Quebra de bancos é bom para a inflação? #ouro #gold
Depois de ler e refletir sobre a decisão do Fed ontem de
subir os juros em 25 pontos e manter um tom mais neutro quanto a novas altas,
diferentemente do que Powell enfatizou em sua aparição no Congresso, e
considerando que essa mudança foi originada pela quebra de dois bancos nos EUA
e sua reverberação ao redor do mundo batendo na Suíça semana passada, fiquei
com a impressão de que queda de banco é bom para controle da inflação — pois, o
que mudou desde então para que alterasse as altas de juros como previsto?
Se fosse uma quebra clássica, onde boa parte dos
depositantes perde seu capital, posso até imaginar uma retração importante no
consumo, mas do jeito que as autoridades americanas e também suíças estão
tratando desses casos, colocando o governo como avalista, não tem por que haver
mudança por parte do público.
Naturalmente essas quebras irão gerar uma demissão de
funcionários desses estabelecimentos mas, com o mercado de trabalho tão
apertado, não devem ter muito esforço para serem recolocados. Já existe um
movimento de busca desses profissionais “on sale” de boa qualidade por parte de
bancos com JP Morgan, Citibank e Deustche Bank reportados pela imprensa.
Um efeito colateral dessas quebras também será sentido no crédito,
com um menor volume disponível em função do fator de alavancagem inverso, pois
é em função dos depósitos que se aplica um coeficiente multiplicador definido
pelas exigências legais. Mas também se tem notícias de que o volume de caixa
existente no mercado financeiro é muito elevado e que os grandes bancos
receberam boa parte desses depósitos. Essa redução devemos conferir no tempo.
Mas o mercado não pensa dessa forma, os agentes estão loucos
para ver a taxa de juros cair em função de grandes apostas nos mercados de
futuros feitas nos últimos meses, então qualquer motivo é motivo para derrubar
os juros. Na minha visão, isso é consequência da lembrança dos últimos anos, quando
a economia tinha outra cara. O Mosca acredita que estamos adentrando um
novo ciclo onde a inflação não será mais a moleza que foi no passado, a não ser
que aconteça uma desastre, e aí o cenário passaria a ser deflacionário com um
tombo grande no consumo. Mas crises não se projetam, no máximo se busca
proteção.
O artigo publicado por Robert Armstrong no Financial Times
tem uma ideia semelhante às minhas.
Na terça-feira, a ex-economista do Fed Claudia Sahm nos
disse o seguinte: “É quase como se o Fed tivesse colocado falências bancárias
em seu kit de ferramentas, para esfriar a demanda”.
Na coletiva de imprensa pós-reunião de ontem, Jay Powell
parecia a Claudia. Ele reiterou várias vezes que falências e quase falências
bancárias estimularão os credores regionais a agir de forma conservadora,
restringindo o crédito de uma forma que “você pode pensar [como] sendo o
equivalente a um aumento de taxa, ou talvez mais do que isso”. Da declaração de
abertura de Powell:
Desde nossa reunião anterior, os indicadores econômicos em
geral vêm ficando mais fortes do que o esperado, demonstrando maior dinamismo
da atividade econômica e da inflação. Acreditamos, no entanto, que os
acontecimentos no sistema bancário nas últimas duas semanas provavelmente
resultarão em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas, o
que, por sua vez, afetaria os resultados econômicos. É muito cedo para
determinar a extensão desses efeitos e muito cedo para dizer como a política
monetária deve responder.
Como resultado, não afirmamos mais que prevemos que
“aumentos contínuos de taxas” serão apropriados para conter a inflação. Em vez
disso, agora prevemos que “alguma política adicional de firmeza” pode ser
apropriada.
Essa mudança de orientação é um grande negócio. “Aumentos de
taxas em andamento” significa “estamos no modo de combate à inflação”. Mas
“alguma política adicional de firmeza” nos soa como “estamos quase terminando”.
Leitores cuidadosos perceberão uma confusão. Powell está
dizendo que, por causa dos estresses bancários, o Fed antecipa um caminho mais
curto e menos agressivo para aumentos de juros, mas também está dizendo que é
muito cedo para dizer como a política monetária deve responder aos estresses
bancários. Não pode ser os dois.
A atitude de Powell parece ser a de que é melhor presumir
que as falências de bancos irão ter efeito e estar errado, do que supor que
elas não terão e estar errado sobre isso. Questionado sobre o que as últimas
duas semanas significam para um pouso suave, Powell disse: “É difícil para mim
ver como isso ajudaria essa possibilidade”. Os mercados pareciam concordar. As
ações caíram no final do dia, enquanto os títulos subiram em toda a curva.
A confusão também se refletiu no último conjunto de
projeções econômicas do Fed, divulgado ontem. Houve poucas mudanças para 2023 –
contrariando o fato de que o consumo e a inflação ao consumidor aumentaram
recentemente (para 2024, as expectativas de taxa foram aumentadas e o
crescimento reduzido). Na prática, o Fed está desconsiderando os dados mais
aquecidos por causa das falências bancárias, ao mesmo tempo em que reconhece
que o impacto das falências é desconhecido.
