Voo sem instrumentos
Eu tenho uma rotina matinal de percorrer inúmeros gráficos e
informações usando várias fontes. A grande maioria é pela internet, o único que
sobrou em papel é o Estadão.
Nas últimas semanas, ao analisar os dados, fico bastante
reticente caso a informação é anterior ao surto do CONVID 19. Neste caso,
penso, não tem valor. Se é posterior, meu pensamento passa a ser, está
distorcida. Com exceção do PIB, e mesmo ele, deve ser observado com muita
cautela.
Hoje pela manhã não foi diferente, com exceção das
informações do CONVID 19, não consigo coletar quase nada que seja de utilidade
ao leitor. Sendo assim, acredito que estamos numa situação equivalente à de um
piloto que perde seus instrumentos de navegação. Teremos que usar a navegação
visual, que nesse caso específico significa, efetuar estimativas e ponderações
sobre os dados que serão publicados. Detalhe, isso deverá prevalecer por um bom
tempo.
Uma informação interessante é o impacto do coronavírus nos
investidores. O gráfico a seguir espelha um índice que mede o medo e a
ganância. Só a título comparativo, no início de janeiro esse parâmetro estava em
92 – quase ganância máxima.
Ontem a bolsa americana teve um desempenho estupendo, o
SP500 subiu 4,6%. No post de ontem coloquei minhas ideias para a bolsa
americana daqui em diante, e aguardo um nível para sugerir um trade de venda.
Como os movimentos têm sido mais rápidos que o normal, sugiro que acompanhem o
post com assiduidade.
Muito se tem dito sobre uma bolha no mercado acionário.
Descrevi sobre esse assunto em vários posts, e sugiro revisitar caso não tenham
lido: no+mundo+das+bolhas, todas-as-bolhas-são-diferentes, a-ultima-bolha. Sob minha visão, não vejo motivos para considerar que seja uma bolha. O
quadro a seguir descreve os principais fatores observados em situações que
ocorrem uma bolha.
Aonde poderia existir tal fenômeno seria o mercado de bonds
de países desenvolvidos. Um artigo publicado pela Bloomberg aponta a
preocupação pela excessiva valorização do bonds.
As crescentes expectativas de corte nas taxas e uma busca
desesperada por ativos seguros em meio ao surto de coronavírus conquistaram
muitos fãs no mercado de títulos nas últimas semanas. A manifestação resultante
também está criando alguns detratores.
Um coro crescente de estrategistas e gestores está manifestando preocupação, já que os investidores compram dívidas do governo a qualquer preço.
O medo é que eles estejam se expondo ao risco da taxa de juros como nunca antes, arriscando uma queda vertiginosa nos preços – elevação dos juros, com um aumento modesto nos rendimentos. Um avanço na luta contra a doença, ou um sinal de que a economia global está se recuperando mais rápido do que o esperado, pode ser o suficiente.
O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos atingiu o nível mais baixo de todos os tempos hoje, mas os traders não precisaram procurar muito pistas de quão rapidamente a narrativa pode mudar. O índice S&P 500 subiu 4,6% nas apostas que os bancos centrais coordenariam para limitar o impacto econômico do vírus. Os movimentos destacam a crença em alguns cantos de que a ação política estimulará o crescimento, criando pressão ascendente para ações e rendimentos de títulos.
"Se as coisas melhorarem um pouco - se houver cura nos próximos dois, três meses ou se o vírus desaparecer com o tempo mais quente - as taxas de longo prazo irão subir".
Um coro crescente de estrategistas e gestores está manifestando preocupação, já que os investidores compram dívidas do governo a qualquer preço.
O medo é que eles estejam se expondo ao risco da taxa de juros como nunca antes, arriscando uma queda vertiginosa nos preços – elevação dos juros, com um aumento modesto nos rendimentos. Um avanço na luta contra a doença, ou um sinal de que a economia global está se recuperando mais rápido do que o esperado, pode ser o suficiente.
O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos atingiu o nível mais baixo de todos os tempos hoje, mas os traders não precisaram procurar muito pistas de quão rapidamente a narrativa pode mudar. O índice S&P 500 subiu 4,6% nas apostas que os bancos centrais coordenariam para limitar o impacto econômico do vírus. Os movimentos destacam a crença em alguns cantos de que a ação política estimulará o crescimento, criando pressão ascendente para ações e rendimentos de títulos.
"Se as coisas melhorarem um pouco - se houver cura nos próximos dois, três meses ou se o vírus desaparecer com o tempo mais quente - as taxas de longo prazo irão subir".
