O apelo do preço #USDBRL
As ações de segunda linha, conhecidas como small
caps, voltaram a ganhar os holofotes. Após anos de submissão às chamadas
“Magníficas Sete” — hoje talvez oito, com a Oracle tentando se juntar ao grupo
— esse segmento ressurgiu com vigor e conquistou espaço nas manchetes.
Analistas e jornalistas, que por tanto tempo defenderam sua atratividade,
sentem-se agora recompensados, como se o mercado tivesse finalmente validado
suas teses. A dúvida, no entanto, permanece: trata-se de uma virada estrutural
ou apenas de um clarão passageiro?
O contraste de resultados é evidente. As
gigantes da tecnologia continuam disparadas na frente em termos de lucro por
ação, sustentando a preferência estrutural dos investidores. Ainda assim, o
rali recente das small caps nos Estados Unidos, refletido no índice
Russell 2000, que alcançou uma nova máxima histórica, reacendeu a discussão
sobre preço e oportunidade. Esse entusiasmo, porém, encontra barreiras: a
dependência quase absoluta da política monetária e o histórico de retornos
inferiores em relação às líderes de mercado.
Esse debate está longe de ser novidade. John Authers observou recentemente que os cortes de juros foram cruciais para reacender o apetite por ações menores. Sensíveis ao custo de financiamento, as small caps reagem de forma imediata ao alívio monetário. A questão, contudo, é se essa valorização pode ser sustentada. Quase 40% das empresas do índice ainda operam no vermelho, concentradas em setores de tecnologia sem lucro ou em biotecnologia de estágio inicial. Uma simples política de juros benevolente não basta: muitas dessas companhias dependeriam de taxas próximas de zero e estímulos quantitativos, condições que dificilmente retornarão tão cedo.
Há, contudo, uma narrativa sedutora: o preço.
Comparadas às líderes, as small caps parecem baratas. O “apelo do preço”
nasce justamente desse contraste entre valorizações esticadas no topo e
descontos evidentes na base. É esse tipo de atrativo que leva investidores,
embalados pela esperança de reversão, a se anteciparem ao mercado.
Mas aqui surge um alerta indispensável. O
estudo *Mind the Gap 2025*, publicado pela Morningstar, demonstra como o
próprio comportamento do investidor mina seus retornos. Nos últimos dez anos,
enquanto os fundos de ações e ETFs entregaram em média 8,2% ao ano, o
investidor médio capturou apenas 7,0%. Essa diferença aparentemente modesta de
1,2% ao ano representou, quando acumulada, uma perda de 15% no período. Um
custo invisível, mas devastador.
O ponto central é que a busca incessante por acertar o momento — “comprar barato e vender caro” — quase sempre produz o oposto. Os fluxos aumentam após altas expressivas e secam depois de quedas, consolidando o padrão de “comprar na máxima e vender na mínima”. E não se trata de uma armadilha exclusiva do investidor individual: mesmo gestores profissionais caem nesse viés.
Ao longo da minha trajetória, testemunhei
inúmeras vezes essa armadilha em ação. Clientes, fascinados por relatórios que
prometiam a redescoberta das small caps, entravam pesadamente nesses
papéis durante ciclos de euforia. Meses depois, decepcionados, liquidavam
posições no prejuízo e juravam nunca mais repetir o erro. Pouco tempo passava
e, diante de nova onda de otimismo, lá estavam de volta, convencidos de que
“desta vez seria diferente”.
O estudo da Morningstar dimensiona esse custo
oculto com precisão. Categorias como fundos setoriais e de ações internacionais
apresentaram os maiores gaps, justamente por servirem como instrumentos
oportunistas, guiados pela performance passada. Já fundos de alocação
automática, como os de data-alvo, registraram lacunas bem menores, por
limitarem a impulsividade dos cotistas.
A lição é cristalina: quanto mais o investidor gira sua carteira, mais se distancia do retorno potencial. Fundos com maior volatilidade geraram, em média, maiores perdas relativas para os cotistas. Em outras palavras, não basta selecionar o ativo correto; é preciso permanecer nele. O tempo, no mercado, vale tanto quanto a escolha.
Essa conclusão dialoga diretamente com a
discussão sobre small caps. É verdade que o preço parece convidativo e
que, em certos momentos, essas ações superaram as gigantes. Mas paciência e
disciplina são cruciais para capturar esse prêmio. Entrar em meio à euforia
coletiva e sair na primeira turbulência é repetir o ciclo que gera o tal gap.
