Mudanças comportamentais #eurusd
A pandemia alterou a vida das pessoas, além de ter causado
tristeza e complicações na saúde de muitas outras. Ainda não se sabe exatamente
quais foram os efeitos colaterais, muito se especula sobre sequelas oriundas
das vacinas ou quem sabe de quem contraiu a covid, que acredito seja a grande
maioria da população mundial.
A busca do responsável pelo início levou o FBI, através de
seu diretor Christhoher Wray, a afirmar que provavelmente foi o resultado de um
vazamento de laboratório na China, fornecendo a primeira confirmação pública do
julgamento confidencial da agência sobre como surgiu o vírus que levou a morte
de quase sete milhões de pessoas em todo mundo, como reportou o Wall Street
Journal.
Os efeitos, invisíveis a olho nu, levaram a um estudo
elaborado pelo Fed de Nova York que devido à pandemia, os traders não tem mais
a força psíquica para fazer apostas destemidas, como Aaron Brown relata na
Bloomberg.
Em dezembro, uma equipe de pesquisadores do Federal Reserve
Bank de Nova York, da University of Southern California e da University College
London, publicou um estudo sobre quais habilidades cognitivas tornam os traders
bem-sucedidos. Eles estão de volta com uma olhada em habilidades não
cognitivas, como amabilidade e dedicação. Desta vez, o foco não está no que
distingue os traders de todos os outros, mas em como as personalidades dos
traders e não traders mudaram devido à pandemia.
As descobertas indicam um ambiente de negociação cada vez
menos ousado e mais cauteloso, com implicações para a função de reação dos
mercados financeiros muito diferentes do que estamos acostumados.
Quando estudei finanças acadêmicas no início dos anos 1980,
o foco estava nos fundamentos econômicos e nas teorias matemáticas. Finanças
“comportamentais” – que examinavam como a psicologia dos participantes afetava
os mercados – era um campo restrito que muitos pesquisadores desconsideravam
totalmente. Mas a influência das teorias comportamentais cresceu rapidamente
nas duas décadas seguintes e agora é um dos principais pilares do campo.
Grande parte do trabalho inicial sobre finanças
comportamentais estudou tendências que eram consideradas quase universais em
humanos. Isso deu lugar a um trabalho que reconhecia as diferenças entre os
indivíduos, mas muitas vezes se supunha que elas eram estabelecidas no início
da vida e constantes depois disso. Apenas nos últimos 10 anos, tornaram-se
populares as teorias de finanças comportamentais que pressupõem que as
personalidades são maleáveis em adultos. A pandemia é o maior trauma de massa
que fornece um experimento natural para essas novas ideias. Como a pandemia
mudou a personalidade dos traders? O que isso significa para os mercados
financeiros?
Embora esta seja uma nova área de estudo acadêmico, é uma
ideia antiga. Sempre foi comum falar sobre traders traumatizados por alguma
crise financeira e supor que a tomada de riscos diminuiu como resultado,
removendo a liquidez dos mercados e deprimindo as avaliações. A maioria das
teorias de bolhas e pânicos financeiros é psicológica, assim como muitas teses
e estratégias comerciais. Mas nada disso é rigoroso, e muito disso está
enraizado em estereótipos psicológicos grosseiros e em lógica econômica
superficial.
Você pode se surpreender ao saber que o estudo do Fed de
Nova York descobriu que os traders pontuam mais em amabilidade - o que inclui
confiar nos outros e não encontrar falhas - do que um grupo de controle de
estudantes. Os traders deveriam ser céticos, até desconfiados, constantemente
procurando por falhas e pensando de maneira contrária. Quase não há traders
desagradáveis; eles são todos moderados ou altos nessas características. Os estudantes,
no entanto, podem ser baixos, moderados ou altos. Alta agradabilidade não
parece ser necessária para negociação, mas baixa agradabilidade parece ser uma
desqualificação.
O que aconteceu na pandemia? A afabilidade dos traders caiu,
de bem acima dos níveis dos estudantes para bem abaixo. A afabilidade do aluno
não mudou significativamente, então não foi um efeito geral em todos. O efeito
foi muito maior em traders que foram pessoalmente impactados de forma negativa
– medicamente, economicamente ou em uma situação de vida. Estranhamente, entre
os estudantes houve um declínio muito menor na afabilidade, mas apenas entre os
estudantes menos afetados pela pandemia.
A outra grande mudança foi em uma característica que os
autores chamam de “lugar de controle”, ou até que ponto as pessoas sentem que
controlam os eventos e dirigem suas vidas. Aqui, os traders pontuam muito mais
alto do que os estudantes, pois parece que o sentimento de controle é
necessário para negociar. Por um lado, supõe-se que os traders tenham grande
respeito pelo mercado e pela aleatoriedade, o que parece indicar um baixo lugar
de controle. Mas, em vez disso, parece que os traders precisam de um alto lugar
de controle para reunir a força psíquica para fazer apostas ousadas sob
incerteza.