O anúncio do Federal Reserve na sexta-feira de que estava pronto para agir, se
necessário, levou os rendimentos do Tesouro de 10 e 30 anos a novos mínimos,
com os mercados futuros agora cotando em mais de 100 pontos-base dos cortes do
Fed este ano. Hoje pela manhã, depois de uma conferência do G7, o Fed decidiu
algumas horas depois, reduzir os juros em 0,50%
O rendimento do Bloomberg Barclays Global Aggregate Bond Index, que inclui dívidas de mercados emergentes e desenvolvidos de governos e empresas, caiu para 1,05% na segunda-feira, o menor nível de todos os tempos.
Ainda assim, os riscos de fazer apostas unidirecionais sobre
títulos com avaliações tão elevadas parecem grandes. A sensibilidade às
mudanças nas taxas medidas pelo duration está registrando um recorde de 8,6
anos no Bloomberg Barclays Global Aggregate Treasuries Index. Isso significa
que cada aumento percentual nos rendimentos médios provocaria um declínio de
preços de cerca de 8,6%.
Os negociadores de títulos que apostam na confiança dos formuladores de políticas também devem pensar em como as medidas para aumentar a confiança afetarão essas apostas, de acordo com Jim McCormick, chefe global de estratégia de mesa da NatWest Markets. Um impulso ao crescimento econômico significaria, em última análise, maiores rendimentos de longo prazo.
"Os bancos centrais provavelmente os cortarão e os descontrairão quando as coisas se acalmarem, mas uma recuperação em conjunto com uma política fiscal deve pressionar o final da curva", disse ele. "A curva aumenta se a combinação de resposta política funcionar."
Mas se as medidas para conter e acabar com a doença se firmarem, a China voltar ao trabalho e registrar um aumento no segundo trimestre, as apostas em títulos públicos caros podem começar a parecer perigosas.
"Perseguir títulos quando os rendimentos estão no nível mais baixo de todos os tempos parece muito arriscado", disse Mark Dowding, gestor da BlueBay Asset Management, que tem uma postura neutra quanto à duration. "Ao mesmo tempo, parece que o fluxo de notícias sobre o vírus piora antes de melhorar."
A título ilustrativo tracei a evolução das taxas de juros de
10 anos americanas por um longo período de forma invertida, o motivo desse
último, é obter uma melhor visualização, caso esteja numa bolha.
Talvez o conceito tradicional de bolha não se aplique a esse
mercado, um motivo principal seria o poder desproporcional dos bancos centrais em
estabelecer o principal parâmetro desse ativo, os juros, o que não acontece nos
outros mercados.
O que posso sim afirmar é que estamos entrando em território
perigoso, haja visto que, juros baixos não são observáveis por muito tempo na
história, negativo então, é inédito. Do mesmo jeito que um vírus criou essa
desestabilização no mundo, o “vírus” da inflação seria o fator desestabilizador
na minha avaliação. Vale a pena ficar atento, e lembrar que na década de 50, os
juros eram ao redor de 2% a.a., e depois de 30 anos atingiram 16% a.a.
No post o-antivirus-eficaz, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa: ... “Se o Ibovespa
ficar contido no intervalo entre 112.500 – 117.100, é bem possível
que se trata de uma correção pequena. Se ultrapassar o limite superior aumentam
as chances de novas máximas mais adiante, em contrapartida, se o limite de
112.500 for rompido é provável que se trate de uma correção média descrita a
seguir” ...
Agora não existe dúvida que se trata na melhor das hipóteses de
uma correção média. Antes de desenvolver meu raciocínio sobre o
cenário mais provável, gostaria de dividir com os leitores algo que venho
frisando a um bom tempo sobre o Ibovespa. A configuração da bolsa da margem a
algumas interpretações com conclusões de médio prazo diferentes. Isso acontece
quando se utiliza Elliot Wave, e o movimento direcional não é de “livro texto”
como costumo dizer.
No gráfico a seguir com janela semanal, traço aonde estariam
os limites da correção em curso, segundo a interpretação que considero mais
provável, sem uma convicção muito elevada.
Para a compreensão do leitor identifiquei 3 intervalos a
saber: se a correção que se desenha ficar contida entre 103.000 – 93.000, está
dentro do que se pode esperar; já entre 76.000 e 92.000 seria aceitável com
ressalvas, e mais ênfase caso recue abaixo de 84.000; e por último, abaixo de
76.000, vou precisar reestudar minhas premissas.
Se o Ibovespa não fosse um ativo tão acompanhado pelos
leitores o deixaria de lado até que ficasse mais claro seu quadro técnico. Este
não sendo o caso, vou manter o acompanhamento, sem propor trades até que surja
uma convicção maior.
O SP500 fechou a 3.003, com queda de 2,81%; o USDBRL a R$
4,5124, com alta de 0,86%; o EURUSD a € 1,1180, com alta de 0,41%; e o ouro a
U$ 1.637, com alta de 2,97%. Com a queda dos juros de 10 anos a mínimas históricas,
estou atualizado o stoploss a 1,15% ou uma realização caso chegue a 0,85%.
Fique ligado!
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