Consumidor de última instancia



Finalmente o BCB resolveu diminuir os juros na medida que o mercado esperava. Além do mais, deixou a porta aberta para novas reduções, com as ressalvas que estão se tornando praxe nos comunicados dos bancos centrais ao redor do mundo. Na verdade, se nada fosse gravado nesse sentido o efeito seria o mesmo, pois traduzindo em linguagem coloquial “ se nada acontecer de grave vamos baixar”. Acredito que uma taxa entre 5% a 5,5% se pode esperar nos próximos meses.

Para quem lê o Mosca não deve estar surpreso, pois de longa data venho alertando que vivemos uma fase sem inflação, ou com uma inflação contida em níveis baixos. Com a atividade econômica em patamar muito baixo, elevado desemprego, mesmo 5% é alto. Mas esses aspectos negativos devem melhorar daqui em diante. Acho justo 5%.

Mas o que chacoalhou os mercados foi a decisão de ontem do Fed – e agora a tarde o presidente Trump, como de costume, publicou um tweet avisando que a partir de 01 de setembro, vai impor uma alíquota de 10% na lista de U$ 300 bilhões. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, associou os sucessos políticos do banco central em 1990, sugerindo que ele pode sustentar a expansão econômica recorde dos EUA com uma modesta redução nas taxas de juros.

Falando a repórteres após o corte do Fed, pela primeira vez desde 2008, Powell deixou aberta a possibilidade de novos movimentos, mas disse que não viu a ação de quarta-feira como o início de um longo ciclo de flexibilização.



A observação de Powell levantou comparações com 1995-96 e 1998, quando Alan Greenspan liderou o Fed. Em cada instância, o banco central acabou cortando as taxas três vezes em um esforço bem-sucedido para prolongar uma recuperação econômica que até este ano era a mais longa.

Existem muitas comparações entre agora e antes. Naquela época, o Fed reduziu as taxas após um longo ciclo de aperto - assim como começou a acontecer na quarta-feira - para impedir que uma economia em desaceleração se transformasse em uma recessão.


Powell deu três razões para a decisão desta quarta-feira: A desaceleração do crescimento global; as tensões comerciais elevadas já atingem os fabricantes dos EUA; e a inflação continua, teimosamente abaixo do objetivo de 2% do Fed.

A conferência de imprensa “foi um desastre”, disse Stephen Stanley, economista-chefe da Amherst Pierpont Securities LLC. "Ele repetidamente gaguejou e recuou na linguagem da declaração", emitida pelo Comitê Federal de Mercado Aberto.

No final, porém, depois de repetidas perguntas de repórteres, Powell entregou sua linha de fundo. "Deixe-me ser claro", disse ele. "Não é o começo de uma longa série de cortes nas taxas." Mas ele acrescentou: "Eu não disse que é apenas um".

A repercussão pelo mercado foi muito ruim, na verdade entendo com uma frustração da maioria que esperava uma postura muito mais amena, indicando novos seguidos cortes dos juros, o que não aconteceu.

O Mosca é de opinião que o mercado ficou embriagado pelo próprio sucesso e acreditou que suas apostas nos mercados não deixariam outra alternativa ao Fed que não corroborar suas previsões. Porém, a posição de dois participantes em não acompanhar a decisão da maioria teve um grande impacto, no entender do Mosca. Vejam meu raciocínio, se dois participantes, embora seja número reduzido, não concordam nem com a primeira queda, como o Comitê poderia expressar uma postura com uma sequência de novos cortes? No mínimo, é necessário cautela.

Os dados industriais da economia americana não estão muito positivos, principalmente em investimentos fixos e produtivos. Mas quanto esses itens representam do PIB? Muito pouco, o importante são os consumidores que impactam 70% desse indicador, e sob essa ótica não há o que reclamar.


O Império mantém a predominância

Queria desenvolver um raciocínio bastante simplificado para explanar como vejo o mundo atual. Os EUA é o único país com relevância que tem um mercado consumidor em boa saúde, tanto a Europa como a Ásia, não conseguiram desenvolver um mercado consumidor local suficiente para absorver sua produção. Isso os torna países poupadores e os americanos absorvedores dessa poupança.

Para que a equação feche, o dólar tem que ser reconhecido como a moeda de troca, e aceito internacionalmente, o que é o caso. Através da emissão de dívida, os EUA absorvem esse excedente de poupança. Esse movimento acarreta a valorização do dólar com impacto deflacionário na inflação americana.

Tudo isso não seria tão impactante se os outros países conseguissem absorver parte de sua produção evitando uma super oferta. Mas, a inclusão da China e correlatos na cadeia de produção nas últimas décadas, gerou um excesso oferta pressionado os preços para baixo.

Conclusão: O mundo produz e os EUA consomem, ditando assim, as condições de “preço” (baratinho), afinal, eles são os consumidores de ultima estancia!

No post sir-bojo, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Nesse momento, o SP500 se encontra numa posição importante para definir o seu caminho, que pode ser resumido da seguinte forma:

1)      Se o SP500 ultrapassar o nível de 3.020, o movimento de alta ganha tração.
2)      O nível atual de 3.008 seria o “máximo” aceitável para a correção que eu tinha imaginado (gráfico abaixo)” ...


O mercado não conseguiu ultrapassar o nível explicitado acima e ontem caiu ao primeiro nível de uma possível correção. Ainda é bastante controverso a contagem de ondas, segundo a Teoria de Elliot Wave, referente ao movimento destacado a seguir (amarelo). Vou seguir com a hipótese explicita no gráfico, pois me parece a que mais se adequá. Porém, estarei aberto para outras interpretações caso seja necessário.

Sob essa ótica, eu espero um período de vários dias, onde uma correção deveria levar o índice para o nível entre 2.920/2.870, aceitando até, uma retração mais profunda, cujo limite seria de 2.840. Abaixo disso, vai merecer uma atenção maior.


Um outro ponto de atenção deve ser o nível de 3.030, pois caso a bolsa ultrapasse essa marca, indica que a mínima de ontem em 2.960, terminando a correção que eu menciono acima.
Deve se ter cautela ao observar o mercado de hoje, pelas oscilações em vários ativos: queda dos juros de 10 anos, alta da bolsa, moderação na alta do dólar, é possível que o mercado esteja reagindo com “raiva” e querendo dizer ao Fed que, por bem ou por mal, eles terão que baixar os juros conforme o mercado quer. Quero lembrar uma frase que ficou famosa na era do ex-presidente desta instituição, Alan Greespan, don´t fight the Fed!  Importante frisar que, escrevi esse comentário pela manhã, quando tudo estava mais tranquilo, até que o Trump entrou em cena. Sempre ele! Seria melhor para a sanidade de todos que ele fosse exportado para a China e ficasse por lá, contido nos padrões chineses! Hahaha ...

O SP500 fechou a 2.953, com queda de 0,90%; o USDBRL a R$ 3,8432, com alta de 0,81%; o EURUSD a 1,1091, com alta de 0,16%; e o ouro a U$ 1.442, com alta de 2,07%.

Fique ligado!

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