Bitcoin na categoria Desclassificado #ouro

 


Vocês repararam como o assunto das cripto moedas saiu do noticiário? Acredito que o principal motivo seja a queda de preços que ocorreu ultimamente com a perda de quase metade do seu valor. O Mosca no post e-tudo-papo, publicou um gráfico que impressiona bastante, apontando com que probabilidade o Bitcoin cai no período de um ano. Por exemplo, uma queda de mais de 60% tem 72% de chance de acontecer, quase certo!

Para complementar o estudo feito pelo banco Goldman Sachs, a tabela a seguir calcula o risk premium 1 bem como o índice de Sharpe 2 e conclui que o Bitcoin não suporta alocação dentro de um portfólio.

 


1 é o retorno de um investimento acima da taxa de retorno de ativo livre de risco no qual se considera o título do governo americano.

2 é a razão entre o retorno médio obtido acima da taxa de risco por unidade de volatilidade ou risco total.

Então, se o Bitcoin não pode ser considerado uma moeda nem uma commodity, o que poderia ser? Um trabalho elaborado pela Gavekal encontra uma classe de ativo para a cripto moeda.

Desde o pico de US$ 63.500 em meados de abril, o valor da Bitcoin caiu quase pela metade. Por trás desse recuo está uma mudança aparente na narrativa. Nos últimos meses, a mídia global focou no uso de cripto moedas pelos hackers criminosos que chantagearam empresas como a Colonial Pipeline, além de seu guloso consumo de energia.

Cripto moedas são uma classe de ativos difícil de classificar. Após uma década de desenvolvimento, elas são usadas ​​em muito poucas transações e, portanto, não são uma moeda. Tampouco são uma commodity, visto que não podem ser usadas ​​para produzir bens de consumo. No máximo, cripto moedas são um título perpétuo de cupon zero, cujo suprimento futuro é limitado (ao contrário dos títulos do governo atuais!). Isso, por sua vez, pode ajudar a explicar parte de sua volatilidade. Afinal, os títulos de cupon zero de 30 anos são de longe o instrumento mais volátil no universo de renda fixa, então imagine a volatilidade em um título perpétuo de cupon zero: o primeiro indício de aumento estrutural das taxas de juros pode dizimar a classe de ativos. E ainda assim as taxas crescentes não são a única ameaça ao mercado altista da década passada em todo o tipo de cripto moeda.

Outra preocupação é que quanto maior se torna um mercado, mais dinheiro ele deve atrair para continuar empurrando os preços para cima. Agora, em um mundo onde o Federal A Reserva e o Banco Central Europeu estão injetando cerca de US $ 3 trilhões por ano em suas economias combinadas, esta preocupação poderia ser desconsiderada. Mas e se os bancos centrais começarem a rever a lógica por trás seus programas de injeção de liquidez? Ou pior ainda, o que aconteceria se o aumento dos preços, principalmente de energia, se tornasse um dreno de liquidez? Em tal ambiente, as cripto moedas podem ter dificuldade em atrair o dólar marginal.

Agora, uma rápida olhada nas entradas e saídas de liquidez para criptos, principalmente o bitcoin, mostra que os investidores costumam usar o tether como uma forma intermediária de tomar posições. Essas operações também poderiam ser uma Espada de Dâmocles suspensa sobre o espaço cripto? Porque embora o emissor do tether afirme que cada um deles é lastreado por uma série de ativos de reserva, seu valor e qualidade têm sido questionados repetidamente. E, claro, se o lastro do tether vier a ser questionado, qualquer retirada em massa poderia se assemelhar a uma corrida bancária. Exceto que isso seria uma corrida bancária sem nenhum anteparo governamental.

Mas talvez a maior ameaça ao espaço cripto seja o próximo lançamento do renminbi digital, potencialmente a tempo para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim em fevereiro de 2022. Isso será a introdução de uma nova moeda cujo funcionalidade de pagamento e poupança pode reunir rapidamente um bilhão de usuários. Esta é importante porque uma lição das últimas décadas é que em nosso mundo baseado em plataformas, há muito poucas medalhas de prata e ainda menos de bronze. Em vez disso, nós vivemos em um ambiente do tipo “o vencedor leva tudo”. Ser o segundo atrás do Facebook, Google ou a Amazon simplesmente não tem sido uma proposta muito atraente.

Com isso em mente, haverá um futuro para bitcoins, dogecoins ou qualquer outra moeda descentralizada quando poupadores em Xangai, Caracas, Atenas, Paris ou Miami puderem guardar suas economias em uma carteira em renminbi e usá-la para comprar mercadorias no Alibaba ou serviços na Tencent? O lançamento do renminbi digital será a sentença de morte para outras moedas digitais?

