E se...
Dados recentemente publicados confirmam a melhora das
principais economias desenvolvidas. Para começar, o ISM da indústria nos EUA,
que é o segmento que sofre bastante com a concorrência externa, ficou em 53,2
acima da expectativa dos analistas.
Na Europa não foi diferente. O PMI da Itália e Espanha
também aponta para melhoras e ficou acima da barreira de 50, que indica
expansão. A seguir, o resultado da Itália registrando 52,2.
O próximo gráfico apresenta o mesmo indicador da Espanha,
que notadamente é o país da Europa que teve a melhor recuperação depois da
grande recessão, aproximando-se das máximas dos últimos anos com uma marca de
54,5.
Passado algum tempo desde a surpreendente vitória de Trump,
alguns analistas se questionam se o otimismo vivido neste último mês será compatível
com a realidade. Muitos têm questionado se o plano de elevação dos gastos
públicos, através de projetos de infraestrutura, causará uma alta do PIB em
termos reais; o que aconteceria seria um crescimento do PIB em termos nominais
oriundos de uma inflação mais alta, sem que haja um acréscimo real.
Vamos imaginar que é isso que acabe acontecendo, restaria
saber como o FED agiria em termos de política monetária. Naturalmente, falta
saber qual seria esse nível de inflação. Estamos falando de 2% - 3% a.a. ou
algo mais salgado superior a 5 % a.a? No primeiro patamar, é razoável supor que
a taxa de juros de 10 anos esteja ao redor de 5% a.a., isso se o mercado não
ficar desconfiado que a inflação subirá mais no futuro. Os títulos de renda fixa
com esse mesmo prazo sofreriam uma queda de 20% comparados aos níveis atuais.
Já no segundo caso, acredito que os juros dos títulos de 10 anos estariam mais
perto de 7% a.a. Neste caso, a queda equivalente dos títulos de renda fixa
seria de expressivos 35%!
Agora, e se o FED resolver ser agressivo para evitar que no
segundo cenário a inflação não se torne algo incontrolável? Nós, aqui no Brasil,
conhecemos bem esse problema, com juros reais na casa dos 6% a.a. Não é fácil
rentabilizar qualquer projeto. Para vocês ficarem com um número simples na
cabeça, a cada elevação dos juros de 1% a.a., os títulos de 10 anos perdem
aproximadamente 8 %. Não é pouca coisa para um mundo que há pouco tempo
investia nesse mesmo horizonte para receber zero!
Eu resolvi publicar abaixo a evolução das dívidas dos países
emergentes nos últimos 5 anos, ocasionada pelas baixas taxas de juros. Como
podem notar, a China lidera com folga esse ranking.
Talvez no próximo gráfico fique mais evidente o explosivo
crescimento do crédito dos países emergentes em relação ao PIB e a relevância
da China nessa estatística.
No início da minha carreira profissional, vivi um período de
aumento expressivo dos juros internacionais. Eu ainda era muito jovem e,
naquela época, as economias não eram ainda tão integradas. Mas, não esqueço o
dia que meu chefe me chamou e mostrou um contrato de financiamento a clientes
do banco para que eu visse a taxa da Libor. Era de 20% a.a., e não estou
dizendo que a moeda era em cruzeiro, cruzados, ou sei lá o que; mas, em
dólares! “ Olhe bem para esse número, você não verá mais esse nível por muitos
anos” . Ele tinha razão, nos 35 anos seguintes os juros só caíram.
Entretanto, como tudo na vida é cíclico, talvez estejamos
chegando ao final desse e o novo ciclo de alta poderá durar mais 20 a 25 anos.
Ninguém que trabalha nesse setor viveu algo parecido, não tendo a menor
experiência nessa situação. Talvez os traders brasileiros levem alguma
vantagem, pelo menos nisso!
Com o troglodita a frente da maior economia do mundo tudo é
possível, pois para uma pessoa com fortes características psicopáticas, não é
impossível imaginar a repetição da história do imperador Nero, um reinado
associado à tirania e extravagância. É recordado por execuções, incluindo a sua
mãe, além de ser um implacável perseguidor dos cristãos. Uma das explicações
sobre o fogo que devastou Roma era que ele queria construir um complexo
palaciano, e como o senado havia indeferido seu pedido, colocou fogo na cidade.
Então, alguma semelhança?
No post dólar-pede-passagem, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ...” As altas destes últimos dias mostram uma formação sem
muita convicção, o que em análise técnica se define como divergente dos instrumentos
de momentum. Em outras palavras, pode acontecer uma realização a qualquer
momento” ...
Para contrapor a visão de curto prazo, estou publicando um
gráfico com maior alcance temporal. Por enquanto, nada de mais grave se pode
associar a esse índice. Depois de uma forte reação após a vitória de Trump, o
mercado está dando indicações que busca novas altas. Porém, tudo está bem desde
que a área apontada em verde não seja penetrada.
O nível apontado é entre 2.140 – 2.100. Caso isso venha
acontecer, será classificado pelos analistas técnicos como um false break; ou seja, se o mercado não
teve forças de subir, vai cair. Mas, ainda existe uma boa distância dos níveis
atuais, algo como 5%. Por outro lado, não existe ainda nenhuma indicação
técnica muito importante que sugira uma grande ameaça. Por tudo isso, ainda
prefiro não fazer nada nesse mercado e aguardar maiores evidências.
O SP500 fechou a 2.191, sem alteração; o USDBRL a R$ 3,4750, com queda de 0,34%; o EURUSD a 1,0669, sem alteração; e o ouro a US$ 1.176, com alta de 0,41%.
Fique ligado!
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