercado atingir máximas históricos do pico anterior.

Esta tabela analisa as quedas para cada mercado de baixa, o número de dias que levou para ir do pico ao vale e o número de dias para ir do pico anterior para novas altas:



Se incluirmos o atual mercado de baixa1 o rebaixamento médio de pico a vale é uma perda de pouco menos de 35%.

O número médio de dias para ir do pico ao vale é de 381, portanto, pouco mais de um ano.

O número médio de dias para ir do pico anterior para novos máximos históricos é de 1.166 dias ou mais de 3 anos.

A viagem de ida e volta mais curta de pico em pico foi o crash da Covid em março de 2020. Vimos novas máximas em 6 meses. Antes desse estilingue de um mercado em baixa, o menor período de tempo para ver novos máximos novamente foi de 436 dias em 1950.

Portanto, pode levar algum tempo para se recuperar totalmente de um mercado em baixa.2

Eu não sei quanto tempo isso vai levar, mas não é fora do comum para o mercado de ações fazer você se sentir terrível em uma base regular.

Um dos meus gráficos favoritos do mercado de ações de longo prazo mostra a taxa de vitória histórica em vários horizontes de tempo:




Historicamente falando, quanto maior o seu horizonte de tempo, melhores as suas chances de ver retornos positivos.

Em uma base diária, a taxa de vitória histórica é de apenas cerca de 55%, o que significa que 45% de todos os dias de negociação foram perdas. E apenas 5% de todos os dias de negociação fecharam em novos máximos históricos.

Basicamente, quanto mais vezes você olhar para seus investimentos no mercado de ações, pior isso fará você se sentir mal, já que passamos muito tempo em um estado de rebaixamento.

O termo de finanças comportamentais de Richard Thaler para esse fenômeno é aversão míope à perda.

A aversão à perda é a ideia de que as perdas picam duas vezes mais do que os ganhos nos fazem sentir bem. E miopia é a ideia de que quanto mais frequentemente você olha para o seu portfólio, maior a probabilidade de você experimentar a picada da aversão à perda.

Quanto mais você olhar, pior você vai se sentir sobre o seu desempenho.

E quanto menos você olhar, mais frequentemente você verá ganhos ao longo do tempo.

Além disso, não é como se prestar mais atenção ao seu portfólio garantirá melhores resultados. Para a maioria dos investidores, prestar mais atenção pode levar a mais erros, porque essa aversão míope à perda você é tentado a fazer mais mudanças em seu portfólio, o que pode levar a mais erros de suas emoções.

Não é fácil ignorar seus investimentos ou o mercado de ações nos dias de hoje. A informação está em toda parte.

Mas quanto menos você olhar, melhor você se sentirá sobre o seu desempenho.

Infelizmente não existe estatísticas para o mercado brasileiro que provavelmente não tem os mesmos retornos de longo prazo que o mercado americano. Entretanto os leitores do Mosca sabem que minha profundidade está nos mercados internacionais que cada vez mais fica acessível aos investidores locais.

Esse viés ocorreu há muito tempo, em 2001, quando me dei conta que enquanto aqui a aposta só poderia acontecer no kit Brasil (bolsa, juros e câmbio) no exterior existia um mundo de alternativas. Naquele momento pensei: por que me limitar? Passados 20 anos essa conclusão continua mais que verdadeira.

Mas o conteúdo sobre aversão a risco é genérico não tem origem é característico do ser humano. Outra mudança que noto na gestão dos meus investimentos tem a ver com o tempo que ficam no portfólio – ou não ficam por não ter posições. Isso tem a ver com o uso da análise técnica em conjunto com esse conceito de aversão.

Qual a conclusão que se pode tirar é que duas inteligências regem sua vida: racional e emocional, ambas são importantes, porém essa última tende a minar a primeira. São coisas que Feud explica e que nós temos que conhecer.

