Euro: Uma ideia de Jerico!
Ontem foi publicado o índice de inflação CPI e, de
agora em diante, passa a ser um indicador com maior importância, visto
que o FED iniciou o ciclo de normalização dos juros. No post inflaçâo-revanche, tracei um cenário negativo no longo prazo para a inflação americana, onde essa poderia
avançar acima das intenções do FED.
O dado publicado ontem mostra uma tendência da inflação se
dirigir à meta traçada de 2% a.a., e nada até o momento indica maior
preocupação. Por outro lado, existe um alívio pelo fato de não mais indicar deflação.
No passado expliquei a importância de analisar a curva de
juros, um conceito que permite concluir se o mercado vê com bons olhos os
movimentos feitos pela autoridade monetária. Recomendo a leitura do post juros-101. No momento, estamos interessados em saber qual deveria ser a
curva esperada num processo de alta de juros. No post acima, fiz o seguinte comentário:
...” Considerando
o que o FED deseja normalizar os juros num espaço de 2-3 anos, seria razoável
assumir uma curva de juros normal, e se tivesse que acelerar as altas,
"Steep".... Só para lembrar, anexei abaixo como são essas curvas.
Porém, não é o que vem acontecendo nos últimos meses, mesmo
com alta importante observada nos juros de 10 anos. Para ficar mais claro, o
gráfico a seguir mostra a diferença entre os juros de 30 anos contra o de 7
anos, ambos de títulos do governo. O motivo deste intervalo é verificar se existe
expectativa em investimentos de mais longo prazo. Porém, o que se observa é um
achatamento nessa curva, ou seja, os juros mais curtos subiram
mais que os mais longos.
A implicação prática é que o mercado espera que a economia tenha
uma aceleração no curto prazo, mas que não se sustentaria no médio prazo. O FED teria que interromper o ciclo de alta em algum momento. Essa conclusão vem
em desacordo com a minha visão técnica, e caso o mercado esteja correto em
relação ao crescimento da economia no futuro, o meu cenário técnico só se
concretizará com uma alta substancial da inflação.
Estamos entrando muna fase de incerteza sobre o futuro. Aconselho
a não ter uma posição rígida e observar principalmente o que o troglodita fará,
o que não necessariamente é igual ao que ele diz.
Quando a moeda única foi introduzida em 1999, os europeus
acreditavam que seria algo muito bom para todos eles. Os italianos ficaram felizes
da vida, pois para um país que convivia com juros altos, agora poderiam comprar
produtos financiados com juros equivalentes ao que os alemães praticavam.
Viajar pela Europa sem ter que a cada país converter a lira, que era muito
desvalorizada, em outras moedas. La Dolce Vitta!
Só se esqueceram de avisar que para tudo isso dar certo, os
italianos teriam que buscar a produtividade dos alemães, e como isso não
aconteceu, o seu déficit público começou a crescer de forma ininterrupta, até
que o mercado percebeu que investir em euros em qualquer país da Europa não era a mesma coisa. Os juros não podiam ser “one
interest fit all”; parafraseando a expressão “one size
fits all”.
Agora, grande parte dos europeus gostaria de cair fora do
euro, pois se tivessem sua moeda própria poderiam buscar a produtividade através da desvalorização cambial. Eu não acredito na eficiência do
sistema de câmbio fixo e a história é cheia de casos de insucesso ao usar este
modelo. O euro foi uma ideia de jerico!
O último mercado a ser coberto está semana de análises de
longo prazo é o euro. Estamos com uma posição vendida na moeda, com objetivo
inicial de atingir o nível de 1,00. Mas o que poderá acontecer depois disso? Vejamos o gráfico
a seguir.
Antes de qualquer coisa, vejam que eu enfatizei com a linha
azul clara o movimento do euro desde o início de 2009. Acredito que até quem
não entende muito de gráficos já sabe identificar uma correção, o que é o caso.
A moeda única estaria a caminho de completar essa correção de 7 anos, e existem grande chance de se encerrar quando atingir na paridade.
E se não terminar? Como frisei acima, o mundo atravessa um período de mudanças e na minha opinião o ECB está na maior contramão do mundo,
excluindo o Japão que nunca saiu dela. Acho que não vai demorar muito tempo
para que a Europa mostre que está entrando nos trilhos e que sua inflação
também não caminha mais para resultados negativos. Assim, o Super Mário já
deveria ter interrompido as injeções de liquidez. Se eu estiver certo, em algum
momento terá que reverter de forma brusca seu programa, e isso poderá alterar
muito o euro.
Mas, como vocês bem sabem, análise técnica não se
baseia em avaliações subjetivas ou fundamentalistas; somente nos gráficos.
Então, respondendo à pergunta, anotei em rosa quais seriam esses próximos níveis
de queda, 0,85 e 0,75 epor último 0,65.
Não sei se perceberam, mais eu projeto que o euro vai reverter em algum
momento, ou seja, voltara a subir. A moeda única se encontra em seu último
estágio de queda, frisando que essa é uma afirmação com uma visão de longo
prazo. Aviso aos navegantes, vamos comprar euro em algum momento, e ele vai
subir bastante.
Hoje encerro os posts de 2016 e devo voltar à normalidade em
16 de janeiro do próximo ano. Desejo boas festas aos leitores e uma ótima
entrada de ano. Aproveito para agradecer a confiança com o aumento significativo de leitores durante esse ano. Minha responsabilidade
aumenta. Obrigado!
- David, espera aí,
como nós vamos fazer com as posições em aberto? Vai deixar largado?
Hahaha ... sabia que você iria terminar o ano com alguma
cobrança, mas não se preocupe, eu vou atualizando durante esse período;
continue verificando no seu acesso o Mosca!
O SP500 fechou a 2.258, com queda de 0,18%; o USDBRL a R$ 3,3915, com alta de 0,67%; o EURUSD a 1,0456, com alta de 0,42%; e o ouro a US$ 1.133, sem variação.
Fique ligado!
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