Aceleração dos novos tempos



O mundo tem vivido nos últimos anos uma revolução tecnológica, talvez algo parecido com a revolução industrial ocorrida no século passado. Seria desnecessário eu enumerar os movimentos ocorridos, pois na sua maioria, já faz parte do dia a dia de todos nós.

A eclosão do CONVID 19, deverá acelerar esse processo mesmo que o retorno a normalidade ocorra daqui alguns meses. À medida que novos casos de infecção viral surgem nos EUA, muitas empresas começaram a preparar funcionários para trabalhar em casa - ou o que se tem chamado de "WFH". Algumas organizações, incluindo o Twitter, estão incentivando funcionários de todo o mundo a trabalharem em suas residências particulares até novo aviso. O JP Morgan iniciou um plano de contingência, programando que parte de seus funcionários trabalhem de casa, testando assim uma possível piora do surto.

Também é de se esperar que viagens de laser sejam canceladas, diminuição no fluxo aos shopping centers e ida ao cinema, além de diversas outras atividades cuja presença coloque em risco as pessoas. Desta forma, as compras de produtos e serviços deverão migrar ainda mais para a via digital. Como o dia continua tendo 24 horas, mais horas serão dispendidas em casas, elevando o gasto de serviços disponíveis na internet.

Esta situação me remete a lembrança do comentado 2k vírus. Na virada do século se imaginava que os softwares entrariam em pânico no final de 1999. Naquele momento eu estava no Deutsche Bank. O volume de recursos gastos na pesquisa dessa possibilidade, em sistemas alternativos de back ups, e incansáveis reuniões e viagens, foi enorme. O que acabou acontecendo, nada! Tudo funcionou normalmente. Porém como toda experiência intensa, ganhos foram obtidos na área de segurança, que não seriam disponíveis caso esse esforço não tivesse acontecido.

Eu acredito que todos esses experimentos causados pelo CONVID 19 terão como subproduto uma percepção pelas empresas e pessoas, que muito mais coisas podem ser feitas sem a presença física, sem que com isso, a rotina de trabalho seja alterada. Pelo contrário, chegarão à conclusão que é muito mais barato os funcionários trabalharem em casa.

Embora seja transparente para os leitores, o Mosca é produzido em locais diferentes sem que perca qualidade de análise, sem contar que, todos são em Home Office. Talvez o que acabou acontecendo, é que acabo trabalhando mais dessa forma, pois o tempo de deslocamento que ocorria antes, foi transformado em mais horas em frente da tela.

Hoje recebi pela manhã algumas informações dispares em relação a recuperação da atividade na China. Estou ficando com a sensação de que, no momento que esse país volte à normalidade ou próxima dela, o receio do CONVID 19 passa a ser menor. Ficando ainda em observação a sua evolução no resto do mundo.  Sobre esse assunto, um especialista em infectologia deu um número interessante sobre a evolução nos outros países. Ele calcula uma relação de 15 a 30 pessoas serão infectadas para cada 1 milhão de habitantes. No caso do Brasil seria entre 3.500 a 7.500 – vamos conferir.

De todas a informações que recebo, o consumo de energia na China deve permitir avaliar qual a proporção de retorno ao normal. Por esse gráfico a seguir, ainda parece bastante baixo.


Já uma outra fonte proveniente de um leitor, que mantem relações comerciais com a China, diz que o vírus deve ser eliminado no final deste mês. Em relação aos produtos que fabrica, pede instruções para o envio de pedidos que estavam pendentes.

Um movimento interessante que ocorre no mercado de bonds chineses, provocou uma bonança de títulos com instituições financeiras e empresas correndo para obter dívidas a juros baixos, segundo o Wall Street Journal.

Desde o início de fevereiro, mais de 150 empresas chinesas, incluindo fabricantes, companhias aéreas e promotores imobiliários, levantaram coletivamente mais de 237 bilhões de yuans (US $ 34 bilhões) com a venda dos chamados títulos de coronavírus, que dedicam uma parte de seus recursos à “prevenção e controle de epidemias” dentro do país.

O ritmo de emissão aumentou à medida que mais empresas descobriram que podem tomar emprestado dinheiro barato dessa maneira. As taxas médias de cupom dos novos títulos - que variam principalmente de 1,6% a 6% - em muitos casos foram inferiores aos rendimentos de dívidas pendentes comparáveis ​​dos mesmos emissores.

Os bancos estatais têm sido os principais compradores dos títulos do vírus, segundo observadores do mercado.

