IA - O Camaleão #IBOVESPA
Ontem, às 08h30, o Mosca
já estava tudo pronto na parte econômica. Como de costume, deixei a Análise
Técnica para uma segunda etapa. No meio do caminho, fiquei oscilando entre os
vários aplicativos de inteligência artificial — cada um com seus pontos fortes,
mas, no fim das contas, percebo que sou eu quem dita o tom e organiza o
raciocínio. Essa convivência diária com a IA, que já dura dezoito meses, me
leva a uma constatação incômoda: estou cada vez mais próximo de perder meu
emprego. Não me surpreenderia se, em breve, ao abrir o aplicativo, o post já
viesse pronto, sem que eu tivesse escrito uma linha.
Ainda assim, o Mosca é
apenas uma gota em meio a um oceano muito mais vasto. A disrupção já está
acontecendo em escala global. Basta observar o mercado de trabalho dos jovens:
a nova geração de profissionais está sendo diretamente atingida pela ascensão da
IA. O Wall Street Journal trouxe uma pesquisa conduzida por economistas de
Stanford mostrando que jovens programadores, recepcionistas, tradutores e
atendentes de call center enfrentam quedas expressivas de emprego desde o fim
de 2022, exatamente nas áreas mais facilmente substituídas pela automação.
Enquanto isso,
trabalhadores mais velhos, com habilidades acumuladas em gestão, liderança ou
comunicação, continuam a ser valorizados, já que tais atributos dificilmente
serão automatizados. Surge daí um paradoxo inquietante: se as funções iniciais
de carreira desaparecem, quem formará os especialistas do futuro quando os
atuais se aposentarem?
Esse choque não se
limita à esfera individual. Ele repercute na macroeconomia, acentuando
desigualdades. Outro artigo do WSJ mostra que os ganhos obtidos por
trabalhadores de baixa renda durante a pandemia evaporaram, enquanto os mais
ricos seguem acumulando patrimônio, sustentados pela valorização de imóveis e
ativos financeiros.
A fotografia da economia
americana é a de um país dividido em duas velocidades: de um lado, famílias de
alta renda que seguem consumindo, viajando e comprando imóveis de luxo; de
outro, jovens e classes médias pressionados pelo desemprego e pelo custo de
vida, em especial a moradia. O retrato é semelhante ao de um camaleão:
dependendo do ângulo, a cor que se enxerga é completamente distinta.
Essa metáfora do
camaleão é poderosa. Tal como esse animal regula sua temperatura escurecendo ou
clareando a pele, a economia global se adapta ao novo ciclo tecnológico. A IA é
capaz de absorver o calor da inovação em alguns setores, mas também de refletir
e esfriar atividades tradicionais, condenadas à obsolescência. A mudança de cor
não é apenas estética, mas vital para a sobrevivência.
No campo dos
investimentos, os sinais também se dividem. Guy Spier, antigo gestor, decretou
o fim do chamado Value Investing, estratégia que por décadas foi considerada a
bíblia dos investidores fundamentalistas. Por outro lado, Aaron Brown destacou
um movimento inusitado: a D.E. Shaw, ícone da automação financeira, abriu um
fundo inteiramente gerido por humanos, e o capital foi rapidamente preenchido.
Aparentemente, em tempos
de turbulência, investidores voltam a querer a mão firme de um capitão
experiente, mesmo que os algoritmos tenham dominado os mares da eficiência.
Há também quem veja
nessa revolução uma saída para o endividamento crônico dos Estados Unidos. A
Real Investment Advice argumenta que os investimentos maciços em data centers e
na infraestrutura elétrica podem abrir uma nova rota de crescimento, capaz de
aliviar parte do fardo fiscal americano.
E agora, o Deutsche Bank
acrescenta mais uma peça ao quebra-cabeça: a economia mundial está cada vez
mais concentrada nas mãos de um número reduzido de empresas, com um peso
desproporcional sobre o crescimento global. Esse dado reforça o caráter
camaleônico do sistema: enquanto alguns setores se expandem, uma pequena elite
corporativa captura os maiores benefícios, aumentando a vulnerabilidade de
todos os demais. A metáfora da mudança de cor se torna ainda mais apropriada —
pois, para muitos, a adaptação não é escolha, mas imposição. Quem tem a
“Carteirinha” impera.
Esse quadro, porém, não
elimina a tensão: sempre que uma revolução tecnológica se instala, ela gera
prosperidade em novas áreas ao mesmo tempo em que fecha portas em setores
tradicionais. A fotografia, novamente, é camaleônica: a cor que prevalece
depende da posição de quem olha.
Eu mesmo já vivi
transformações parecidas ao longo da carreira. Nos anos em que atuei no mercado
financeiro, vi mesas de operações inteiras desaparecerem quando os sistemas
eletrônicos assumiram funções antes desempenhadas por dezenas de operadores.
Naquele momento, quem não se adaptou ficou para trás. Hoje, a diferença é que a
velocidade é infinitamente maior: o que antes levava uma década, agora pode
acontecer em meses.
O desafio, portanto, não
é resistir à mudança, mas encontrar a tonalidade certa para cada contexto. É
aprender a escurecer quando é preciso absorver o calor das oportunidades e
clarear quando o excesso ameaça queimar. Como um camaleão, a economia mundial —
e cada um de nós — precisa assumir essa plasticidade.
Análise Técnica
No post “Você está
demitido” fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: “Quem seguiu minha
recomendação conseguiu comprar ontem. Como destaquei no gráfico abaixo seria
esperado que a bolsa rumasse no sentido destacado, superando a marca de 139 mil
– importante frisar que a onda 4 azul pode “perder” tempo
nessa região, mesmo um pouco abaixo do nível atual, até que complete a onda
5 azul”.
Quem seguiu minhas recomendações está surfando num lucro de aproximadamente 9% - depois mande a comissão para o Mosca! Hahaha. Acontece que a bolsa brasileira está chegando em extremos que insipiram cautela. Como o gráfico abaixo mostra o nível de 145,4 mil deveria ocorrer a reversão. Em outra janela não mostarda aqui poderia se esperar algo entre 148 mil / 149,4 mil, ou ainda mais otimista 154 mil.
Ontem o presidente Trump deu uma brecha de otimismo para o Brasil em sua aparição na ONU. Se observar suas palavras sobre o Lula e depois sobre como o Brasil se portou em relação as tarifas impostas aos produtos americanos está me cheirando uma cilada, lembrem da desastrosa recepção a Zelensky na Casa Branca.
Comparando Trump ao Lula, o primeiro avaliou rapidamente que o segundo é preza fácil então é so chamar para o matadouro.
O S&P 500 fechou a 6.637,
com queda de 0,28%; o USDBRL a R$ 5,3267, com alta de 0,85%; o EURUSD a € 1,1738,
com queda de 0,65%; e o ouro a U$ 3.736, com queda de 0,74%.
Fique ligado!
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