Recessão instantânea



Daqui a 100 anos, os habitantes da Terra estudarão o surto de Conad – 19 e seus impactos, será que vai acontecer algo semelhante até lá?  Essa é uma situação inédita em termos econômicos que eu chamaria Recessão Instantânea Mundial Forçada. Nunca se viu algo nada similar. Dado as dimensões desse acontecimento, por enquanto, não ouve colapso financeiro, mas não existe nenhuma garantia que não ocorrera.

Num processo como esse, ninguém ganha, quem acredita que não perdeu está mal informado. Na verdade, a classificação é de cima para baixo, quem perde menos.

Não adianta ter ideias que fazem sentido lógico como por exemplo: comprar um imóvel pois sempre vai ter valor; comprar títulos do governo pois não pode quebrar; comprar ouro pois tem um track record milenar contra crises; bitcoin o ativo moderno que protege dos bancos centrais; e etc ... Todos sem exceção irão perder pois esse é um ambiente deflacionário. Neste momento, o que salva é caixa (e hoje nem papel moeda é possível)!

Quem tinha bonds, um investimento mais seguro também sofreu, se não aparece no seu extrato é porque não está contabilizado a mercado, mas por curiosidade pergunte a seu banco qual seria o preço se quisesse vender.

Os gráficos de resgate dos fundos dessa categoria nem precisam de meus comentários, tire suas próprias conclusões.


Olhando para o futuro, do ponto de vista econômico, as seguintes perguntas são crucias:

1)      Qual a severidade e velocidade da contaminação Covid -19?
2)      O impacto econômico das medidas implementadas pelos governos.
3)      A extensão e efetividade dos esforços para mitigar os estragos econômicos.

Resumindo: Quando vai parar o surto e como a economia vai se comportar no futuro.

Ninguém sabe responder essas perguntas e não adianta olhar o que aconteceu no passado, ficaremos convivendo com essas dúvidas. Mesmo assim, vale a pena ver algumas simulações e dados. No gráfico a seguir vejam a importância das pequenas empresas no emprego americano que deve ter similaridades em outros países (o que era um bom diversificador se mostra ruim nesse surto!)
Mediu size.

A ilustração a seguir aponta para o impacto no PIB de diversos países considerando 4 graus de intensidade da contaminação.


Não acredito que exista um colapso generalizado no curto prazo, o motivo é que todos os governos estão implantando programas fiscais gigantes para enfrentar a recessão instantânea. Num primeiro instante algumas empresas morrerão enquanto a grande maioria sobrevive. Naturalmente acredito que num tempo razoável (2 a 3 meses) todos poderemos sair as ruas e voltar a uma vida normal (ou quase).

Depois desse período, como os investidores irão se comportar? Mesmo sem saber essa resposta é razoável supor que parte das quedas de preços dos ativos sofrerá uma recuperação. E se for tudo bem, como essa minha ideia sugere, o resultado será que, as dívidas dos governos que já eram enormes, ficarão mais enormes ainda, sendo possível supor que o risco de inflação sobe.

Poderia continuar com esse raciocínio ou diversos outros, mas seria de nenhuma validade aos leitores, pois, não faria nenhuma alocação por conta disso.

Infelizmente o que posso dizer é que, teremos que viver numa grande incerteza daqui em diante, e sugiro reagir conforme as coisas evoluem. Em termos de portfólio, se você decidir vender suas posições, aconselho deixar em caixa, não recomendo comprar porque ficou barato – mesmo que isso se mostrar a coisa certa, espere uma melhor visualização. É preferível pagar mais caro com mais confiança.

No post we-are-closed, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ... “Depois de atingir a mínima de 0,3%, os juros estão num processo de recuperação, fugindo um pouco o ritual que prevalecia até então que indicava juros e bolsa americana para baixo. Em todo caso, acredito que se trata de uma correção em andamento” ...

O juro acabou traçando o caminho que sugeri embora eu resolvi sair da posição vendida em juros, antes de ser estopado no meu limite. Hoje a taxa se encontra em 0,92% e pode ser que ainda ocorra uma nova mínima, conforme explanado a seguir.

O objetivo desse movimento de queda seria o intervalo entre 0,3% - 0,1%. Depois disso, espera-se um movimento de reversão. Entretanto, caso os juros subam e ultrapassem 1,5%, algo diferente estaria acontecendo que vai merecer uma reanalise.

- David, por que então você saiu da posição?
O principal motivo é que naquele momento acreditei que meu stoploss seria atingido, além dos bonds estarem se comportando de forma “estranha” ao que seria esperado. O stoploss teria ocorrido pois a máxima foi de 1,3%.

Passado isso, prefiro não ter posições nesse momento, nada parece atrativo em termos de preços e movimentos.


O SP500 fechou a 2.304, com queda de 4,34%; o USDBRL a R$ 5,0627, com queda de 0,65%; o EURUSD a 1,0694, sem variação; e o ouro a U$ 1.497, com alta de 1,89%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Eu acho que quem ganha nessa crise é o investidor de longo prazo. Compra hoje o dobro ou triplo de ações que compraria em janeiro.

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    1. Olhando pela visão preço você tem razão. Acontece que a bolsa não vale mais o que valia, afinal, as empresas terão um resultado inferior ao que tinha sido projetado anteriormente.

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    2. Sim, com certeza. Mas daqui a 5, 6 anos está crise terá ficado pra trás.
      Eu tinha ações do setor elétrico, bancário e commoditties e meus preços médios são muito baixos, carrego a anos esses papéis.
      Tinha uma boa grana em selic. Nas últimas duas semanas fui transformando em ações. Comprei ações de empresas que considero muito boas mas que não investia por considerava muito caras: ferbasa, romi, weg. E aproveite pra comprar mais do setor bancário, apesar de ainda estarem acima de meu preço médio.
      Pra que está aposentado e depende de dividendos para viver ou complementar a renda, o momento é preocupante. Os lucros vão cair e deve demorar no mínimo 3 ou 4 anos pra voltar ao patamar pré crise.
      Mas pra o investidor que compra mensalmente como eu, visando longo prazo, estou comprando mais por menos.

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    3. Essa estrategia de comprar devagar é uma boa forma de mitigar o risco, escrevi sobre isso em um post passado. Quanto a situação atual, existe o temor de um descontrole geral das economias. Mas alguma ideias estão surgindo como a que comento no post de hoje -- O Ótimo é inimigo do bom __

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