Especialistas do mercado pareciam indecisos sobre o que
fazer com tudo isso. Alguns viram uma teimosa insistência em acabar com a
inflação; outros viram os últimos suspiros de uma campanha de aumento de juros
do Fed. Principalmente, porém, as pessoas estavam confusas. Muitos falaram de enrolação.
Um disse que as decisões do Fed ficaram envoltas em uma “aura particular de
complexidade”. Isso mesmo: chegamos ao ponto do ciclo de taxas em que falamos
sobre auras.
Para nós, este é um lembrete de que os ciclos não terminam
de forma suave ou previsível. Eventos irregulares e não lineares, como quebra
de bancos, mudam o cenário econômico em um instante. Os mercados agora voltaram
a precificar os cortes de juros no final deste ano; isso que eles finalmente haviam
chegado à visão do Fed de juros mais altos por mais tempo apenas algumas
semanas atrás. Powell repetiu seu mantra mais alto por mais tempo ontem e, até
agora, tendemos a acreditar nele. Mas não depende mais dele. (Ethan Wu)
Lembram daquele gráfico que o mercado chama de dots?
Pois bem, nesse momento de indecisão busca nele alguma luz. Na ilustração a
seguir, notem os pontos indicando as taxas de juros nos final de cada ano, bem
como a de longo prazo, além da expectativa do mercado em comparação com a média
do membros do Fed. O que podemos tirar dessas informações? Para 2023 existe
praticamente um consenso que a taxa será ≥ 5%, em 2024 uma dispersão
considerável entre eles e 2025 uma piada com um participante acreditando em ≥
5,5% e outro ≤ 2,5%; mesmo sendo poucos a enxergar dessa forma, existe
uma grande maioria entre 4,5% e 2,5%. No longo prazo podem estar certos de que
é o maior chute, não tem o menor valor a não ser dizer que o Fed será vencedor.
Quanto ao mercado, continuam a acreditar que o Fed terá que baixar os juros já esse ano, imagino que eles estão apostando que a economia entrará de alguma forma numa recessão. Outra conclusão de que posso tirar observando as projeções do Fed, bem como a expectativa do mercado, é que a opinião do Mosca é um outlier. Será que estou sendo teimoso? Bem, essa ideia não veio da minha cabeça do nada, seguindo alguns relatórios de empresas que eu considero, bem como opiniões de economistas de respeito, agregado ao que eu enxergo do ponto de vista técnico para as taxas de juros de 10 anos, não aposto com o mercado.
O gráfico de longo prazo para esse indicador leva a níveis
bastante preocupantes. Eu tenho duas hipóteses:
· Mais moleza no curto prazo - Nesta condição o juro estaria na onda 2) em laranja e teria um tempo para completar até o próximo ano, tudo ajustado conforme o tempo passa. Sendo assim as taxas ficariam entre ~3,00% - 3,8%, depois desse período uma nova rodada de alta que seria muito forte – onda3!
· Não demora tanto – Esse caso a alta estaria mais perto de terminar talvez no final de 2023 para depois subir a níveis ultrajantes observados de hoje 7% - 11,5%, já imaginaram? Não fiquem surpresos, eu já vi bem mais do que isso e todo mundo sobreviveu.
O que têm em comum ambos os gráficos? É que eu não vejo uma
queda de juros como o mercado vê. O que irá acontecer para que subam tanto?
Posso elencar alguns motivos: Inflação; perda de credibilidade do dólar;
guerra, e muitos outros, mas como não sou fundamentalista deixo esse trabalho
para os futurólogos!
- David, acordou de mal humor? Está louco?
Amigão, como dizem as cartomantes e parafraseando; os
gráficos não metem jamais. Os analistas (inclusive eu) podem errar, mas eles
não enganam!
No post sera-um-milagre fiz os seguintes comentários no ouro: ... “ A onda indicada por Y) está muito próxima de me obrigar a uma nova contagem – U$ 1.804, mas o pior viria se o patamar de U$ 1.786 for violado onde abre a possibilidade de maiores quedas conforme vou explicar mais adiante” ...
No post mencionado acima eu exponho a opção de maiores quedas, porém ainda não vou trabalhar com essa hipótese. No curto prazo a opção de alta ainda continua válida pois não houve violação conforme destacado acima. Depois o metal voltou a subir atingindo novas máximas desse movimento rente a U$ 2.009.
O mais provável é que ou uma pequena correção estaria em andamento cuja extensão poderia ser ao redor de U$ 1.920/U$ 1.880 ou já estamos a caminho do objetivo maior conforme o gráfico com janela semanal expõe U$ 2,465. Notem que é um must ultrapassar U$ 2.069 máximas atingidas em agosto/2020 e março de 2022.
O SP500 fechou a 3.948, com alta de 0,30%; o USDBRL a R$ 5,2891, com alta de 1,00%; o EURUSD a € 1,0830, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.994, com alta de 1,30%.
Fique ligado!
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