O Mosca insiste: preço, por si só, não garante
retorno. É tentador abraçar narrativas de reversão — sobretudo quando
jornalistas e analistas proclamam “eu avisei”. Mas a experiência mostra que a
disciplina em manter a estratégia, resistindo ao impulso de perseguir o ativo
da moda, é o que de fato gera valor no longo prazo.
O verdadeiro apelo não está apenas no preço das ações, mas na resiliência do investidor em atravessar o percurso. O mercado é implacável em testar convicções; o diferencial está menos em escolher o papel certo e mais em evitar os movimentos errados.
Análise Técnica
No post “mandato único” fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: “Vou continuar com a janela de 2 horas para que
vocês observem melhor minhas dúvidas. Com marcação em preto se nota claro as 3
ondas que poderia ser a onda a mencionada acima, já a marcação em
laranja poderia ser a onda b e na sequência deveria se desdobrar
a onda c. Para que o movimento de alta seja valido, o dólar não poderá
atingir R$ 5,4078, pois se isso ocorrer, se denota 5 ondas de queda indicando
que o dólar está vulnerável a novas quedas”
Eu busco encontrar um ponto de reversão do dólar num movimento de correção como expliquei no post acima o funcionamento de uma onda 5 diagonal. Essa busca é como no futebol um time se tranca na defesa para não tomar gol, o adversário busca a toda hora, mas se a defesa é bem fechada acaba não conseguindo, mas sem dúvida parar quem assiste é angustiante.
Para que o leitor entenda, hoje público o
gráfico semanal. Nele se pode ver a tese que venho adotando de que o dólar
deveria visitar a casa dos R$ 7,00 no futuro. No nível atual de R$ 5,33, para
eliminar minha contagem o dólar deveria romper R$ 4,70, uma queda de
aproximadamente 12% dos níveis atuais, e aí sim, e como se tomasse um gol. Até
lá não dá para saber onde (se houver) ocorre a reversão.
- David, acho melhor você aumentar suas férias com esse tipo de previsão estou perdendo oportunidade na venda.
A última postagem faz 4 semanas e desde então o
dólar caiu 1,3%, não é esse tipo de retorno que o Mosca busca. Mas entendo sua
angústia afinal o dólar é um ativo de destaque em qualquer parte do mundo. No
final de semana um amigo me perguntou sobre o dólar, afinal, ficou quatro
semanas sem o post para se guiar. Como poderia eu responder que pode cair
(curto prazo) e subir (médio prazo). Acabei não respondendo e sugerindo que
lesse o Mosca de hoje.
Venho enfatizando que ondas diagonal são um
desafio para se posicionar, e esse movimento não é diferente, é logico que ex
post é fácil opinar. Quero destacar que minha contagem aguarda o final de um
ciclo de alta da onda 5 vermelha e depois um período de queda deve se
suceder. Tenho uma outra contagem nesse sentido onde essa onda já terminou, mas
não considero a opção mais provável no momento.
Uso uma regra que é: quando o mercado não é
claro melhor não fazer nada.
O S&P 500 fechou a 6.693, com alta de 0,44%;
o USDBRL a R$ 5,3372, com alta de 0,22%; o EURUSD a € 1,1801, com alta de
0,47%; e o ouro a U$ 3.747, com alta de 1,73%.
Fique ligado!
Se o governo americano quer substituir importações, o contrapeso tem que ser um dólar mais fraco, não? A força do dólar vem dos EUA consumindo produtos do resto do mundo.
ResponderExcluirAs cotações de moeda são estabelecidas pelo fluxo financeiro onde os agentes levam em consideração muitas variáveis. Sempre notei essa ideia que o câmbio dá o tom para o comércio do país. Sinceramente não compro essa ideia, não que não tenha impacto sobre as transações mas é consequência do fluxo e não de uma estratégia para valorizar ou desvalorizar. Estou sendo bastante pragmático e pode parecer que desafio a lógica, mas qualquer estratégia para uma determinada politica cambial irá afetar a estrutura de juros e as reservas desse país. O movimento do dólar em 2025 é totalmente contrário ao que deveria ocorrer com as tarifas impostas pelo Trump, não foi o comércio que levou o dólar para baixo mas sim o fluxo dos estrangeiros que apostam num dólar mais fraco pela insegurança criada no Fed.
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