De volta #OURO #GOLD #EURUSD

 


O Mosca está de volta à rotina diária, e os mercados, como sempre, não param de conspirar contra a tranquilidade. Acompanhei de forma superficial as oscilações recentes e percebi que, se eu estivesse mais atento, oportunidades teriam surgido na bolsa americana, no ouro e, quiçá, no dólar. Mas o ex post é um juiz impiedoso: é fácil afirmar agora que "eu disse que ia subir ou cair". O verdadeiro teste é no calor do momento, quando a incerteza devora qualquer certeza. Aprendi, ao longo de anos perseguindo esses fluxos voláteis, que nunca há uma última chance – o mercado é um organismo vivo, sempre pronto para reinventar suas armadilhas.

Nas últimas duas semanas, o cenário macroeconômico se cristalizou em torno da expectativa de que o Federal Reserve cortaria as taxas de juros. Analistas mais otimistas sonhavam com um corte de 50 pontos-base, uma jogada ousada que injetaria mais oxigênio na economia. Não aconteceu. O comitê optou por um modesto recuo de 25 pontos, deixando a taxa federal de fundos na faixa de 4% a 4,25%. Essa decisão, tomada por 11 votos a 1 no Comitê de Mercado Aberto Federal (Fomc), ecoou como um recado sutil, mas firme, ao presidente Donald Trump e sua insistência por medidas mais drásticas.

O dissidente solitário foi Stephen Miran, o recém-empossado governador do Fed, que assumiu o cargo em licença temporária da presidência do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca. Sua preferência por um corte maior de 50 pontos não era segredo – ele representa a ala mais agressiva, alinhada às pressões políticas por uma flexibilização rápida. Mas a unanimidade quase absoluta, com exceções mínimas, grita independência. É um sinal para Trump: o Fed não se curvará a caprichos eleitorais. Até a saída de Jerome Powell da presidência em maio de 2026, a autoridade monetária prosseguirá em sua linha pragmática, guiada por dados, não por decretos.


Na seção de perguntas e respostas da coletiva, Powell destilou o dilema em poucas palavras: o mercado de trabalho mostra sinais de enfraquecimento, nada catastrófico, mas com contratações em ritmo abaixo do necessário para estabilizar o desemprego. A inflação, por sua vez, persiste elevada, alimentada pelas tarifas de importação que as empresas repassam aos consumidores. O termômetro, para o futuro, é o emprego: se piorar, mais cortes; se estabilizar, pausas. Mas e se a inflação reacender? Aí reside o enigma que o Fed enfrenta, um equilíbrio precário entre os pilares duplos de seu mandato.

Essa reunião não foi apenas técnica; foi um teatro político disfarçado de economia. Trump, em sua cruzada para domar o banco central, acelerou a confirmação de Miran no Senado e travou uma batalha judicial para demitir a governadora Lisa Cook, sob alegações infundadas de fraude hipotecária. Cook, cuja participação só foi garantida por uma decisão judicial na véspera, votou com a maioria. Miran, por outro lado, isolado em sua dissidência, destacou a coesão do comitê. Economistas como David Bianco, do DWS Group, viram nisso uma "solidariedade em decisão dura", mas com um antagonista na sala – uma metáfora perfeita para o embate entre autonomia e interferência.


Olhando para o panorama mais amplo, o corte de 25 pontos veio após meses de estagnação nas taxas, desde dezembro, em meio a preocupações com inflação tarifária. Powell enfatizou que a demanda por mão de obra amoleceu, e o ritmo de criação de empregos caiu abaixo do ponto de equilíbrio para manter o desemprego constante – agora em 4,3%, o mais alto em quase quatro anos. Dados de agosto confirmam: contratações desaceleraram, mas a inflação pelo índice preferido do Fed subiu 2,6% no ano até julho, com projeções de alta em agosto. As tarifas, embora com impacto mais moderado do que o temido, ainda pairam como uma ameaça persistente, podendo transformar um choque pontual em problema crônico.

Projeções atualizadas revelam otimismo cauteloso: crescimento ligeiramente revisto para cima em 2026, mas inflação modestamente maior no próximo ano. O comitê agora prevê dois cortes adicionais de 25 pontos em 2025 – um a mais que em junho –, seguidos de um em 2026 e outro em 2027. No extremo, um oficial aposta em 125 pontos de redução até dezembro; outro, em manutenção das taxas. Essa dispersão, como nota Aditya Bhave, do BofA Securities, sinaliza que vozes hawkish ganharão força à medida que as taxas caírem, pois, a névoa inflacionária não se dissipa.