O lugar de controle também caiu para os traders, embora
tenha permanecido bem acima dos níveis dos estudantes, o que novamente não
mudou significativamente. Essa mudança foi a mesma para traders que relataram
alto ou baixo impacto da pandemia em suas vidas.
Este é apenas um estudo e ainda não sabemos se foi uma
mudança temporária ou permanente. Mas, se aceitarmos suas conclusões, indica
que os mercados podem estar significativamente mais cautelosos como resultado.
Os traders desconfiados que não confiam uns nos outros e não se sentem no
controle provavelmente não assumirão posições ousadas. Se a geração mais jovem
não foi afetada, como parece ser o caso neste estudo de qualquer maneira,
talvez os líderes de mercado dos próximos anos sejam traders que foram poupados
dos traumas específicos da negociação durante a pandemia.
A outra questão é se esse tipo de pesquisa produzirá
informações importantes sobre o mercado. Aprenderemos como os mercados moldam
as personalidades dos traders e como essas personalidades afetam o
comportamento do mercado? Ou isso permanecerá uma curiosidade acadêmica de
pequeno interesse prático? Talvez o próximo artigo desta equipe ajude a
responder às perguntas.
O leitor poderá se perguntar qual o interesse desse assunto
aos leitores do Mosca, já que provavelmente muito poucos são
traders. Além da curiosidade sobre esse assunto, essa mudança pode explicar
algumas alterações do mercado de bolsa e renda fixa, que noto, mas cujo motivo não
conseguia entender.
No mercado de ações, se observou um encurtamento no
vencimento das opções de forma significativa. Hoje em dia, mais da metade vence
no dia ou em 24 horas como relatei no post mudou-o-termômetro Esse
encurtamento diminui de forma expressiva os prêmios pagos pelos traders, o que
por sua vez diminui seu risco.
Já no mercado de renda fixa, onde é conhecido estar os
melhores traders, a volatilidade explodiu, sendo hoje muito mais elevada que a da
bolsa de valores, como se pode ver no gráfico a seguir.
Supondo que os traders se tornaram mais “cautelosos”, isso implica uma menor propensão ao risco, fazendo com que assumam menos posições. No caso dos bonds, como estamos passando por uma mudança de patamar nas taxas de juros, é possível que os traders não estejam tão dispostos a apostar como no passado, originando o aumento de volatilidade.
Essa minha visão é empírica e sujeita a um grande erro de
interpretação; porém, associando o estudo acima a essas constatações, me parece
razoável. Em todo caso, a implicação é a existência de mercados mais erráticos de
uma forma geral, que podem ser movidos por ondas em função do fluxo proveniente
de grandes players, que tendem a se movimentar em direção inversa quando esse
fluxo cessa.
Se essa situação irá perdurar ou não no longo prazo, é uma
grande questão; mas esse fato reforça cada vez mais a predominância do
comportamento — fundamento principal da análise técnica.
No post mudou-o-termômetro fiz os seguintes
comentários sobre o euro: ...” iniciou um movimento
de retração. Desta forma, o intervalo onde a correção poderá ocorrer está
destacado no retângulo abaixo. Fica difícil saber de antemão onde a reversão
pode ocorrer, mas teoricamente teremos tempo para analisar o desenrolar dos
movimentos. Destaquei a trajetória esperada em verde pelos movimentos em A, B,
C. “...
O euro seguiu de forma satisfatória o que o Mosca indicou, provavelmente a onda A) verde terminou adentrando agora na terrível e mais destruidora de lucros onda B). Pela característica da onda A) é mais provável que seja a denominada Flat Correction. Calculo que a alta possa se estender até € 1,0923 / € 1,1033 (ou até um pouco acima), para em seguida iniciar um novo movimento de baixa que levaria o euro na casa dos € 1,0513, conforme indicado com a linha verde abaixo.
Alternativamente, essa correção poderia se desenrolar como Complex Correction cuja trajetória seria semelhante, porém os níveis um pouco diferentes como mostra o gráfico abaixo. Se isso ocorrer, o movimento final terminaria em € 1,0328/ € 1,0273.
- Legal David, além de você ficar explicando coisas que eu não entendo, vou ter que adivinhar qual dos dois?
Pouco a pouco, eu venho explicando alguns dos movimentos
característicos da Teoria de Elliot Wave, quem sabe você se anima. Também procuro
deixar transparente situações de indecisão que motivam a não ação. Entretanto, eu
busco sempre dar a direção com uma ordem de grandeza de onde pode chegar, o que
já é bastante para se organizar caso tenha alguma exposição no mercado específico.
Respondendo a sua indagação, não tenho como te adiantar qual dos
dois caminhos o euro vai traçar, se traçar! Mas reforço a ideia de que
correções são imprevisíveis e você só deve se envolver em níveis que ofereçam
um bom risco x retorno, adivinhar nunca!
O SP500 fechou a 3.981, com alta de 0,76%; o USDBRL a R$ 5,2096,
com alta de 0,58%; o EURUSD a € 1,0600, com queda de 0,58%; e o ouro a U$
1.386, sem variação.
Fique ligado!
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