Inflação X Bolsa #SP500

 


Na semana passada fiz uma apresentação para os alunos de pós-graduação da FEA – Faculdade de Economia e Administração da USP, e o tema não podia deixar de ser: Inflação nos EUA – Oportunidades e Riscos. Eu imagino que os leitores estão um pouco cansados desse assunto, mas hoje em dia ele só perde para as notícias de vacinas aqui no Brasil. Ao assistir qualquer jornal, fico realmente perdido para entender quantas vacinas estão chegando. Se fosse só por essa fonte, parece que teríamos num futuro próximo mais de um bilhão —certamente tem contagem dupla.

Estou anexando um link Inflação caso queiram ter acesso aos slides dessa apresentação.

Um artigo de Michael Batnick, cujos meus comentários estão no final, chamou minha atenção.

Inflação é a palavra do dia.

A história de capa do Barron's deste fim de semana foi A Inflação Está Aqui e Mais Quente do Que Parece. Por que é hora de se preocupar.

Mas as pessoas não têm que ler uma publicação financeira para saber que há inflação. Elas sentem ao seu redor, especialmente os donos de empresas. Um número quase recorde de empresas planeja elevar seus preços.


Custos mais altos são ruins para os consumidores, mas podem ser bons para as empresas. Sua capacidade de repassar custos é a razão pela qual as ações podem ter um bom desempenho em períodos de aumento de preços.

Mas quando os preços sobem muito rápido, tudo pode sair dos trilhos, como vimos na década de 1970. Naquela década, o S&P 500 subiu 5,9% ao ano, mas não foi suficiente para acompanhar os preços ao consumidor, que cresceram 7,4%.

A alta inflação destrói moedas, prejudica a sociedade e pode acabar com economias e mercados de ações. A década de 1970 foi a pior versão disso. Tivemos preços crescentes sem uma economia acelerada. A estagflação resultou na pior década real de todos os tempos para as ações.

Entendo por que as pessoas que sobreviveram a isso têm medo de que aconteça de novo. A inflação acelerada é inequivocamente destrutiva. Mas e a inflação acima da média?

Se você olhar para a inflação através da lente de um investidor de ações, verá que ela não é um bom determinante dos preços das ações. O gráfico abaixo mostra a variação mensal da inflação em relação ao retorno mensal das ações. Olhar para esses itens simultaneamente pode não ser a maneira ideal de mostrar como a inflação impacta as ações, mas eu acho que é bom o suficiente, e eu não estou interessado em torturar os dados.



Este gráfico mostra o que já sabemos. Alguns dos piores meses ocorreram durante períodos de rápido aumento dos preços. Mas também mostra muita distorção. A inflação é um fator crítico, mas é apenas um fator.

Você não pode falar de inflação sem falar de lucros. Ou salários. Ou taxas de juros. Ou política fiscal ou política monetária. Ou o ritmo da inovação. Ou avaliação. Ou sentimento.

Um segundo atrás, eu pedi para você olhar para a inflação na ótica de um investidor, mas você não precisa ter uma conta de corretagem para sentir o aumento dos preços, e é isso que faz dela uma incógnita. Você sente inflação na bomba de gasolina e no supermercado. E se as pessoas estão preocupadas com o aumento dos preços, isso por si só pode fazer com que os preços subam. Normalmente não sou fã de argumentos do tipo "bola-de-neve" ou "auto-realizadores", mas esse me sensibiliza.

Não há como dizer quanto tempo levará para a oferta alcançar a demanda, mas parece haver uma escassez de tudo agora. Essa é a má notícia. A boa notícia é que as empresas podem repassar o aumento dos preços. A inflação não precisa derrubar o mercado de ações.

O gráfico acima me faria concluir que o nível de inflação e o retorno da bolsa não têm correlação. Se nota que a deflação é muito mais nefasta, o que é mesmo, pois nesses períodos normalmente acontece uma recessão, mas mesmos estes têm diversos pontos com retorno positivo.

Por que essa minha observação? Eu esperaria um série de pontos mais concentrados em retornos positivos ao redor de inflação entre 0% / 3% e nas extremidades à esquerda e à direita retornos negativos, como busquei desenhar na figura abaixo.



Como esse gráfico contempla retornos mensais, alguma “sujeira” existe, porém deveria ser algo diferente da realidade.

Sendo assim, poderíamos concluir que as ações não são afetadas pela inflação? De forma alguma, porém, outros fatores são igualmente importantes. Na situação atual, como as injeções efetuadas pelos bancos centrais, bem como o estímulo fiscal são sem precedentes, prefiro não ter que testar essa situação na prática.

Sobre a inflação publicada recentemente, as grandes variações se devem a itens muito relacionados à abertura da economia. Esses itens, embora tenham uma participação pequena no índice, ocasionaram por sua magnitude, a alta expressiva ocorrida em abril. Espera-se que seja temporária. A conferir.



No post a-inflação-viralizou,fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” Conforme apontado no gráfico a seguir dentro do retângulo em azul, a correção esperada deveria atingir 4.090, para em seguida voltar a subir com objetivo entre 4.280/4.311 (elipse em amarelo)” ...



A mínima atingida na semana passada em 4.056, ficou próxima ao nível apontado acima. Mas tudo isso ainda não é conclusivo em relação a alguns cenários possíveis. Meu acompanhamento gráfico mais parece uma arvore de Natal. Quando agrego ao site, dou uma limpada para não confundir os leitores.

Em outras palavras, o SP500 está pisando em ovos, sendo necessário que a continuidade da alta retome. Abaixo aponto os níveis críticos tanto para um lado como para o outro.



O nível de 4.128 é um stop loss relativo ao cenário que estou trabalhando, não é o stop loss de nossa posição, que continua o mesmo: 4.000. O SP500 para limpar o caminho da alta precisa ultrapassar os níveis apontados em azul —4.196/4.235. Acontecendo isso, o primeiro objetivo se encontraria em 4.420, conforme destacado na elipse em amarelo.

O SP500 fechou a 4.127, com queda de 0,85%; o USDBRL a R$ 5,2607, sem variação; o EURUSD a 1,2222, com alta de 0,60%; e o ouro a U$ 1.869, com alta de 0,11%.

Fique ligado!

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