Tudo vai virar commodity

Tenho observado uma serie de empresas abrindo seu capital na bolsa americana, em sua maioria na área de tecnologia. Os valores de lançamento são muito elevados o que sugere crescimento acelerado. Ao observar os campos de atuação, poderia resumir que se trata de oferecer preços de produtos ou serviços mais baratos ao consumidor, ou originam uma ferramenta de otimização de informações cujo objetivo de gerar maior produtividade.

Acredito que estamos vivendo aceleradamente o processo de destruição criativa, definido pelo economista austríaco, Joseph Schumpeter. O que esse autor não imaginava é que seria possível esse cenário acontecer de forma generalizada, em toda a economia.

Agora que o consumidor perdeu o medo (ou aprendeu) a fazer compras on line, viabilizou de forma exponencial o consumo de produtos e serviços direto do produtor, sem intermediários, e com a organização de entregas porta a porta. Não tem por que isso não ganhar enormes dimensões – ontem escrevi sob os sub produtos positivos originados pela pandemia, e o que descrevo aqui, é mais um caso.

Se minha ideia estiver correta, vislumbro um mundo muito melhor para os consumidores no futuro, os produtos terão queda de preços como a que ocorre há vários anos nos produtos denominados como commodities, isso irá acontecer na maioria de todos os outros! Mas tudo não será numa boa, haverá desemprego, quebra de empresas e muito sofrimento, pois a eficiência é o nome do jogo.

De uma forma simplista não se deve estar investido em segmentos que possuem margens elevadas, principalmente entre a indústria e o comercio, e se posicionar na área de tecnologia, de forma abrangente, está caro mais esse setor é um “comedor” de margens de outros com baixíssimo custo marginal, e economia de escala em J.

A ociosidade tem seus dias contados, já vinha acontecendo e irá também se acelerar. Carro na garagem, escritório ocioso, roupa no armário, e um sem número de produtos que ficam largados, que antes eram impossíveis de compartilhar, graças a tecnologia irão gerar valor a seus proprietários, ocasionando uma queda de demanda para novas compras.

Poderia ficar aqui enumerando centenas de situações semelhantes, mas espero que tenha conseguido transmitir minhas ideias aos leitores. Resumindo o mundo vai ficar mais barato.

Mas todas essas ideias têm impacto no médio prazo, no curto prazo os mercados estão céticos por vários motivos. A Gavekal rechaça esses temores que são elencados em 4 principais pontos:

1) O Fed está sem munição - Em 27 de agosto, o Fed redefiniu sua meta de inflação de uma forma que a política permanecerá frouxa por um prazo longo. Em seguida, decepcionou os mercados quando se absteve de usar na sua reunião, de meados de setembro, para intensificar seu programa de compra de ativos, que está rodando atualmente em “apenas” US $ 120 bilhões por mês. Mas isso não significa que o Fed está sem munição. A autoridade monetária não intensificou sua flexibilização porque, em sua visão, os dados econômicos e financeiros estão se movendo na direção certa. A inflação e expectativas de inflação estão subindo. Se no futuro o Fed enxergar que precisa aumentar as compras, pode.

2) A economia não pode sobreviver sem mais apoio fiscal. Errado. Sim, os complementos federais para seguro-desemprego caíram de US $ 600 por semana para US $ 300. E eles caem a zero quando a medida provisória ficará sem financiamento em breve. Com o Senado agora focado sobre se vai confirmar um novo juiz do Supremo Tribunal nos próximos meses, a probabilidade de que o Congresso autorize novo apoio fiscal, antes da eleição de novembro, ou mesmo antes de o novo Congresso se reunir em janeiro, é bastante reduzida. Isso vai causar dificuldades para muitas famílias, mas a falta de apoio fiscal adicional provavelmente não matará a recuperação. Os EUA estão reabrindo, o emprego está caindo e a confiança do consumidor está recuperando. Esses fatores devem ser suficientes para compensar a queda no suporte fiscal.

3) Uma eleição disputada abalará os mercados. Sim, é um risco, mas tem sido exagerado. Na quarta-feira, a Interactive Brokers, uma corretora de valores, comunicou que estava aumentando requisitos de margem para proteger a si e aos seus clientes contra um potencial aumento da volatilidade durante o período eleitoral. Isso pode ter contribuído para a liquidação da quarta-feira. Mas o sistema dos EUA é projetado para forçar um resultado semanas após a eleição. Se ele perder, Trump não poderá se manter no cargo. E embora haja o risco de um resultado não convincente ou impopular desencadear protestos de rua, uma longa série de precedentes nos últimos 50 anos sugere que qualquer agitação terá pouco ou nenhum efeito nos mercados.

4) Ativos de risco são estupidamente caros. Sim e não. Em geral, ativos financeiros estão caros, o que é uma boa razão para possuir participações significativas em caixa, TIPS de curto prazo e / ou ouro. Mas a maioria dos gestores de recursos não pode colocar uma grande parte de suas carteiras em qualquer um desses ativos. Em vez disso, eles devem em grande parte escolher entre ações e títulos. E enquanto as ações não têm uma vantagem de avaliação substancial sobre os títulos, não estão no tipo de desvantagem relativa, que no início de 2000, levou a uma grande reprecificação.

O acompanhamento dos dados mais recentes da economia americana é misto. Por exemplo, a área de imóveis está indo muito bem, o gráfico a seguir dá uma dimensão comparativa de vendas nos últimos anos.


Em contra partida, embora o consumo esteja em patamares elevados, o nível de confiança se mostra deprimido, sugerindo que os consumidores estão preocupados com o futuro.
No post o-povo-nao-sera-vencido, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “No gráfico acima elenco 2 intervalos possíveis da reversão: o primeiro localizado entre 97,6 mil/96,3 mil (elipse), e o segundo entre 93,0 mil/92,2 mil (retângulo). Depois disso, o movimento de alta deveria ganhar força” ...
Continuo com a mesma ideia de que o Ibovespa deverá atingir novas máximas, quando essa correção em curso terminar. Estou trazendo uma outra contagem – Blue Count, que contém a mesma estratégia que a outra (gráfico acima), somente apresenta detalhe um pouco diferente. No caso em questão, o Ibovespa estaria testando nos níveis atuais uma região que pode indicar seu final, conforme apontado no gráfico abaixo.
Na próxima segunda-feira, não haverá postagem em função do feriado judaico, sendo assim, vou aproveitar para mostrar um dado muito importante das contas nacionais. O Brasil apresentou novamente um elevado superávit na balança de pagamentos, por conta da balança comercial e diminuição da remessa de lucros.
Como diz esse analista “a parte externa não é um problema. É tudo por conta do crescimento e como estabelecer as regras fiscais para o próximo ano”, o que ele não falou (ou não podia), é que o problema é político. Não fosse isso, o dólar não estaria nas cotações atuais.
O SP500 fechou a 3.298, com alta de 1,60%; o USDBRL a R$ 5,5610, com alta de 0,95%; o EURUSD a € 1,1630, com queda de 0,36%; e o ouro a U$ 1.860, com queda de 0,43%.

Fique ligado!

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