Tenho comentado que, o que ocorreu recentemente com os bancos no mundo é muito diferente da GFC de 2008, o motivo é que os bancos, empresas e indivíduos estão em melhor situação que naquela época, exceção aos governos. A ilustração elaborada pelo Deustche Bank medindo a evolução das dívidas em dois períodos: desde o estouro da bolha de 2001; e desde a GFC de 2008, fica nítido que os governos assumiram todas as diminuições de dívidas desde 2008.



Observando esse dado, e se acontecer uma grande crise, o mais provável que será na dívida dos governos, e como governo não quebra sobram 2 possibilidades: renegociação (Argentina em 2020 e várias outras ocasiões), ou inflação que é menos traumática pois não precisa negociar com ninguém.

Sobre o setor bancário americano, e mesmo passando por uma grande consolidação nos últimos anos ainda é muito capilarizado. Com mais de 4.000 bancos é muito difícil o governo agir numa eventual crise. Além do mais, num mundo digitalizado os investimentos necessários para competir com os bancos digitais é enorme não permitindo economia de escala em bancos pequenos. Essa diversificação é bacana do ponto de vista democrático, mas pouco logica do ponto de vista da modernidade. Aposto que vai mudar drasticamente nos próximos anos.



No post banco-um-negocio-muito-arriscado-ii fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “ A expectativa era de uma pequena alta que levaria o euro a € 1,0835, mas pode ser que tenha completado a € 1,0759 um pouco abaixo em função do que ocorreu ontem com as ações dos bancos na Europa” ... ...” Estou assumindo uma hipótese que pode não ocorrer, a que a onda X) em verde terminou, já que essa onda ainda ficou abaixo das expectativas e pode ter mais desenvolvimentos. Os parâmetros se encontram no gráfico, caso o euro esteja em queda, o nível de € 1,0514 tem que ser rompido” ...




Minha hipótese acima acabou não ocorrendo, haja visto que, o limite superior foi superado antes que acontecesse a queda, dessa forma a antiga onda X, (agora onda B em verde) deve conter as recentes altas do euro no curtíssimo prazo. Mas se continuar subindo? Demarquei no gráfico a “área de restrição” onde deveria ser contida como último reduto, pois caso a moeda única ultrapasse vou ter que refazer minha hipótese de queda.

 



 Eu estava pronto para propor um trade de venda do euro, se tivesse me precipitado seria estopado. Mais uma vez a percepção – talvez torcida! me levaria a cometer um erro, aí sim não de leitura, mas não de julgamento, em função de não ter seguido a regra. Tudo parecia que uma queda ocorreria!

Mas não joguei a toalha e o motivo está a seguir nesse gráfico com janela de 1 hora. Se a área demarcada com a elipse não contém 5 ondas eu não sei mais contar. Esse fato pode ter influência no curto prazo ou no médio prazo, mas a Teoria de Elliot me diz que ainda terá uma queda antes de subir, de onde vai começar a queda não sei, mais vai ter. A conferir!



Ontem comentei no post de ontem gpt-moda-ou-ferramenta-efetivaque poderia sugerir um trade de compra no Ibovespa: ... “O único argumento que poderia indicar uma eventual compra é o fato da nossa bolsa ser considerada muito, muito barata pelos analistas internacionais. Mas como sempre pode ficar mais barata não é um argumento que o Mosca usa para justificar entrada nos mercados. Por outro lado, se ganhar importância esse será o argumento e não o Pacote Fiscal que vai passar a ser bom independente do que for proposto. Dúvida?” ... Não sei avaliar se o pacote é bom ou ruim, acredito que vincular despesa a receita não é muito bom, e a maioria dos comentários são negativos. Mas o fato de sair do papel aliado a um cenário externo mais tranquilo, e principalmente por que a bolsa está barata, motivou a compra do indicie na abertura a 101.200 com stop loss a 100 mil, o objetivo vou deixar em aberto haja visto as inúmeras possibilidades. O pior é que se a bolsa subir o governo vai achar que seu pacote é o máximo!

 O SP500 fechou a 4.050, com alta de 0,57%; o USDBRL a R$ 5,0948, com queda de 0,79%; o EURUSD a 1,0901, com alta de 0,54%; e o ouro a U$ 1.980, com alta de 0,85%.

Fique ligado!

Comentários