John Authers, em sua newsletter, captura o essencial com a analogia do "cão que não latiu" de Sherlock Holmes: a ausência de dissidências é o mistério mais revelador dessa reunião excêntrica. Mercados mal se mexeram – ações e juros de dois anos estáveis, dólar e juros de 10 anos ligeiramente mais altos, um clássico "corte hawkish". Powell, em Jackson Hole em agosto, já sinalizara ajustes, mas reiterou: "reunião a reunião", sem garantias. É uma administração de risco, não o início de uma campanha dovish como em recessões passadas.


Para o que vem pela frente, três fronts importam: dados de desemprego e inflação, que ditarão o próximo passo; a sucessão de Powell, com a Casa Branca caçando substitutos; e o destino de Cook, cujo caso testa os limites da independência fed. Trump quer mais controle, mas o comitê, com 19 participantes (12 votantes rotativos), exige persuasão ampla. Miran, apesar de sua proximidade com o presidente, falhou nisso – um alívio para Powell, que vê na unidade uma âncora contra o caos.

Essa reunião reforça o que aprendi em salas de trading lotadas: economia não é ciência exata, mas arte de navegar tormentas. Powell, em seus meses finais, rala para unir um comitê dividido, admitindo: "É desafiador saber o que fazer; não há caminhos sem risco". Concordo. Com inflação subindo e emprego escorregando, o Fed caminha em corda bamba.

Em resumo, o corte de 25 pontos é um passo mesurado em meio a ventos cruzados. Unanimidade quase total grita resiliência institucional; a dissidência de Miran, irrelevância política. Projeções dovish, mas com freios hawkish, pintam 2025 como ano de vigilância. Na minha experiência, de crises passadas a rotinas atuais, o segredo é o equilíbrio: audácia sem imprudência, uma postura agnóstica. O mercado, como a vida, premia quem dança com o imprevisível, não quem foge dele.


Análise Técnica

No post “o mercado sempre quer mais” analisei o ouro e o euro. Vou começar pelo ouro: “O gráfico de curto prazo mostra um círculo laranja que inspira pouca confiança. Se ultrapassar os US$ 3.447, poderá acelerar até ~US$ 3.600 — o que significaria um ganho de cerca de 6%. Mas como estarei fora, seria difícil administrar essa posição”.


O ouro acabou rompendo o nível de U$ 3.447 e caminha ao objetivo recalculado de U$ 3.825 (+4 %). Tenho grande convicção que teríamos pegado essa alta, fica para a próxima. Se minha contagem estiver certa, ao terminar a onda (5) vermelha em conjunto com a onda 3 amarela, um período mais longo de baixa deve levar o metal para algo entre U$ 3.200 / U$ 2.870.

- Opa David, senti sua falta! Hahaha. Vamos entrar na venda?

Muito provavelmente não por motivos que já expliquei – vender observando uma janela menor de um mercado cuja janela maior é de alta, porém, não fecho questão.

Vocês repararam como o ouro virou coqueluche nos últimos dias? Ninguém mais está falando do bitcoin. O mercado é assim mesmo, daqui a pouco o interesse se reverte.


Em relação ao euro meus comentários foram: “o movimento ainda é tímido demais para validar uma retomada da tendência de baixa. A possibilidade de queda permanece viva, mas cada vez mais no fio da navalha. A decisão deve ficar para depois da minha volta. Se subir, deve encontrar resistência nos € 1,20; se cair e completar a onda (1) vermelha, aí sim uma oportunidade de venda poderá surgir na correção da onda (2)”


O euro acabou extinguindo a minha opção de queda no curto prazo deixando aberto os cenários de longo prazo. Para que entendam melhor meu ponto de vista o gráfico abaixo tem janela mensal, nele se observa que existe uma resistência nos níveis atuais.

No caso de alta a região em salmão que seria entre € 1,227 / € 1,253 deveria se suplantada. No caso de queda (o que considero um pouco mais provável) o euro deveria rumar para o nível de € 0,948 / € 0,920.


Como não operamos com gráficos mensais essas considerações são apenas limitantes, no curto prazo só resta acompanhar para se ter mais pistas.

O S&P 500 fechou a 6.631, com alta de 0,48%; o USDBRL a R$ 5,3187, com alta de 0,26%; o EURUSD a € 1,1781, com queda de 0,27%; e o ouro a US$ 3.645, com queda de 0,38%.

Fique ligado!

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