Em essência, a aceitação por parte dos credores estatais de taxas de juros mais baixas equivale a um subsídio para empresas chinesas, incluindo muitas delas privadas. A compra dos títulos permite que os bancos canalizem mais liquidez para as empresas que estão sofrendo com o declínio profundo das vendas, interrupções na cadeia de suprimentos e outras interrupções causadas pela epidemia do coronavírus. Apesar do rótulo, a maior parte dos recursos dos títulos de coronavírus, está sendo usada para refinanciar a dívida existente das empresas, o que as ajuda a evitar inadimplências.

Os títulos ante epidêmicos representaram cerca de 20% a 30% da emissão total de títulos não financeiros em yuan no mês de fevereiro, de acordo com um relatório de pesquisa da Hua Chuang Securities, uma corretora doméstica.

No início de fevereiro, quando a disseminação do vírus estava se acelerando na China, os reguladores financeiros do país disseram que facilitariam o caminho para as empresas afetadas emitirem títulos. Eles prometeram conceder aprovações mais rápidas e dar luz verde à emissão de mais dívidas corporativas.

Essa era outra preocupação do mercado com uma possível quebra de empresas causadas pela interrupção da produção. Mais uma boa notícia.

No post sem-leite-sem-vaca-sem-lucro, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “O ouro está agora muito próximo da última máxima ocorrida em janeiro último a U$ 1.610. Sendo assim, caso ultrapasse esse nível, um trade de compra poderia fazer sentido, com o primeiro objetivo em U$ 1.640, que se ultrapassado levaria o metal a U$ 1.700” ...

Como se observa no gráfico a seguir, o metal chegou muito próximo do segundo objetivo a U$ 1.688. Depois de atingir esse nível na última sexta-feira, recuou de forma abrupta atingindo U$ 1.565, deixando o pessoal que acredita na alta mais preocupado.

Gostaria de lembrar os leitores que venho a um bom tempo alertando para a importância desse nível máximo atingido, pois poderia ser um ponto de reversão da alta com uma visão de mais longo prazo. Essa foi a principal razão que me abstive de sugerir um trade de compra. Para desvendar se o ouro vai subir mais ou não, vamos observar os movimentos curtos. Mas antes disso, vejamos o quadro mais amplo.

Acima de U$ 1.690, o movimento de alta deve ganhar tração, praticamente eliminando a possibilidade de quedas mais significativas; por outro lado, abaixo de U$ 1.350, o cenário baixista ganha folego; e entre esses dois intervalos tudo é possível. Eu sei que é bastante amplo e de pouca utilidade no momento, a não ser que seja rompido para cima, onde se encontra mais próximo.

Um gráfico mais curto de 240 minutos, parece mostrar uma chance maior para romper para cima. Vejamos por quê.

O movimento em amarelo é claramente uma correção pois se deu em 3 ondas, em seguida – em azul, também foi formado até o momento 3 ondas. Acontece que, pode estar se formando um triangulo que deveria romper para cima, completando as 5 ondas, ou não, com uma queda. Sendo assim, ficamos de olho nos seguintes níveis: acima de U$ 1,651, ou abaixo de U$ 1.610, o que ocorrer antes, vai nos mais subsídios sobre a direção a ser seguida

Mais um detalhe, se for para cima, provavelmente vamos no engajar num trade de compra, e se for para baixo, não teria nenhuma sugestão no momento.

Mais uma vez a análise técnica nos coloca numa situação mais confortável que a análise fundamentalista. Podemos nos dar ao luxo de optar na compra ou na venda, sem o menor constrangimento de não ter nenhuma opinião fundamentalista formada.

Tenho visto a grande maioria dos analistas recomendando a compra de ouro. Em função disso, as posições nesse sentido se encontram muito elevadas, conforme ilustração a seguir. Isso por si só seria um fator baixista.

Já a queda de juros que vem se intensificando pode ser interpretada de duas formas: com um viés altista deveria atrair investidores insatisfeitos com o rendimento, do outro lado, o motivo da queda foi originado pela crença que a economia deverá se desacelerar fazendo com que ativos de maneira geral tenham queda.

Se você embarcar no argumento fundamentalista, deveria escolher um argumento e se posicionar, enquanto nós usamos o movimento do mercado para tanto, sem um viés pré estabelecido.

O SP500 fechou a 3.130, com alta de 4,22%; o USDBRL a R$ 4,5847, com alta de 1,56%; o EURUSD a 1,1136, com queda de 0,39%; e o ouro a U$ 1.635, sem variação.

Fique ligado!

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