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Petróleo de graça é caro!

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A frase popular “de graça até injeção na veia” não vale para o mercado de petróleo, que se encontra em queda livre desde a proliferação do surto de Covid-19. Hoje pela manhã a queda era de 37%, com a cotação a U$ 11. Apenas para lembrar os leitores, há 60 dias estava acima de U$ 50, um tombo descreveria melhor uma queda de 80%. Todas as tentativas de acordo foram em vão, pois essa é uma commoditie definida com demanda inelástica no curto prazo. Isso significa que, uma queda de preços tem um pequeno efeito no aumento da demanda. Além do mais, existe um grande problema em relação as outras comodities, sua armazenagem depende de reservatórios que podem já estar repletos. O mercado de petróleo permanece excessivamente abastecido, uma vez que, os bloqueios para combater a disseminação do coronavírus reduzem a demanda global em cerca de um terço. Os tanques de armazenamento em todo o mundo estão enchendo rapidamente, inclusive no principal centro dos EUA em Oklahoma. "N

Fed: You have a problem!

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O Fed está nacionalizando (ou privatizando, dependendo de quem vê o Fed como público ou privado) todo o mercado de capitais em um ritmo nunca antes visto na história. Como mostra o gráfico a seguir do Deutsche Bank, o ritmo atual de compras semanais do Tesouro é simplesmente impressionante, sem paralelo com nada visto antes na história. Não é apenas o Fed: com o QE oficialmente de volta, todos os bancos centrais estão injetando bilhões de liquidez no mercado de títulos e ações. No auge do final de março, o Fed comprava US $ 75 bilhões em títulos do Tesouro todos os dias, e agora reduzimos para "apenas" US $ 30 bilhões por dia. Essas enormes compras do Fed combinadas com as taxas que se encontram estáveis nas últimas semanas, se pergunta onde estariam as taxas de 10 anos se o Fed não tivesse intervindo. À medida que o Fed se afastar gradualmente nas próximas semanas, e a emissão do Tesouro continuar aumentando para financiar o estímulo fiscal, o merca

Os estragos da Covid-19

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Dentro da minha estratégia de observar os fatos para entender as potenciais mudanças, que estão ocorrendo na população mundial, a publicação do seguro desemprego nos EUA revelou uma triste e preocupante realidade. O total de 22 milhões de empregos terminados equivalem ao total acumulado nos últimos 10 anos. Talvez duas boas notícias obtidas em outras fontes dão conta que: a metade do desemprego são de empregos temporários, sugerindo que, muitos poderão retornar rapidamente se as condições melhorarem; os últimos dados obtidos pelo Google Trends sugerem que o interesse em seguro desemprego diminuiu. Um outro dado sobre o perfil dos empregos nos EUA e Inglaterra apontam para resultados semelhantes nos dois países, as pessoas que ganham mais conseguem fazer seu trabalho de casa, e os mais jovens e menos especializados perdem mais empregos. É razoável supor que, essas pessoas que perderam o emprego deverão demorar um bom tempo quando a economia voltar a condições normais. M

Estatização da moeda

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A credibilidade da moeda de um país é essencial para que as empresas, indivíduos e órgãos funcionem com presteza. Numa sociedade livre é importante separar o governo de seu banco central, pois caso contrário, os políticos podem se dar o direto de efetuar gastos sem limites. É assim que funcionam nos países democráticos, mas não mais. Os bancos centrais assumiram uma posição que coloca em risco todo esse arcabouço, com injeções de recursos para a compra de diversos ativos contendo risco. Esse resultado começou com a primeira incursão do Fed em nacionalizar (ou privatizar, dependendo de como se vê a estrutura acionária do Fed) mercados com QE1 e que agora está culminando em um frenesi sem precedentes de dinheiro de helicóptero, no qual todo banco central está monetizando o que todo tesouro está emitindo. Isso pode ser visto no gráfico a seguir, que mostra que, após adicionar os dados mais recentes do balanço do BCE, os Bancos Centrais do G3 (Fed, BCE, BoJ) injetaram um total de U

Divagações sobre o futuro

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O que mais temos visto nos últimos dias, quando o assunto é economia, diz respeito as previsões sobre o impacto do Covid-19. Já vi os mais variados possíveis, e sobre todos tenho uma certa dose de precaução. O motivo principal é a quantidade de dúvidas que existem. Eu poderia enumerar diversas, as principais seriam: 1.        Quando a economia voltara a pelo menos 80%/90% do que era? 2.        As pessoas irão alterar seus hábitos? 3.        Uma nova onda de contaminação poderá acontecer depois de tudo liberalizado? A primeira dúvida pode ser respondida com uma certa confiança, pois a contaminação é previsível através de modelos matemáticos, que tem funcionado relativamente bem para os países que fizeram o confinamento, com a adesão de grande parte da população. Aqui no Brasil estou preocupado com a reação dos brasileiros nos últimos dias, que tem lentamente abandonado a quarentena. Espero que não tenhamos situações como as que vem acontecendo no Equador. As próximas 2

Intervencionismo

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Com tamanha intromissão pelos governos e bancos centrais na economia mundial é razoável se perguntar se ainda existe mercado livre. Um relatório elaborado pelo Deutsche Bank diz que, após a aquisição de ativos sem precedentes pelo Fed nos mercados de capitais, adverte não mais existir um mercado livre. Todos os bancos centrais desenvolvidos reduziram as taxas para zero e compraram trilhões de ativos. A inflação é muito baixa. Uma armadilha de liquidez global pode estar em formação. Em um mundo de controle internacional da curva de juros e preços de ativos administrados, o que isso significa para o câmbio? A teoria econômica clássica sugere que baixa volatilidade nas taxas deve significar baixa volatilidade no câmbio. Se os bancos centrais não podem alterar rendimentos ou inflação, também nada muda nas taxas de câmbio. Argumentamos que esse efeito servirá para diminuir bastante a volatilidade do câmbio originária dos mercados de títulos. Os anúncios de taxa de juros do ban

Fed compra Coca-Cola e Grapete

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Quem é da velha guarda deve lembrar quando os distribuidores de bebidas só vendiam aos bares Coca-Cola se viesse junto um pedido de Grapete. Essa última era um refrigerante de uva com um gosto horrível.   Estamos assistindo a maior injeção de recursos da história. Os governos ao redor do mundo buscam evitar uma crise deflacionaria em suas economias em virtude do Covid-19. Naturalmente os EUA ficam com a maior parcela, haja visto que, é a maior economia do mundo. Os estímulos vêm pela parte monetária e fiscal, ficando cada órgão equivalente responsável pela sua implantação. O Fed, além dos U$ 2,0 trilhões já anunciados em diversos programas, decidiu entra num novo negócio, a compra de papeis emitidos pelas empresas com classificação de risco BBB, conhecido no jargão de mercado com Junk Bonds , o próprio nome já diz tudo “títulos lixo”! E não é pouca coisa, são U$ 2,3 trilhões onde pretende fazer um bom negócio. Desta forma, o Fed vai muito além das funções de emprestad