Tudo japonês
Hoje é feriado nos EUA, e em situações como essa os mercados
ficam em compasso de espera. Enquanto isso, na Ásia o grupo do G-20 tenta
chegar a algum acordo de como incentivar o crescimento global. Como de costume,
e ainda agravado pelo momento atual onde todos os países buscam esse objetivo,
pouco se pode esperar. Nosso presidente, Michel Temer, aproveitou a conclusão
do processo de impeachment para “trocar cartões” com esse grupo seleto,
enfatizando que o Brasil está sob nova direção e que os investimentos
estrangeiros são bem-vindos.
Nos noticiários do final de semana, destacou-se que Temer em
conversa com o presidente Chinês apresentou oportunidades de investimentos da
ordem de US$ 270 bilhões, num cardápio bem diversificado de projetos de
infraestrutura. Acredito que esse momento é ideal para os chineses que não gostam
de enfrentar concorrência. Nessas situações conseguem obter vantagens para seu
país. Esperemos pelos resultados.
Os economistas têm buscado ultimamente, explicações dos
motivos de tão baixo crescimento atualmente no mundo. Um trabalho feito pelo
banco Suíço UBS, busca associar esse fenômeno à mudança demográfica, e assim
acredita que o que vem acontecendo no Japão é uma avant première do que vai
ocorrer nos outros países. O gráfico a seguir mostra que muitas das maiores
economias do mundo estão começando a seguir na mesma direção.
O receio de muitos na comunidade econômica é de que as
tendências demográficas, que acontecem ao redor do mundo, vão levar muitas das
maiores potências econômicas a sofrer o mesmo destino que o Japão.
... "A 'japonização' da economia global, marcada pela
transição para o baixo crescimento e baixa inflação, começou a atrair a atenção
dos investidores como um fenômeno nos últimos anos. A economia japonesa tem
produzido quase nenhum crescimento nominal do PIB ao longo dos últimos 20 anos.
Mudanças demográficas podem ser responsabilizadas por desencadear este
acontecimento, e muitas nações desenvolvidas poderiam seguir o mesmo padrão
demográfico como a do Japão desde a década de 1990” ...
... "A diferença do PIB permanece negativa em muitos
países, apesar da política monetária acomodatícia, e dificilmente alguma das
nações desenvolvidas atingiram uma taxa de inflação de 2%. As taxas de
crescimento potenciais, de acordo com dados da OCDE, são consideravelmente mais
baixas do que na década de 1990” ...
... "Embora haja exemplos de países como a Alemanha,
que obtiveram crescimento incentivando as exportações e reforma dos mercados
laborais, mesmo com uma população caindo” ...
... "Uma melhora das taxas de produtividade e de
participação na força de trabalho, capaz de compensar o declínio da população ativa,
deve ser suficiente para manter a taxa de crescimento potencial, pelo menos do
lado da oferta. No entanto, achamos que o colapso da bolha em 1991 tem sido uma
das principais razões para que o crescimento do Japão tenha se mantido
consistentemente fraco ao longo das últimas duas décadas ou mais, em cima de
problemas estruturais decorrentes da demografia” ...
Essa é uma hipótese que não é conclusiva, haja visto sua
constatação à longo prazo, além de não existirem ações que possam ser efetivas.
Como se poderia incentivar as famílias a terem mais filhos? O caso mais
conhecido recentemente foi adotado pela China, para evitar que sua população
tivesse mais de um filho, penalizando essas famílias.
A verdade é que, passa-se muito tempo buscando justificar os
baixos crescimentos, porém poucos resultados são visíveis atualmente, e o
modelo capitalista não funciona bem nesse contexto.
No post eu-avisei, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ...”
até que o nível de R$ 3,30/3,35 seja rompido, o mercado é de baixa. Se romper,
aí poderemos ter uma visão se é uma reversão mais importante com mudança de
rumo, alta do dólar, ou uma correção mais complexa. Aguente firme, pode até ser
que ainda haja uma oportunidade de venda de dólar” ...
Ao contrário das expectativas dos analistas, que esperavam
uma enxurrada de dólares no momento em que o impeachment fosse sacramentado, o
dólar permaneceu bem-comportado, quase não sofrendo oscilação, como se pode ver
na área destacada em amarelo. Mantenho a mesma recomendação citada acima, e
conforme os dias passam, o dólar se aproxima da linha rosa, e é lá que o
mercado terá que decidir se volta a cair, ou estamos entrando num novo
movimento de alta do dólar.
O USDBRL fechou a R$ 3,2820, com alta de 0,90%; o EURUSD a 1,1144, com queda de 0,10%; e o ouro a US$ 1.326, sem variação.
Fique ligado!
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