Disputa entre gerações



Um artigo publicado pelo Wall Street Journal me deixou preocupado e pensativo com o choque entre gerações criado pelo Covid -19. O assunto é sobre a reação dos jovens em relação a seu enfrentamento do surto. Eu pensava que a atitude de menosprezar a gravidade era mais ligada aos jovens brasileiros, embora o presidente também não ajudou em nada ao participar das manifestações no último dia 15.

Cientistas e funcionários que lutam contra a epidemia de coronavírus dizem ter um problema: jovens despreocupados.

Quando as autoridades se mudaram para restringir as reuniões sociais na semana passada, bares e restaurantes de Nova York a Berlim se encheram de foliões, “festas de bloqueio” ilegais surgiram na França e na Bélgica, e os campus nos EUA se iluminaram para festas “ fim do mundo” nos dormitórios.

Até agora, a maioria dos pacientes jovens do Covid-19 apresentou sintomas leves ou inexistentes do vírus, enquanto os casos mais graves estão concentrados entre aqueles com 50 anos ou mais. Dados divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Saúde da Itália, atualmente o país mais atingido do mundo, mostram taxas de mortalidade começando em 0% para pacientes de 0 a 29 anos e chegando a atingir 19% em pessoas com mais de 90 anos.

No entanto, os cientistas dizem que os testes mostraram que crianças e adultos jovens não têm menos probabilidade do que os idosos de serem infectados e transmitir o vírus. Os epidemiologistas estão cada vez mais preocupados com o fato de que a contração milenar contra medidas de distanciamento social - e uma divisão geracional emergente sobre como a doença é percebida - poderia desfazer todos os esforços para diminuir a propagação do vírus e colocar as pessoas vulneráveis ​​em alto risco.

O presidente Trump, na segunda-feira, enfatizou que os jovens podem espalhar o vírus mesmo que tenham apenas sintomas leves e recomendou que os americanos evitassem restaurantes e reuniões de mais de dez pessoas. O presidente francês Emmanuel Macron foi mais longe, anunciando um bloqueio e punição em todo o país para aqueles que violarem as regras.
Depois que a Universidade de Princeton anunciou na semana passada que mudaria as instruções da sala de aula on-line em 19 de março e enviaria a maioria de seus alunos para casa, o campus viu uma explosão em reuniões e festas, de acordo com estudantes e funcionários.

Em toda a Europa, onde a vida social está se fechando mais rapidamente do que nos EUA, uma divisão está se espalhando entre os jovens, muitos dos quais dizem que não temem o vírus, e os mais velhos, incluindo políticos e cientistas, cujo alarme sobre a doença vem crescendo a cada dia.
Em Berlim, um hot spot europeu de discotecas, as autoridades ordenaram o fechamento de todos os bares e clubes no sábado. No entanto, muitos estabelecimentos ignoraram o decreto, forçando a polícia a fechar à força cerca de 63 estabelecimentos em toda a cidade.

Naquela noite, o bar do porão da Ernst, no elegante bairro de Kreuzberg, estava lotado de clientes desfrutando de música eletrônica alta. "Cuidado: Coronavírus" foi pulverizado em um banco perto da entrada.
Dentro do elegante bar de coquetéis Wagemut, uma jovem mulher fingiu espirrar no rosto de alguém, soltando risadas estrondosas.

No domingo, autoridades de saúde de Berlim disseram que 42 pessoas teriam se infectado em clubes de Berlim. Alguns deles estavam pulando em clubes, espalhando o vírus à medida que avançavam.

"Essa é a atitude das pessoas que fazem parte dessa vida noturna", disse Lutz Leichsenring, diretor da associação de proprietários de clubes de Berlim. "E daí? Você fica gripado, mas não vai morrer”.
Mong Kok, um movimentado centro comercial em Hong Kong, tem sido notavelmente mais movimentado do que nas semanas anteriores, com muitos jovens tentando retornar às suas rotinas de fim de semana antes do coronavírus. Apesar da multidão, muitos jovens ainda usam máscaras cirúrgicas e mantêm o desinfetante de mãos por perto, mesmo preso a mochilas.

Em uma noite recente na cidade Peel Street, uma rua repleta de bares e popular entre os expatriados, lotou centenas de jovens bebendo sem máscara. Uma banda tocava na metade inferior da rua, onde as pessoas ficavam lado a lado.

“Fiquei em casa por dois meses. Não vou mais ficar”, disse Ryan, 26 anos, que caminhava com seus amigos pela faixa principal da vizinha Lan Kwai Fong, uma série de ruas cheias de bares e discotecas. "A vida continua."

