Os juros cairão pelo motivo certo
Antes de abordar sobre o assunto de juros no Brasil, queria
lembrar que esta é a semana onde se publica os dados de emprego nos USA. Como é
de costume também, é na quarta-feira que antecede esta data que, a ADP publica
um dado que funciona como uma previa do oficial.
Por essa métrica foram criados 154 mil empregos, um pouco
abaixo dos 165 mil previstos pelos economistas. O gráfico a seguir mostra a
evolução desse resultado comparado como NFP – Non Farm Payroll. Os detalhes apontam para criaçãopositiva de
empregos no setor de serviços com uma continua perda de empregos do setor de
manufatura.
Embora o mandato do FED tem como objetivo o emprego e a
inflação, nesse momento acredito que o último é de maior interesse da
autoridade monetária, haja visto que, o primeiro encontra-se muito próximo do
que se denomina em economia de pleno emprego.
A inflação está saindo da zona de deflação, que permanecia como uma grande ameaça, para buscar, e até ultrapassar, o objetivo de 2% a.a. traçado pelo FED. O gráfico a seguir, elaborado pelo Deutsche Bank, parece apontar para uma inflação crescente sob ótica de vários indicadores.
A inflação está saindo da zona de deflação, que permanecia como uma grande ameaça, para buscar, e até ultrapassar, o objetivo de 2% a.a. traçado pelo FED. O gráfico a seguir, elaborado pelo Deutsche Bank, parece apontar para uma inflação crescente sob ótica de vários indicadores.
Os mercados precificam uma alta de juros para dezembro com uma
probabilidade de 60%, o maior nível desde que o FED anunciou seu ciclo de
normalização. A não ser que algo fora do controle aconteça, a chance de não haver uma elevação até dezembro é muito baixa. Na reunião de novembro é pouco provável, em função da eleição.
Eu frisei inúmeras vezes que o nível de taxa de juros, não
pode ser simplesmente baseado em argumentos qualitativos, está muito alta
ou muito baixo. Hoje em dia, sofisticados modelos econométricos são usados para
estimar a inflação futura. Uma das variáveis que são imputadas no modelo é a
expectativa futura de inflação, projetada tanto pelo BC como pelo mercado.
Com a nova equipe comandada por Ilan Goldfajn não esperem
declarações nem “dicas” do que ele pretende fazer, sugiro analisar o relatório
de inflação, as atas, e acompanhar os dados. E é por estas razões, que o
mercado começou a precificar um corte de juros já na próxima reunião do COPOM
em outubro.
Se fosse só pela atividade econômica os juros já teriam
caído, assim, essa varável só reforça o movimento de queda, sem liderar. O que realmente indica a futura baixa são três
motivos básicos: queda do preço dos alimentos mais forte do que se esperava,
além da reversão de alta dos preços livres, que agora aponta para baixo (vide
gráfico a seguir); possibilidade concreta de aprovação das medidas de contenção de gastos proposta pelo governo; e queda na expectativa de inflação para 2017,
situando-se em 4,9% a.a.
- David, vamos nessa,
por que não comprar papéis de taxa fixa?
Hahaha ..., acho que você teve a ideia um pouco tarde, uma
vez que, o Mosca não cobre o mercado
de juros locais. Mas já que você lançou a ideia, o mercado precifica um corte
de aproximadamente 350 pontos para o final de 2017, ou seja, uma taxa SELIC de
10,75% a.a. Assim uma boa parte da queda já está contabilizada, restaria saber em
que nível o BC terminará esse ciclo de queda de juros. Pode ser abaixo desse
nível? Tranquilamente, afinal o nível dos juros aqui no Brasil é cavalar.
Na reunião de hoje na Rosenberg, o economista Luis Paulo Rosenberg
disse acreditar que a queda é maior que a precificada pelo mercado. Acredita
que se pode esperar taxas de um dígito. Eu o conheço a mais de 30 anos, e nessa
convivência identifiquei que na grande maioria das vezes ele sempre advoga que
o juro tem que cair. Não sei dizer qual seria o motivo, e ao lhe perguntar, sempre
dá uma resposta lógica “o nível no Brasil sempre foi absurdo”. Desconfio que
pode ser outro motivo, mas esse é um assunto dele com sua analista! Hahaha ....
Atualmente, se a situação melhorar da forma que as pessoas estão vislumbrando,
a queda poderá ser maior que a espelhada nos mercados.
Vou tratar dos juros de 10 anos. No post existe-inflação-boa, fiz a seguinte proposta de trade:
...” sugiro um trade de compra de juros, caso o nível
de 1,45% a.a. – fechamento em NY, seja atingindo, com stop a 1,60% a.a” ...
Esse é mais um caso instrutivo quando o mercado não atingi um determinado nível. Nada se deve fazer. Vocês notaram que em algumas situações,
o nível proposto é pior, em termos de preço, que o nível na hora da
recomendação. Porém não deve ser motivo de impedimento, nem tampouco
lamentação. O gráfico a seguir apresenta mais em detalhes o que acabou ocorrendo
após a recomendação sugerida no post.
A região grifada em rosa foi onde houve a reversão do
mercado, a taxa chegou na mínima de 1,54%, fechando o dia em 1,61%. Desta
forma, não atendeu a recomendação do trade que sugeri. Em seguida os
juros continuaram subindo, e agora encontram-se a 1,72%.
Vejam que minha recomendação vai passar de apostar na queda
dos juros para a alta, sem que eu fique vermelho!
Se as taxas subirem acima de 1,75% eu projeto um primeiro
objetivo de 1,80% / 1,85% e se superado 1,95%/ 2,00%.
- David, quero ver se
é assim que pensa, propõe então um trade!
Poderia sem problemas, se alguém quiser pode se envolver
caso o fechamento de NY seja superior a 1,75% com o stop a 1,65%. Mas por que
não vou propor? Primeiro, por que não é um trade com bom risco x retorno;
segundo que esse ainda deve ser um movimento de correção de curto prazo, no
longo prazo, a tendência ainda é de baixa de juros. Somente após o longínquo
2,45%/ 2,50% poderia indicar que o movimento de longo prazo reverteu. Prefiro
esperar e observar.
Além de uma projeção dos preços futuros dos ativos, o bom
analista deve examinar se o movimento que espera é impulsivo ou uma correção. Também
deve calcular quanto é o seu potencial ganho e perda. Se o trade passa nesses
exames, pode-se envolver, pois dinheiro não é capim!
O SP500 fechou a 2.159, com alta de 0,43%; o USDBRL a R$ 3,2191, com baixa de 1,14%; o EURUSD a 1,1202, sem variação; e o ouro a US$ 1.266, com baixa de 0,16%.
Fique ligado!
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