Comprar ou vender?



Estamos todos ainda muito impactados pelo surto do coronavírus. Ninguém sabe como isso terminará, nem qual o seu impacto nos ativos. Para quem usa análise técnica, as observações do mercado passam a guiar nossos passos, e em função dela, se pode imaginar quais os impactos na economia real.

O Mosca está próximo de atingir uma nova marca histórica, afinal, o número de vistas não pode diminuir como nos mercados. Sabemos que o principal interesse dos leitores é com o bolso. 

Passei o final de semana analisando os vários mercados e me senti confortável com as minhas previsões e movimentações. Os níveis apontados como perigosos acabaram se tornado os pontos de inflexão, não tendo assim, comprometido a performance. Ao contrário, ainda aproveitamos da última alta – esse comentário visa o SP500 e Ibovespa.

Antes de iniciar a cobertura técnica de hoje, vou transcrever parte de um relatório da Gavekal, empresa que realmente agrega valor em suas análises. Nesse último ensaio busca responder algumas macros perguntas:

O que o Fed fará agora? Qualquer pessoa que apostar no lógico, apostaria que o Fed reduzirá as taxas de juros em um futuro próximo. Essa propensão a cortar as taxas podem ser reforçadas pela política dos EUA. Enquanto o Fed sempre tenta ficar acima da briga da política partidária. Não parece impossível que a provável decisão dos democratas de nomear Bernie Sanders como seu candidato para a presidência dos EUA, pode distorcer o pensamento do Fed? Sanders. Ele não esconde sua intenção de derrubar os próprios fundamentos do atual sistema econômico dos EUA. Portanto, parece provável que o Fed possa não quer ser responsabilizado por facilitar seu caminho para o poder, permitindo um crash da bolsa.

O mercado já dá como praticamente certo o corte de 50 pontos na proximal reunião de março. Tem analista que acredita será antes ainda desse prazo, em reunião extraordinária.
O que o governo dos EUA fará agora? Aqui, a imagem se torna mais obscura. Para começar, a política fiscal dos EUA já é extremamente estimulante com déficits orçamentários superiores a US $ 1,3 trilhão. Segundo, Washington está profundamente dividido, talvez mais do que nunca. Finalmente, aumentando maciçamente déficits orçamentários nove meses antes de uma eleição, pode ser um desafio para o tecnocratas mais talentosos, mesmo nos melhores tempos. E não é óbvio que Donald Trump compreende o mais realizado tecnocratas.

O que outros governos farão agora? Aqui, a imagem parece mais clara do que nos EUA. Eles vão gastar ainda mais dinheiro que não têm. Este será o caso no Reino Unido, na zona do euro, no Japão, na China, e em Hong Kong (embora quase exclusivamente, Hong Kong tenha o dinheiro e muito mais). Como resultado, comparado a 2018, no mundo inteiro, o quadro relativo do estímulo fiscal será invertido. Em 2018, o EUA foram a única grande economia a pisar no acelerador fiscal, os cortes de impostos de Trump ajudaram devidamente a desencadear um período de crescimento, e mercado com um desempenho superior nos EUA. Passados dois anos e parece provável que o sapato agora estará no outro pé. Com isso em mente, é interessante notar que as ações chinesas listadas em Shenzhen e Hong Kong são os dois únicos mercados acionários que apresentaram retornos positivos para os investidores este mês. Os mercados acionários já poderiam estar sentindo a mudança fiscal relativa?

O que o dólar americano fará agora? Em um mundo em que o Fed corta taxas de juros e nas quais o impulso fiscal relativo muda dos EUA para o resto do mundo, por que os investidores esperam que o dólar suba? Aqui, é interessante notar que, apesar da grande movimentação em ativos de risco global, nos últimos dias o dólar americano não conseguiu subir, e caiu. Mais uma vez, a história é bastante consistente: em três das quatro quedas semanais de -10% no S&P 500 desde 1945, o dólar caiu significativamente nas semanas seguintes. A exceção foi em abril de 2000, quando o Fed continuou a subir os juros.

