A ilusão do gênio
Dentre todas as classes de fundos de investimento
disponíveis ao público, a dos Hedge Funds é a mais misteriosa. Enquanto as outras categorias se sabe o que se
pode esperar como retorno, ficando apenas a discussão de um desvio em relação
ao benchmark, essa outra se
compromete a perfomar quaisquer que sejam as condições de mercado. Assim, por
terem liberdade de ação, podem se beneficiar de mercados em alta ou em baixa,
da bolsa ao ouro, e etc...
O que os investidores consideram na escolha desses fundos
são: quem são seus administradores; e os seus retornos passados. Para
realizarem esse serviço cobram uma taxa de administração de2 % a.a. e uma taxa
de sucesso de 20% do que exceder seu benchmark – no caso brasileiro,
majoritariamente o CDI.
Desde 2015 eu estou frequentando as aulas da FEA dos cursos
de mestrado e doutorado, na área de finanças. Essa minha empreitada me colocou
em contato com diversos estudos acadêmicos. Especificamente a esses fundos, os
resultados não são muito animadores, pois mostram que o retorno não tem uniformidade
no longo prazo. Neste semestre, eu e mais uma colega, pretendemos analisar se
um portfólio de fundos multimercados apresenta um retorno superior a uma
simulação de carteiras escolhidas por sorteio. Vamos ver quais serão os
resultados.
Em qualquer prospecto de fundo existe um disclaimer, normalmente em letras minúsculas,
dizendo que resultados passados não são garantia de resultados futuros, isso
não poderia ser mais verdadeiro nessa classe. Uma estatística feita pela ANBIMA,
chega à conclusão que 80% dos fundos brasileiros não existem mais depois de 5
anos, uma proporção elevadíssima.
Mas qual seria o motivo para um índice tão elevado? As
pessoas erram! Além do mais, despois de um período onde um gestor acerta na
mosca, o mesmo é levado a crer que é um gênio, e sabe com "certeza" o que vai acontecer. Mas geralmente ocorre ao
contrário, e o seu ego não permite realizar seus erros. Quando entra num
período como esses, os resgates se aceleram e a gestão do fundo entra num ciclo
vicioso.
É natural que existam vencedores, mas são exceções e não a
regra. Além do mais, o custo para o cliente é muito elevado, e a
performance depois de cobrada não retorna ao fundo num eventual período de retornos ruins. Não estou cuspindo no prato em que comi, mas é desta maneira que
encaro hoje este segmento. Minha carteira de investimentos não tem nenhuma
dessas estrelas!
Recentemente o Wall Street Journal publicou um artigo, onde aponta que, os maiores fundos de pensão americanos estão resgatando enormes
quantias dessa classe de fundos. Marc Levine, Presidente do Illinois State
Board, que administra US$ 16 bilhões em investimentos, fez a seguinte pergunta:
...”Why do I need you?”... E muitos
administradores estão se fazendo a mesma pergunta. Esses gestores concluíram
que os resultados dos últimos 6 anos ficaram atrás de um mix mais tradicional
de títulos de renda fixa e ações.
A categoria não irá se extinguir. Segundo empresa que
acompanha esses fundos nos USA, os mesmos contabilizam no 4º trimestre de 2015, um total de US$ 2,9
trilhões. Novos fundos entrarão e outros serão fechados. Parece que uma gestão
dinâmica de troca de fundos seria recomendada, mas qual o critério para seleção
de quem entra e quem saí? Não saberia responder, vamos ver se o trabalho que
estamos desenvolvendo fornece alguma luz. Nesse meio tempo, se você tem
recursos aplicados ou pretende aplicar, considere os argumentos acima.
No curto prazo, o gráfico a seguir aponta que os Hegde Funds
não se encontram posicionados na bolsa americana, muito diferente de suas
posições no ano passado.
Já o VIX, que mede a volatilidade da bolsa, encontra-se nos
patamares mínimos históricos, o que pode indicar um movimento de alta da bolsa.
Caso isso aconteça, os resultados desses fundos ficarão
abaixo dos fundos de ações, o que pode aprofundar os resgates dessa categoria.
Como diria Milton Leite: ...“Que fase! ”...
Eu venho comentando que a melhora dos preços de ativos
brasileiros é razão de duas componentes, a possibilidade do impeachment da
Dilma – o que se encontra a caminho, e a alta dos preços das commodities. O
gráfico abaixo apresenta a correlação do real com as commodities.
Notem que o maior deslocamento aconteceu entre julho e
outubro de 2015, onde estávamos numa crise política sem vislumbrar uma saída. A
partir daí, voltou a seguir muito de perto o índice de commodities. CQD!
No post Temer-test-drive, fiz os seguintes comentários sobre o
ouro: ...” Em
função disso, sugiro dois caminhos, o que eu ainda mais acredito, é que a
correção ainda não terminou (1) e ainda podemos comprar o ouro a US$ 1.180, e a
outra é que se encontra no primeiro estágio de uma nova alta (2), neste caso, o
nível de US$ 1.282 é o triger”... ...”Para o caso (2) recomendo compra, se no
fechamento esteja acima de US$ 1.282, com stoploss a US$ 1.240...
Depois de ter caído nos últimos dias até US$ 1.225, retornou
hoje ao ponto onde estava desde a última atualização.
Como é visível, desde de fevereiro que o metal não sabe para
onde vai. Com altas e baixas contidas entre US$ 1.200 – US$ 1.270, um
intervalo bastante pequeno de 5%, se considerado a volatilidade esperada. A
única coisa que pode se afirmar é que, está numa correção e sem uma direção
ainda clara. Está é a razão que sugeri um trade com preços duplos: Ou comprar a
US$ 1.180 ou a US$ 1.282. No post indicado acima, existe uma explicação do por
que.
O SP500 fechou a 2.100, com alta de 0,31%; o USDBRL a R$ 3,5327, com queda de 2,27%; o EURUSD a 1,1358, com alta de 0,42%; e o ouro a US$ 1.249, com alta de 1,49%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário