Atuações extremas



Nesses momentos de crise cada investidor tende a reagir de uma forma diferente em relação aos seus investimentos. Por mais que, quando foi feito a alocação, você tomou sua decisão de acordo com seu perfil, situações como a que vivemos extrapola os modelos matemáticos que se empregou naquele momento. Níveis de oscilações dessa magnitude não foram levados em consideração.

Isso significa que sua carteira acabou tendo uma perda muito maior que a inicialmente imaginada. O que você deve fazer? Vamos analisar o que ocorreu na bolsa americana e depois na brasileira.

Em 12 de março, as ações do SP500 caíram 9,5%, o pior dia desde 1987, e colocaram os índices firmemente no território do mercado em baixa. Nas sete sessões seguintes caiu outros ~ 12%, fazendo com que qualquer pessoa que vendesse uma semana antes se sentisse bem com sua decisão.
Mas agora voltamos a esses níveis, colocando os investidores que venderam há duas semanas em uma posição desconfortável. Eles compram tudo de volta hoje? Eles esperam que as ações caiam e lhes dê outra chance de recomprar a preços mais baixos? E se isso acontecer, eles puxarão o gatilho?


Não digo isso para fazer com que qualquer um que vendeu se sinta mal, investir é difícil para todos nós. Eu digo apenas isso para lembrá-lo de que as decisões extremas de vender tudo de uma vez, ou vice versa, deve ser evitada. E, é claro, vale ressaltar que este poderia ser facilmente um comentário de um mercado que ainda pode continuar a cair.

O ponto é que, com o investimento, menos é mais, porque cada decisão que você toma dificulta a próxima.

Se você vendeu tudo e agora está recebendo dinheiro, não está começando do zero. Você está tomando decisões com a bagagem desde a última ação. Dúvida, incerteza e ansiedade são apenas algumas das emoções que nublarão sua visão.

Os últimos dois dias são um lembrete de que aguardar a poeira se depositar não é uma estratégia, e não há nada baseado na sua capacidade de ver o futuro, ninguém sabe como será.

A decisões da venda foram tomadas por vários motivos, mas certamente as posições alavancadas turbinaram a queda, pois a venda ocorreu mais por quem deu o crédito de quem decidiu comprar.

Ao observar o Ibovespa, a situação é mais profunda, pois a queda foi maior em magnitude e a recuperação tem sido menor, conforme se pode notar a seguir.


Certamente esse evento vai criar um aumento na aversão ao risco. Se anteriormente a decisão parecia certa de transformar parte da carteira de renda fixa em ações, agora esse percentual terá que ser revisto, tanto pelo susto de perder quantia importante do patrimônio, bem como, pelo aumento da volatilidade. Tudo isso, por um tempo.

Vários leitores me perguntam se o mínimo já aconteceu, pois gostariam de fazer uma compra de ações. Não sei responder, e ninguém sabe, porém um critério para eventual entrada seria a queda da volatilidade, que ainda se encontra muito elevada. Por outro lado, se você não vendeu toda sua carteira, ainda será beneficiado com uma eventual alta, pois vai diminuir seu prejuízo sobre esse pedaço.

No post a-volta-dos-helicópteros, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” Por enquanto a bolsa brasileira está no intervalo que denominei de aceitável e não rompeu o nível de 84.000 (no fechamento), embora esteja bastante próximo desse nível” ...

Desde essa publicação, a bolsa caiu mais, superando os limites que eu havia estabelecido, embora o de 69.000, possa ter sido um false break. Bem, analisando o gráfico com janela diária é possível traçar algum prognostico de curto prazo, pois o de longo prazo nenhuma hipótese me parece muito convincente, por enquanto.

Ainda acredito que uma queda levaria o Ibovespa para o nível entre 55 mil a 50 mil, para em seguida um movimento de alta se suceder. Para aproveitar um trade de venda a 86.000 com stoploss a 91.000 parece atrativo. A mesma observação feita para o SP500 é valida aqui, a posição deve ser ¼ do tamanho.

Se a bolsa ultrapassar o nível de 91.000 não significa que um novo movimento de alta levaria a bolsa a novas altas, o estrago da queda foi grande e alterou a configuração para o Ibovespa. Mas vamos deixar esse assunto para um outro momento, chega de notícia ruim!

O SP500 fechou a 2.630, com alta de 6,24%; o USDBRL a R$ 5,0225, sem variação; o EURUSD a 1,1025, com alta de 1,32%; e o ouro a U$ 1.631, com alta de 1,14%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Eu realmente não entendo. Quanto mais cai mas feliz eu fico que posso comprar mais.
    Se em 4 ou 5 anos o mercado se recuperar e os lucros voltarem pro patamar de antes da crise, meu yeld estará em 15 a 20%.
    Passamos pela 1a guerra, crise de 29, 2a guerra, guerra fria, onde tudo poderia realmente acabar.
    Enquanto muitos estão enxergando crise eu vejo oportunidades.
    As pessoas vão continuar precisando de roupa, comida, crédito, carros, imóveis, etc, após a crise.

    ResponderExcluir

Postar um comentário