"Gridlock"
A palavra “Gridlock” em
inglês tem vários significados, o mais comum é quando indica uma situação
complexa sem que se consiga chegar a uma solução.
Gostaria de dividir uma estatística intrigante sobre o
mercado de trabalho americano. Vocês devem lembrar que eu citei várias vezes a
queda do índice denominado “participation
rate”, que é calculado da seguinte forma: divisão do número de pessoas
trabalhando somada as que estão ativamente procurando por trabalho, pelo total da
população entre 16 anos e 60 anos.
Quando este índice cai, indica que existem indivíduos que
não estão no mercado de trabalho, embora pudessem estar. É como se existisse um
estoque de potenciais trabalhadores prontos para entrar no mercado de trabalho.
O FED interpreta esse dado como um excedente de mão de obra
disponível, que entrariam no mercado de trabalho, quando a taxa de desemprego
caísse muito. Muitas teorias sobre o assunto foram elaboradas, porém mesmo com
uma taxa de desemprego baixa em nível de 5%, esse indicador não retrocedeu. O
que estariam fazendo essas pessoas?
Muitos argumentam que é pela mudança demográfica, o fato da
população americana estar mais velha. Com uma longevidade maior e a necessidade
de complementar sua aposentadoria, são razões suficientes para justificar
parcialmente a queda. Mas o gráfico a seguir não corrobora com essa ideia, o
deslocamento entre 1999 e 2014 é mínimo.
Até agora as informações acima não são muito diferentes do
que já se publicou, mas o próximo gráfico realmente é surpreendente, ao
segmentar a população entre homens e mulheres.
Inicialmente o indicador para os homens começa a cair a
partir de 1970, e é onde a das mulheres começa a crescer. Pode-se imaginar
que nesse período existiu uma substituição de postos de trabalho, que até então eram
ocupados por homens. Mesmo assim, a curva para as mulheres cresce até o
início dos anos 2000. A partir daí, enquanto o “participation rate” teve uma queda de 4 pontos de seu pico para os
trabalhadores do sexo feminino, a dos homens caiu 10 pontos.
Ao me deparar com essa estatística, fiquei pensando o que
esses homens estariam fazendo? A hipótese de que estão em casa cuidando dos
filhos não convence, devem ter outra fonte de renda.
Nós não temos familiaridade às estatísticas americanas, mas
valeria uma pesquisa mais profunda sobre esse assunto. Porém, se existe uma
parte da população que não é considerada na força de trabalho, mas que de
alguma forma estão gerando renda – motoristas do Uber, desenvolvedores de
aplicativos, e etc..., olhar para taxa de desemprego somente, não é uma boa
medida da saúde do mercado de trabalho. Gridlock!
Eu pretendia comentar sobre a reunião da Rosenberg, mas
vou deixar para amanhã. A razão é que tornaria esse post muito longo, além de
externar opiniões, ainda envolvido por raiva pela situação atual. Só posso
adiantar que o Brasil encontra-se numa situação dramática, economicamente
falando, e não existe uma solução visível num horizonte próximo.
No post cabo-de-guerra fiz os seguintes comentários
sobre o ouro: ..." Vou continuar com
a hipótese que o ouro está consolidando, e fazer um pequeno ajuste na ordem
original, onde o novo preço de compra passa para US$ 1.200, mantendo o stoploss
a US$ 1.140. Por outro lado, não posso garantir que o metal chegue nesse nível,
Pode ser que, o mesmo suba de um nível superior. Mas prefiro ficar com as
evidências técnicas e estatísticas”...
Temos uma sugestão de trade colocada no início de março e
ajustada marginalmente no post acima.
O ouro não vem mostrando muita força nesses últimos 30 dias, é verdade também, que não mostra muita fraqueza. Mas essa “demora” sugere que o
preço de compra deva ser ajustado para US$ 1.180, conforme apontado no gráfico
acima. Por um lado é bom, pois nosso prejuízo calculado será menor, da ordem de
3,4%.
- David, e se você
perder a oportunidade de compra por causa de apenas US$ 20?
Opa, bom sinal, pensei que você tinha abandonado o Mosca! Hahaha... Respondendo sua
pergunta, com certeza pode acontecer. Mas nenhuma operação é o “trade da vida”.
Entrarmos em oportunidades que apresentam um bom risco x retorno financeiro
aliado com a sua probabilidade de ocorrer.
No caso específico do ouro, parece que o retardamento da
recuperação deixa os preços mais vulneráveis ao segundo patamar de compra, é só
por isso.
O que eu não comentei também, é que do ponto de vista de
médio e longo prazo, o ouro ainda poderá cair abaixo dos US$ 1.045, atingido em
dezembro último. Para que essa situação fique mais concreta é necessário que o metal negocie abaixo de US$ 1.140 e principalmente US$ 1.110.
Aos leitores que poderão interpretar que o Mosca, continua com seu refrão ”pode
subir, mas também pode cair”, não tenho como confortá-los. Se um ativo onde eu
imagino que deva subir, cai, sou obrigado a refazer minhas análises. Isso, em
todo caso, é melhor que ficar apaixonadamente comprado até a morte. Nesse caso
a morte é financeira!
O SP500 fechou a 2.066, com alta de 1,05%; o USDBRL a R$ 3,6398, com queda de 1,08%; o EURUSD a 1,1397, com alta de 0,13%; e o ouro a US$ 1.221, com queda de 0,73%.
Fique ligado!
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