“Nós nos preocupamos”, disse Nicole, 25. “Mas, ou você se preocupa até a sua morte, ou se bebe até a morte.”

No Brasil parece haver uma atitude semelhante dos jovens. Neste final de semana vivi algo parecido. No último sábado, a festa de formatura de alunos da PUC não foi canelada. Minha enteada tinha comprado o convite e pretendia ir à festa mesmo com as insistentes conversa minhas e da minha esposa. As previsões eram de 8.000 pessoas, uma verdadeira farra para os coronavírus que entrariam de penetra.

Conseguimos convencê-la para que não fosse, ela comentou que convites comprados anteriormente por preços elevados estavam sendo vendidos com descontos pelas redes sociais. Eu fiz um prognóstico que iriam virar pó na linguagem de mercado. Para minha surpresa foram vendidos para outros jovens que aproveitaram a oportunidade de comprar “barato”.

Imaginava que era uma coisa de brasileiro, mas a reportagem acima, mostra que é uma atitude dessa geração.

Fiquei pensando quais seriam os motivos para tamanha irresponsabilidade: aproveitar o momento? Tendência de como eles se comportam atualmente. Danem-se os velhos, não é meu problema. Para mim é só um resfriado? Ou como dizia minha saudosa terapeuta, a força da morte agindo (força que leva as pessoas a fazerem coisas arriscadas encobertas por prazeres momentâneos).

Qualquer que seja o motivo, coloca a possível contenção do vírus em risco, pois provavelmente a quantidade de pessoas infectadas será muito superior ao que os modelos estáticos apontam. Talvez a única região que estaria a salvo é a China que elaborou um regime de quarentena muito rígido.
Não existe chance de obrigar pessoas a ficarem dentro de suas casas, a não ser que, o governo imponha algum tipo de contingência. Parece que precisa piorar mais antes de melhorar.

No post aceleração-dos-novos-tempos, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Acima de U$ 1.690, o movimento de alta deve ganhar tração, praticamente eliminando a possibilidade de quedas mais significativas; por outro lado, abaixo de U$ 1.350, o cenário baixista ganha folego; e entre esses dois intervalos tudo é possível” ...

... “Gostaria de lembrar os leitores que venho a um bom tempo alertando para a importância desse nível máximo atingido, pois poderia ser um ponto de reversão da alta com uma visão de mais longo prazo. Essa foi a principal razão que me abstive de sugerir um trade de compra” ...

Nos últimos dias o ouro iniciou um movimento descendente com força, atingindo a mínima de U$ 1.450, uma queda nada trivial de 17%.

Se o leitor morasse na lua estaria feliz sem a ameaça do coronavírus! Assumindo que não tivesse acesso ao mercado, mas somente as notícias, se perguntado a dar um palpite do preço do ouro, eu poderia apostar que diria um número bem superior. Se perguntado qual a chance de ter caído, sua reposta seria 0!

Mas o que pode ter acontecido para um resultado tão inesperado? Um ambiente deflacionário onde todos os ativos caem de preço conforme eu descrevi no post caixa-so-caixa.

Quando acontecem eventos como os desses últimos dias, a leitura dos gráficos muda de dimensão. Se observado numa janela mais elevada não se consegue enxergar nada. Somente numa janela mais curta é possível algo mais concreto, mas sujeito a mais erros de avaliação. Especificamente ao ouro, ainda não é possível descartar novas altas, embora o quadro se complicou bastante. Veja a seguir meus níveis e comentários.

A única coisa que se pode afirmar com uma certa segurança é que abaixo de U$ 1.350 a alta terminou, e caso isso aconteça vamos agir apropriadamente. Entre U$ 1.430 a U$ 1.350, praticamente se encaixa na visão acima, apenas precisaria da confirmação citada. Mas o pior acontece na faixa mais extensa, entre U$ 1.430 e U$ 1.700, onde vai depender de como o metal se comporta, sem nenhuma avaliação neste momento.

Mesmo supondo que o movimento de novas altas aconteça, a queda “machucou” e deve ter desanimado muita gente. Por enquanto os leitores do Mosca deveriam estar satisfeitos de não ter perdido dinheiro nesse ativo, escapamos!

O SP500 fechou a 2.529, com alta de 6%; o USDBRL a R$ 5,0071, com queda de 0,25%; o EURUSD a 1,0999, com queda de 1,58%; e o ouro a U$ 1.528, com alta de 0,95%.

Fique ligado!

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