A inflação viralizou #SP500

 


Desde o final de 2020 o Mosca vem alertando para o risco de a inflação subir mais que o desejado, e esse assunto motivou nosso Tema para este ano. Os mercados já projetavam juros e inflação mais elevados, e pouco a pouco o tem foi ganhando importância, sendo hoje amplamente pesquisado no Google Trends.



Esta semana o assunto pesou no mercado de ações, depois que a publicação na última sexta-feira dos dados de emprego veio muito abaixo do que se esperava, sendo o motivo do desvio, atribuído à falta de mão de obra — não porque não existe folga, já que a taxa de desemprego se encontra em 6,1%, mas porque a distribuição de cheques à população coloca os trabalhadores em situação confortável, sem precisar buscar trabalho.

Qualquer que seja a razão, essa situação de demanda de empregos maior que a oferta é um fator que pressiona a inflação, pois os salários oferecidos serão maiores para atrair funcionários de outros setores.

Com tudo isso acontecendo, agregado à falta de estoque por descompasso na cadeia produtiva e à alta expressiva nos preços da commodities, o mercado ficou preocupado. Além disso, amanhã serão publicados os dados de inflação no índice do CPI, que por si só, será elevado pelo fator estatístico, conforme comentei anteriormente.

Provavelmente, os próximos meses serão pressionados — afinal todos os pontos mencionados acima devem perdurar por algum tempo.

No Brasil, foi publicado o IPCA de abril em 0,31%, que ficou levemente acima da previsão dos analistas de 0,29%; a taxa anual saltou para 6,76% acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central.




Passa a ser importante o acompanhamento do índice de difusão: se subir, indicará uma certa indexação nos diversos setores, implicando uma chance menor de queda da inflação. Esse indicador passou de 62,6% em março para 65,5% em abril, um nível que se pode considerar elevado.

O Banco Central brasileiro publicou a ata da última reunião do COPOM e nela indica que se o colegiado ultrapassar a alta prevista pelo mercado neste ano, para 5,5%, em direção ao juro neutro de 6,5%, a inflação projetada ficará significativamente mais baixa que a meta. Em outras palavras, não deverá subir os juros aos níveis apontados nos mercados futuros.

Eu tenho uma crítica na condução desse ciclo de alta de juros. Se a taxa desejada pelo BC é 5%, por exemplo, por que não eleva de uma vez e diz que entrará em pausa para analisar os próximos meses?  É verdade que, para quem toma empréstimos ou investe nas taxas pré-fixadas, essas altas estão explicitas nesses níveis mais elevados. Mas por que não terminar com a dúvida?

Minha única razão para explicar essa alta em degraus seria porque nem eles sabem exatamente o nível ideal.

É, parece que o assunto inflação viralizou!

No post destruição-criativa-em-andamento, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” Esse movimento modificou um pouco minhas expectativas, que começaram a se materializar na última semana. Veja o gráfico a seguir” ... ...” A correção em andamento deveria terminar ao redor de 4.080. Em seguida, um novo movimento de alta levaria o SP500 ao patamar de 4.350/4.380 - níveis ainda tentativos” ...



Na semana passada o mercado deu um alarme falso ao atingir novas máximas a 4.240. Isso me fez acreditar que a correção de curto prazo teria terminado e as altas se sucederiam. Porém, a violação de um ponto hoje pela manhã colocou novamente em curso a opção que havia traçado acima.

Conforme apontado no gráfico a seguir dentro do retângulo em azul, a correção esperada deveria atingir 4.090, para em seguida voltar a subir com objetivo entre 4.280/4.311 (elipse em amarelo).



- David, está difícil da bolsa subir essas últimas semanas, qual o cenário alternativo?

Estou gostando, você aprendeu a ficar mais cauteloso. Bem, a queda máxima admitida no cenário que eu estou trabalhando está anotada em vermelho acima, ou seja, se o SP500 cair abaixo de 3.978, provavelmente a onda de alta foi “encurtada” e entraremos numa correção mais demorada e que teria novas quedas à frente.

Como esse não é meu cenário básico, vou deixá-lo de lado por enquanto e observar o que acontece nos próximos dias. Fique atento amanhã a publicação do CPI americano.

Queria complementar o assunto sobre ações no portfólio para um gráfico interessante sobre a performance do índice Russell 1000 (pequena e medias empresas) da bolsa americana, desde 1990. A seguir, a barra cinza mede a percentagem de ações que tiveram retorno positivo num determinado ano, enquanto a azul a percentagem com retorno negativo. O ponto vermelho corresponde ao retorno anual.



Mesmo quando o mercado está em alta há sempre uma série de ações que está em baixa.

Por exemplo, mesmo em um ano positivo como 2017, quando o Russell 1000 subiu quase 22%, um quarto de todas as ações do índice sofreram perdas. Não há anos em que o índice esteja em baixa e nenhuma ação esteja baixa.

O ano do acidente Corona foi fora da curva. Investir no mercado de ações raramente é tão fácil.

Se hoje um punhado de ações individuais está no vermelho até o momento, entenda que é assim que funciona.

Investir em ações individuais é difícil. Grandes quedas são mais frequentes. Ganhos maiores são possíveis, mas também são passiveis de perdas maiores.

Há momentos em que investir em fundos de índice fará você se sentir como um tolo — assim como existem momentos em que investir em ações individuais fará você se sentir como um tolo também.

O SP500 fechou a 4.152, com queda de 0,87%; o USDBRL a R$ 5,2173, com queda de 0,19%; o EURUSD a 1,2148, com alta de 0,16%; e o ouro a U$ 1.837, sem variação.

Fique ligado!

 

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