A última bolha
Vocês não devem acreditar no título deste post. Nunca se pode
afirmar que uma bolha é a última, faz parte do ser humano sempre criar novas,
pois é a ganância que as impulsiona e isso nunca acabará. Reconheço que usei esse chamariz para chamar a sua atenção sobre um relatório que
apresenta as ameaças do momento. Marketing! Hahaha ...
Tad Rivelle, responsável pela área de investimentos da TCW,
que administra US$ 195 bilhões, observa que o excesso de alavancagem das
empresas a níveis superiores aos atingidos em 2008, é um sinal para que os
investidores estejam preparados para o final do ciclo de crédito.
Os números não podem ser contestados, somente em setembro
foram emitidos mais de US$ 1,0 trilhão, pelo quinto mês consecutivo.
Uma medida muito comum para se medir o grau de alavancagem,
é o quociente entre as dívidas e os lucros antes dos impostos e
amortizações – Debt/EBITDA. O gráfico a seguir mostra essa relação no tempo
para as empresas que compõe o SP500.
Rivelle culpa os bancos centrais por incentivar a bolha de
ativos, que estaria na fronteira do colapso, uma vez que, a dívida cresce mais
rápido que a capacidade das empresas em gerar lucros para pagá-las: ...”
recomendamos evitar esses ativos que irão sofrer no próximo período de
desalavacagem, poderemos recomprá-los pela metade de seus preços no futuro” ...
O seu principal argumento é que crescimento não é uma função
de preços de ativos mais elevados.
O gráfico a seguir auxilia no entendimento do conceito acima,
a linha azul acumula os valores dos ativos (ações, bonds e imóveis) detidos
pelos indivíduos, comparados com o PIB também acumulado.
Esse gráfico revela algo extraordinário: No curso dos
últimos 25 anos, o ciclo tradicional dos negócios foi substituído por ciclos de
preços de ativos. Ao invés de deixar a recessão fazer o seu trabalho de “limpeza”,
necessária para que um novo ciclo recomece, os bancos centrais se moveram imediatamente
para fornecer a morfina monetária a fim de evitar essa dor. O raciocínio que
eles imaginavam, era de que: com juros zero promovem uma busca por retornos; com a queda dos juros diminuem as taxas de capitalização para várias classes de
ativos; que por sua vez elevam os preços desses ativos. Assim cria-se o aumento
do efeito riqueza – possibilidade de maior consumo e investimento oriundos
dessa valorização - “salvando” a economia.
Entretanto não parece que foi isso que aconteceu, pois
depois de 9 anos quase sem juros, o crescimento econômico é pífio, o setor
corporativo está numa recessão de lucros, e a evolução da produtividade é
negativa.
O estímulo artificial para criação de crédito implica que na
margem, empresas deficitárias estão sendo abastecidas com recursos, quando na
verdade deveriam ser fechadas. Esse excesso de crédito cria inúmeras distorções
além dessas, pois mesmo empresas que não precisam de caixa emitem títulos para,
por exemplo, recomprar suas ações, aumentando seus dividendos por ação sem que
aumentem seus lucros.
A tabela a seguir é instrutiva, veja como as condições
econômicas são semelhantes entre 2009 e hoje. A diferença está no endividamento
das empresas IG – ivestment grade, o
juro praticado pelo FED, e o seu balanço.
Esses resultados induzem que estamos vivendo atualmente, a
maior bolha dos últimos anos, ocasionadas pelos bancos centrais onde se pode
observar distorções em diversos mercados, como a que comentamos no post de ontem,
através das medidas implementadas pelo BOJ.
Eu fiz uma apresentação em 2012 no IFC – Instituto de
Formação de Líderes, cujo tema foi No mundo das bolhas. Neste estudo identifiquei
algumas características que as bolhas têm em comum. Porém, mesmo que estas
condições se verifiquem, nunca se sabe de antemão, se é ou não uma bolha. Veja
as seguir essas características.
Parece que a situação atual se enquadra em todos os itens!
André
Jacurski, um grande trader brasileiro, fez a seguinte declaração numa
apresentação na PUC do Rio de janeiro recentemente: ...”o mundo hoje está mais
para você ter posições táticas do que permanentes. Posição permanente é aquela que você investe
com horizonte de longo prazo. Tático é aquilo que você está disposto a mudar de
ideia a qualquer momento” ...
Vários ativos que o Mosca
cobre estão se aproximando de níveis que poderiam sugerir alguma ação: USDBRL; Bovespa; SP500; e Ouro. Porém não existe confirmação. Pensei até em
postar um deles, mas deixaria de forma implícita uma alteração em meus planos. Resolvi não fazer ainda, pois o ambiente é de
tanta indefinição, que poderia ser levado daqui alguns dias a rever mais uma vez a
posição. Optei por esperar uma confirmação efetiva para
postar.
Veja a seguir os pontos de interesse, caso esses níveis
sejam ultrapassados:
USDBRL: < R$ 3,15
Bovespa: > 61.000
SP500: > 2.200
Ouro > US$ 1.375
Como estou “proibido” de comentar a maioria dos ativos que
cubro, sobrou o euro!
Hahaha .... No post super-Mario, fiz os seguintes comentários sobre a
moeda única: ...”se
a moeda única romper esse nível, as chances de atacar novamente o intervalo
superior entre 1,145/1,16 aumentam bastante, mas não vou propor nenhum trade.
Pode tranquilamente reverter e voltar a cair. Ficamos de observadores” ...
Para dizer a verdade, procurei mais de uma vez se eu não
tinha publicado nada neste meio tempo, pois o euro estava ameaçando cair desde
essa postagem – veja a marcação. Como podem notar o euro vem mantendo
suas características desses últimos tempos, até arrumei um apelido "o sem rumo". Mas os operadores dessa
moeda não devem ficar tristes, isso vai acabar algum dia e ela dará muitas
alegrias. Mas por enquanto fique fora.
Vou repetir o gráfico e as observações do post acima que
permanecem válidas: ...
“em ultrapassando 1,1370, o euro deveria testar a região entre 1,155 – 1,16 e
daí em diante movimentos mais intensos deverão acontecer. A baixa teria a seu
favor o fato de, na formação de triângulo, 2/3 tendem a seguir o movimento
imediatamente anterior, que nesse caso é de queda” ...
A Vantagem do euro atualmente para o analista técnico, é que
não dá muito trabalho de análise, basta fazer past copy! Hahaha ...
O SP500 fechou a 2.177, com alta de 0,65%; o USDBRL a R$ 3,2235, com alta de 0,56%; o EURUSD a 1,1201, com alta de 0,14%; e o ouro a US$ 1.337, sem variação.
Fique ligado!
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