Hoje pela manhã, em uma ação coordenada, diversos bancos centrais do mundo indicaram que irão baixar os juros, pois, como uma contração econômica é certa no primeiro trimestre - no mínimo, essa ação é compreensível. Em função disso, as bolsas subiram ao redor do mundo.

Participei de vários call de bancos sobre esse tema, tem alguns que já estão no Coronavírus 19 - II. A principal conclusão que se pode tirar é que existe muita incerteza em relação ao impacto desse choque endógeno na economia mundial, embora não percebi uma preocupação maior que virasse uma pandemia, pois os casos na China estão retrocedendo.

Como a preocupação maior é agora no exterior, e como o gráfico abaixo indica, provavelmente em existindo um retrocesso, a bolsas deveriam ter uma recuperação da queda ocorrida na semana passada. Em relação a esse acontecimento eu ressalto que o principal não foi a magnitude mais sim a velocidade em que ocorreu, isso foi o que realmente assustou.
No post incomodado, fiz as seguintes comentários sobre o SP500:  ... “um nível importante se aproxima. No gráfico com janela de 1 hora aponto um potencial nível onde poderá ocorrer o final de um ciclo de alta de curto prazo” ... Naquele momento, eu tinha liquidado a posição na semana anterior, e aguardava maiores indicações se um topo havia ocorrido.


Desde o começo do ano, o Mosca frisou que existia 2 cenários possíveis para o SP500: a formação de um triangulo ou a continuidade do movimento. Confesso que já havia abandonado a primeira hipótese pela forma como a bolsa subia. Mas minha própria atitude de liquidar a posição, mostrava que estava receoso no nível ao redor de 3.390.

Em concordância com o cenário acima, a cada momento que ocorria uma correção, eu demarcava a partir de qual nível poderíamos estar entrando numa correção média ou grande.

Como a queda ocorrida recentemente, o cenário do triangulo passa a ser o favorito a partir daqui. Isso tem grandes implicações: primeira que novas máximas somente no próximo ano; segundo o mercado vai ficar bem mais difícil de operar, acabou a moleza do início do ano que bastava comprar é tirar férias.

Voltando as previsões feitas no final do ano passado, no post meio-gráfico-basta, publiquei o gráfico a seguir do cenário “Triangulo maldito”. Notem que a bolsa seguiu com uma certa acuidade esse gráfico.

O que podemos esperar no curto prazo? Acredito que a mínima atingida na última sexta-feira, possa ter sido a primeira parte da queda, hoje estaríamos entrando no movimento intermediário. Nessa alta, espero que atinja entre 3.200 – 3.280. Sendo assim, vou procurar estabelecer um trade de venda, buscando se beneficiar de uma queda até o nível entre 2.750 – 2.550. A partir daí, efetuaríamos numa posição inversa de compra.


- David, Hahaha ... legal o teu esqueminha de compra e venda, só não sei com quem você poderia combinar esse malabarismo!
Estava sumido, também com tanta volatilidade é provável que você estivesse meio tonto! Hahaha ... Também não saberia com quem combinar, pois tem posição para todo gosto: quem acredita que vai ser uma derrocada; bem como com aqueles que acreditam em novas máximas.

Ao analisar o que ocorreu na semana passada, fico satisfeito de usar a análise técnica como ferramenta. Como eu estaria hoje se não fosse assim? Ou muito preocupado caso estivesse otimista com a bolsa, ou me vangloriando ao dizer aos amigos “eu avisei!”, isso claro, se não tivesse vendido a descoberto, e o prejuízo acumulado um pouco menor. E como me posicionaria daqui em diante, compraria mais no primeiro caso, ou venderia mais no segundo?

Se por acaso o Mosca estiver certo, em ambos os casos esses investidores perderão dinheiro, naturalmente em momento distintos. Como dizia um ex-sócio, essa seria a situação onde o comprado e vendido perdem dinheiro.

O SP500 fechou a 3.090, com alta de 4,6% (acabou o coronavírus! Hahaha ...); o USDBRL a R$ 4,4718, sem variação; o EURUSD a 1,1126, com alta de 0,93%; e o ouro a U$ 1.587, com alta de 0,19%.

Fique ligado!

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