Ontem, o Presidente do Banco Central Francês, Francois Villeroy — já desgostoso com a desclassificação de seu país da Eurocopa — instou os formuladores de políticas na Europa a agir rapidamente sobre seus próprios esforços e soluções de pagamento mais inovadoras, "ou arriscar uma erosão de nossa soberania monetária — algo que não podemos tolerar".

Villeroy identificou "os progressos feitos pelos CBDCs extra-europeus e notavelmente pelo yuan digital" como parte de um "triângulo de riscos" desafiando o controle do BCE sobre os pagamentos. Ele deve ter lido o relatório da Gavekal e amanhã com a publicação desse post deve ficar nervoso! Hahaha ...

Achei a definição da Gavekal para o Bitcoin fantástica, se o Bitcoin é alguma coisa o mais próximo seria um título perpétuo com cupom zero. Mas como se calcula o valor presente de um título como esse? A princípio não pode existir um papel com essas características pois só faz sentido ter algum valor igual ou superior ao valor de face se a taxa de juros for menor que 0%. O que sim existe são papeis perpétuos com pagamento de cupons

Mesmo assim, fiz uma simulação para uma taxa de 1% a.a. considerando vários prazos, como se esse título tivesse uma data de vencimento, só para que entendam que qualquer taxa positiva leva a $ 0 o valor presente.

A partir do centésimo ano já não vale quase nada.

Como ao Bitcoin não está vinculado nenhum “valor face” ele vale quanto o mercado paga, e para seu preço continuar subindo é necessário que que atraia cada vez mais compradores.

Outra diferença para o bem ou para o mal é que não sei qual seria sua classificação de risco — poderia ser considerada risk free? A princípio sim, pois o fato de sua emissão ser limitada lhe daria esse status. Agora, se não servir para nada daqui a algum tempo, ou mesmo o remimbi digital ocupar a pole position, de que adianta não ter mais emissão se ninguém mais quer?

Cada vez mais fico com a sensação de que o Bitcoin cai na categoria de Desclassificado e que só teria utilidade num cenário onde as moedas perdessem valor, todas elas, principalmente o dólar.

Muito bem, todo esse raciocínio do Mosca pode ser wishful thinking. Para não cair na tentação de “assassinar” o Bitcoin vamos ver o que a análise técnica nos diz.

 


O primeiro movimento de queda pode ter terminado (A em verde), embora um nova mínima ainda pode acontecer. Em todo caso, prevejo uma alta em breve que levaria as cotações até U$ 47 mil/U$ 53 mil, um bom momento para quem está comprado sair. Em seguida, o Bitcoin deveria iniciar uma nova queda com objetivo de atingir U$ 21 mil.

Depois desse momento vai abrir uma grande questão. Segundo minha premissa, o Bitcoin deve iniciar um período de alta que a levaria até U$ 120 mil/U$ 130 mil; porém, se ao invés disso a queda não parar nos U$ 21 mil e atingir U$ 10 mil, é provável que toda alta tenha terminado, rumando para algo ao redor de U$ 5,0 mil/U$ 10 mil.

Não sei qual será o caminho final do Bitcoin, mas se esse é o percurso que a análise técnica sugere acontecer, pergunto: é possível considerar o Bitcoin uma moeda? Só alguém que nega a realidade pode achar isso!

Não tinha percebido que faz um bom tempo que não publico sobre o ouro, não fez falta. No post esperando-uma-falha-humana fiz os seguintes comentários: ...” Vou aguardar um micro movimento de 5 ondas e na sequência posso sugerir um trade de compra; sendo assim, fiquem atentos às postagens” ...

 


Acontece que esse movimento acabou não acontecendo e ao completar três ondas — a onda 3 em verde —, o ouro reverteu a tendência, iniciando um movimento de queda impulsivo. Em Elliot Wave, essa reversão considera que a correção ainda está em curso.

Muito bem, o ocorrido é indicador que o ouro abortou o movimento de alta de longo prazo? Não!

O que deverá ocorrer daqui em diante está explicado pela linha verde abaixo.



O objetivo final dessa extensão de correção deveria levar o metal ao nível de U$ 1.570/U$ 1.540, que será mais bem calculado conforme o andamento. No curto prazo, o término da onda A não deve ter ocorrido ainda, provavelmente ocorreria a U$ 1.660.

Talvez eu me aventure em um trade de compra depois disso, mas tentar operar ondas do tipo B é algo muito difícil, os movimentos são 2 passos para frente e 1 a 1,5 passos para trás. Desafiante! Sugiro que siga o Mosca caso tenha interesse nesse ativo, pois mesmo que não faça uma posição indicarei os níveis a serem acompanhados.

O SP500 fechou a 4.297, com alta de 0,13%; o USDBRL a R$ 4,9711, com alta de 0,29%; o EURUSD a 1,1859, com queda 0,30%; e o ouro a U$ 1.769, com alta de 0,47%.

Fique ligado!

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