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Permanecendo nas Cavernas #S&P 500

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A imagem das cavernas sempre exerceu um fascínio contraditório. De um lado, enviam ao tempo remoto da Pré-História, quando o homem buscava abrigo contra predadores, intempéries e frio. De outro, tornaram-se metáfora poderosa para retratar momentos em que a sociedade, pressionada por circunstâncias externas, se recolhe novamente a esses refúgios simbólicos. Não deixa de ser irônico perceber que, em pleno século XXI, depois de toda a sofisticação tecnológica, o impulso de voltar à “caverna” se fortaleceu. Durante a pandemia, escrevi sobre isso em dois momentos distintos. O primeiro, em março de 2021, no texto “ Caverna 2021 ”, quando as vacinas começavam a ser aplicadas e as pessoas passavam a enxergar a casa não apenas como refúgio, mas como centro de trabalho, consumo e lazer. O segundo, em agosto de 2022, em “ a-volta-as-cavernas ”, quando a vida retomava sua normalidade, mas o trabalho remoto já havia se enraizado. Desde então, a tendência só se consolidou: reuniões migraram defini...

Bull Market #USDBRL

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Os leitores que acompanham o Mosca de forma rotineira sabem que eu tenho duas contagens para a bolsa americana: uma que espera uma correção em breve e outra que é muito altista. Eu decidi tomar o caminho mais conservador e adotar a primeira, razão pela qual não tenho posição nesse ativo. Mas confesso que o segundo cenário está cada vez mais próximo. Se eu tivesse que descrever o que é um Bull Market, acredito que ele começou após a última queda relevante de 2022. Não quero que ao observar o gráfico abaixo embarquem na compra e esqueçam que o Mosca existe para não atrapalhar suas vidas com orientações de curto prazo. Mas também não seria honesto se eu não compartilhasse o que vejo. Sim, o S&P 500 teria como objetivo nesse movimento da onda 3 azul os 12 mil pontos, uma alta de 80%! E isso é apenas o que o gráfico mostra — pode haver muito mais à frente. Muita gente está esperando com caixa a hora de entrar, e essa sensação de perder o bonde leva a raciocínios paralelos. Identif...

Embriagado pelo sucesso #nasdaq100 #NVDA

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  No post de quarta-feira: “ ia-o-camaleão ” mostrei um gráfico que deixava claro: a economia americana cresce graças à tecnologia; sem ela, estaria em recessão. Essa fotografia não é um detalhe estatístico, mas o reflexo de uma Revolução Digital em andamento, que ganhou combustível com a inteligência artificial. A aposta é tamanha que os gigantes de tecnologia parecem embriagados pelo próprio sucesso — expandindo investimentos numa velocidade que remete a outras bolhas da história. Já alertei em outras ocasiões que, quando o mercado acredita que não há limites para retornos, surge o risco de os investimentos não se pagarem. E não se trata apenas de excesso de otimismo: os balanços ainda brilham, mas são financiados por capex bilionário e estruturas de dívida que deixam pouca margem para erros. Quando a euforia se desfaz, o impacto pode ser devastador. Nunca o mercado de crédito testemunhou algo parecido com a atual corrida para financiar a IA. Somente em 2025, empresas de tecn...

O assalto declarado #GOLD #OURO #EURUSD

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Os leitores do Mosca já estão acostumados com minha desconfiança em relação às criptomoedas. Não é de hoje que vejo nesse mercado uma combinação perigosa de marketing agressivo, ingenuidade e instrumentos financeiros construídos mais para alimentar ilusões do que para gerar valor real. Admito que talvez exista em mim certo viés de negação, afinal, cada dia que passa aumenta o número de pessoas e empresas que se envolvem nesse universo. Mas é importante frisar: quando falo em “assalto declarado”, não me refiro a todo o ecossistema das criptomoedas, e sim ao fenômeno específico das stablecoins. Nas últimas semanas, o ouro voltou a ocupar o espaço das manchetes, recuperando seu posto de ativo milenar e “porto seguro” em momentos de incerteza. Não poucas vezes já observei aqui que sua valorização costuma estar ligada a modismos passageiros: quando a euforia passa, o metal perde o encanto. Curiosamente, esse movimento do ouro contrasta com o do bitcoin, que mesmo com a introdução de mecan...

IA - O Camaleão #IBOVESPA

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  Ontem, às 08h30, o Mosca já estava tudo pronto na parte econômica. Como de costume, deixei a Análise Técnica para uma segunda etapa. No meio do caminho, fiquei oscilando entre os vários aplicativos de inteligência artificial — cada um com seus pontos fortes, mas, no fim das contas, percebo que sou eu quem dita o tom e organiza o raciocínio. Essa convivência diária com a IA, que já dura dezoito meses, me leva a uma constatação incômoda: estou cada vez mais próximo de perder meu emprego. Não me surpreenderia se, em breve, ao abrir o aplicativo, o post já viesse pronto, sem que eu tivesse escrito uma linha. Ainda assim, o Mosca é apenas uma gota em meio a um oceano muito mais vasto. A disrupção já está acontecendo em escala global. Basta observar o mercado de trabalho dos jovens: a nova geração de profissionais está sendo diretamente atingida pela ascensão da IA. O Wall Street Journal trouxe uma pesquisa conduzida por economistas de Stanford mostrando que jovens programadores, rec...

Mounjaro na economia #S&P 500

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  A história recente da economia argentina parece um espelho imperfeito da luta contra a obesidade. Nos últimos anos, medicamentos como o Ozempic ganharam fama mundial por ajudarem no controle do peso, até que o Mounjaro surgiu como a nova promessa milagrosa. Mas, como aprendi ao longo da vida, milagres não existem. Pessoalmente, cheguei a perder 17 quilos em alguns anos — e não foi com comprimidos mágicos, mas com disciplina diária, mudando hábitos de alimentação e mantendo o exercício físico. Os primeiros dez quilos caíram relativamente rápido, mas os últimos custaram tempo, esforço e paciência. Essa experiência pessoal serve de metáfora para entender economias desarranjadas. No início, as medidas drásticas podem trazer resultados visíveis, mas a estabilização duradoura é lenta, quase sempre dolorosa. O Brasil passou por isso: foram anos até transformar uma inflação de três dígitos em índices civilizados. A Argentina, sob Javier Milei, vive exatamente esse dilema. Milei assumiu...

O apelo do preço #USDBRL

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  As ações de segunda linha, conhecidas como small caps , voltaram a ganhar os holofotes. Após anos de submissão às chamadas “Magníficas Sete” — hoje talvez oito, com a Oracle tentando se juntar ao grupo — esse segmento ressurgiu com vigor e conquistou espaço nas manchetes. Analistas e jornalistas, que por tanto tempo defenderam sua atratividade, sentem-se agora recompensados, como se o mercado tivesse finalmente validado suas teses. A dúvida, no entanto, permanece: trata-se de uma virada estrutural ou apenas de um clarão passageiro? O contraste de resultados é evidente. As gigantes da tecnologia continuam disparadas na frente em termos de lucro por ação, sustentando a preferência estrutural dos investidores. Ainda assim, o rali recente das small caps nos Estados Unidos, refletido no índice Russell 2000, que alcançou uma nova máxima histórica, reacendeu a discussão sobre preço e oportunidade. Esse entusiasmo, porém, encontra barreiras: a dependência quase absoluta da política mo...