Bull Market #USDBRL

Os leitores que acompanham o Mosca de forma rotineira sabem que eu tenho duas contagens para a bolsa americana: uma que espera uma correção em breve e outra que é muito altista. Eu decidi tomar o caminho mais conservador e adotar a primeira, razão pela qual não tenho posição nesse ativo. Mas confesso que o segundo cenário está cada vez mais próximo.

Se eu tivesse que descrever o que é um Bull Market, acredito que ele começou após a última queda relevante de 2022. Não quero que ao observar o gráfico abaixo embarquem na compra e esqueçam que o Mosca existe para não atrapalhar suas vidas com orientações de curto prazo. Mas também não seria honesto se eu não compartilhasse o que vejo. Sim, o S&P 500 teria como objetivo nesse movimento da onda 3 azul os 12 mil pontos, uma alta de 80%! E isso é apenas o que o gráfico mostra — pode haver muito mais à frente.

Muita gente está esperando com caixa a hora de entrar, e essa sensação de perder o bonde leva a raciocínios paralelos. Identifico três possibilidades: continuar inerte, trocar o morango (que já subiu) por abacaxi (que ainda não subiu), ou ir direto para as cabeças e comprar o que já subiu muito.

Os artigos elaborados pelo JP Morgan e Deutsche Bank se encaixam no segundo caso. Já o da Bloomberg, assinado por Jonathan Levin, representa o terceiro: a aposta explícita no que já subiu demais. E eu? Fico com o original, o S&P 500.

Valuation elevado: e daí?

Jonathan Levin argumenta que, apesar do valuation elevado do S&P 500 (22,9 vezes o lucro projetado), o pânico é prematuro. O índice está distorcido por um pequeno grupo de empresas que inflaram seus múltiplos, como Tesla, Palantir, CrowdStrike e outras. A versão igualitária do índice, que dá o mesmo peso a todas as ações, negocia a 17,8 vezes, muito mais próximo da média histórica.

Se excluirmos apenas Tesla e Palantir, o múltiplo do índice já cai para 22 vezes. Se tirarmos o resto das novatas especulativas — como Robinhood, Coinbase e AppLovin — o P/L baixa para 21,8 vezes. Isso mostra que há uma concentração anormal de expectativa em poucas ações.

Além disso, o texto menciona outro ponto curioso: Costco e Walmart, empresas tradicionais e defensivas, estão sendo negociadas a valuations comparáveis aos da Nvidia. O argumento? Suposta resiliência em qualquer ciclo econômico. Mas essa resiliência pode estar sendo precificada além da realidade. Excluir essas duas do índice gera uma redução adicional no P/L — ainda que marginal.

O debate sobre os novos protagonistas da IA

O artigo da Bloomberg publicado em 28 de setembro sugere que o famoso grupo das “Sete Magníficas” talvez não seja mais o melhor veículo para capturar a revolução da IA. Em seu lugar, surgem nomes como Oracle, Broadcom, AMD e, novamente, Palantir. Alguns gestores já criaram novas siglas: Elite 8, Fab Four, Magnificent 10. Palantir, por exemplo, é o papel com maior valorização no Nasdaq 100 em 2025, acumulando alta de 135%.

Esse movimento reflete uma mudança estrutural: a IA está se expandindo para além do hardware (Nvidia) e alcançando setores como software, nuvem, infraestrutura e dados. A visão do Goldman Sachs aponta para uma evolução em quatro fases da tese de investimento em IA — e estamos apenas no início da terceira.

 Mas os EUA continuam caros?

O relatório do Deutsche Bank mostra que, mesmo excluindo as sete maiores empresas do S&P 500, o índice segue negociando a um prêmio de 5,8 pontos de P/L em relação ao STOXX 600 europeu. Há uma clara distorção. Os EUA representam 67% dos índices globais de ações e apenas 15% do PIB mundial. Enquanto isso, a Europa, com 14% do PIB, responde por só 12% da capitalização — e em queda.

Essa concentração de capital está no limite do que é sustentável. O próprio JP Morgan alerta que parte dos pilares da excepcionalidade americana está em ponto de inflexão. O crescimento da dívida pública, a valorização excessiva de ativos e a dependência de fluxos externos de capital são riscos latentes.

A divergência pode ser revertida?

SIAG, da JP Morgan “SIAG”, aponta que a convergência entre EUA e outros mercados pode estar em curso. Europa e Japão começam a corrigir suas fragilidades. As empresas europeias estão mais baratas, os PMIs industriais voltaram a 50 e a política fiscal alemã virou expansionista. Em um cenário de reequilíbrio global, a valorização do S&P 500 poderia sofrer correção mesmo sem recessão. Mas há um detalhe que não pode ser ignorado: os investidores globais ainda confiam no mercado americano. A profundidade, liquidez e dinamismo dos EUA continuam atraindo capital. Qualquer reprecificação será lenta — e possivelmente intercalada por novos topos. O que o Mosca sugere?

Entre os que buscam “oportunidades” em ativos baratos e os que correm atrás do que já subiu, prefiro manter foco no original: o S&P 500. Com todos os seus defeitos, ainda é o mercado mais eficiente, mais líquido e mais seguro do mundo. E se a onda 3 azul realmente estiver em curso, 12 mil é só o começo.

 

Análise Técnica

No post “O Apelo do preço” fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “se pode ver a tese que venho adotando de que o dólar deveria visitar a casa dos R$ 7,00 no futuro. No nível atual de R$ 5,33, para eliminar minha contagem o dólar deveria romper R$ 4,70, uma queda de aproximadamente 12% dos níveis atuais, e aí sim, e como se tomasse um gol. Até lá não dá para saber onde (se houver) ocorre a reversão”



O movimento da última semana indica que a reversão ainda não aconteceu e provavelmente o dólar pode visitar novas mínimas.

- David, embarca na venda e deixa de milongas!


Observei com os olhos de uma analista técnico e embora pareça que a queda do dólar a partir de fevereiro quando atingiu R$ 6,50 tem características de uma onda direcional teve muitas violações que não me permite embarcar nessa tese, ao contrário ocorreu muitos overlap que indicam uma onda de correção – existe a possibilidade de uma onda “Ending Diagonal”, mas mesmo essa não encaixa bem.

Entendo meu amigo que quer ação e se está caindo “vamo que vamo”! Mas o mercado requer paciência e disciplina para não entrar em “ciladas” que ele te induz as vezes.

O S&P 500 fechou a 6.661, com alta de 0,26%; o USDSBRL a R$ 5,3175, com queda de 0,50%; o EURUSD a € 1,1724, com alta de 0,20%; e o ouro a U$ 3.828, com alta de 1,81%.

Fique ligado!

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