O Fed seria reprovado #OURO #GOLD #EURUSD
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária americano se reúne para definir a taxa de juros. O mercado já trata como certa uma redução de 25 pontos-base, o que levaria o Fed Funds para 3,75%. Mas diante dos números disponíveis — e do cenário global — essa decisão seria mesmo correta?
Se pedíssemos a um grupo de economistas experientes para avaliar a situação, o
quadro seria mais ou menos o seguinte:
- O crescimento no último trimestre está ao redor de 3,8%, segundo o GDPNow do
Fed de Atlanta, o que sugere uma economia ainda muito forte;
- A inflação estável em torno de 3% ainda supera a meta de 2%;
- Um presidente que age por impulso, elevando tarifas de importação quando bem
entende — política inflacionária que obriga empresas a escolher entre subir
preços ou reduzir margens;
- Um mercado de trabalho robusto, com sinais pontuais de enfraquecimento, mas
sem colapso;
- E uma revolução digital em curso, impulsionando investimentos vultosos em
inteligência artificial e infraestrutura, com potencial de elevar a
produtividade nos próximos anos;
- Tudo isso sendo decidido sem dados oficiais atualizados, já que parte do
governo está paralisada.
Diante desse cenário, bastaria apresentar três opções: subir, manter ou baixar
os juros. Se essa decisão fosse submetida a voto, poucos escolheriam a terceira
alternativa. O Mosca arriscaria que menos de 5% dos economistas defenderiam um
corte agora — e, com ironia, talvez os mesmos dispostos a agradar o presidente.
A maioria manteria a taxa, e uma minoria — na qual eu me incluo — aumentaria os
juros.
Política monetária não é torcida
Política monetária não se faz arriscando. Faz-se com prudência, quando a
realidade é mais forte que as projeções. Mesmo que se aceite o argumento de que
as tarifas são temporárias, a taxa real de juros em torno de 1% é baixa num
ambiente de crescimento firme e pressões de preços latentes.
Bill Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, alertou que cortar agora seria
apostar na sorte: a economia segue robusta, as condições financeiras se
afrouxaram e a inflação ainda está acima da meta.
O gráfico do Atlanta Fed GDPNow mostra a escalada das projeções de crescimento,
aproximando-se dos 4%, um número incompatível com a ideia de que a política
atual é “restritiva”.
O vício dos juros baixos
O mundo se acostumou a juros artificialmente baixos. Allison Schrager alerta que, como o Japão já mostrou, controlar a curva de juros por tempo demais cria uma “economia zumbi” — empresas ineficientes mantidas vivas por crédito barato.A tentação é grande: reduzir os custos de financiamento, estimular o consumo, empurrar os problemas para a frente. Mas o preço vem depois — crescimento anêmico e distorções permanentes.
Entre a euforia e a complacência
Do outro lado, o mercado vive o otimismo de uma nova era tecnológica. Justin
Fox lembra que as ações americanas estão quase tão caras quanto na bolha da
internet, mas com uma diferença: agora as empresas são lucrativas e bem
geridas.
Ainda assim, os múltiplos atuais do S&P 500 lembram 1999 — e ninguém ignora
o que veio depois. Enquanto isso, o Project Syndicate alerta para a
complacência dos investidores, cegos pelos ganhos de curto prazo e pelo apoio
tácito do Fed.
O copo meio cheio e a prova do erro
Daniel Moss definiu bem o momento global: “a economia do copo meio cheio”. O
mundo cresce 3,2%, segundo o FMI, e ainda não entrou em recessão — mas a
desaceleração é clara e o espaço de manobra, cada vez menor.
O perigo é confundir resiliência com imunidade. No balanço dos fatos, o Fed
seria reprovado.
Não por erro técnico, mas por falta de coragem. A coragem de reconhecer que, ao
aliviar cedo demais, o banco central arrisca destruir a própria credibilidade.
O Fed está prestes a errar por excesso de confiança, e o mercado aplaude. A
história mostra que os piores erros econômicos são cometidos não quando falta
informação, mas quando sobra autocomplacência. Se política monetária é uma
prova, o Fed, desta vez, seria reprovado.
Análise Técnica
No post “conta-de-padeiro”, comentei sobre o ouro: “E nada dos preços
pararem: o movimento parece parabólico, desafiando qualquer contagem. Eu, por
exemplo, acabei refazendo a minha, e como podem ver no gráfico abaixo, ela já
foi ultrapassada. Onde vai parar? Não sei, mas não entro nesse ‘oba-oba’ motivado
por receios e não por fatos. A onda 4 amarela, quando acontecer, deve
levar o metal para a casa dos US$ 3.000 — uma queda superior a 30%.”
Será que o mercado se assustou com a publicação acima do Mosca? Claro que não — assustou-se com o preço.
A questão agora é: para onde vamos daqui em diante?
A primeira pergunta é se a onda 3 amarela e (5) vermelha terminaram. Vou deixar isso um pouco de lado para observar o quadro de mais longo prazo.
Se a onda 4 amarela estiver em vigor, posso adiantar dois pontos:
1. o movimento deve levar meses para se completar;
2. o recuo provável ficaria entre US$ 3.500 e US$ 3.000, nada agradável para quem está comprado acreditando que “o céu é o limite”.
Destaquei também uma área intermediária (pela elipse no gráfico) que pode funcionar como candidata à reversão.
Ao fazer um zoom e observar o gráfico de duas horas, ainda não é possível contar cinco ondas completas. É necessário que o nível de US$ 4.008 seja rompido, sem violar US$ 4.188.
Antes que meu amigo pergunte: o que ocorre se o ouro violar US$ 4.188?
Esse movimento representaria apenas uma retração, e o ouro ainda teria espaço para subir no curto prazo.
Em relação ao euro, escrevi: “O euro está se recuperando dentro do esperado. O primeiro nível está quase sendo atingido, mas, como mostra a coloração azul, não é o cenário mais provável. Importante frisar que, segundo minha contagem, estamos dentro de uma macro correção e, como tal, não adianta projetar objetivos de longo prazo — um passo de cada vez.”
O euro avançou até a coluna do meio e atingiu exatamente € 1,1728.
Podemos embarcar na venda? A onda (2) vermelha parece ter pouca duração, o que implicaria numa alta conforme o símbolo verde; por outro lado, a onda (3) vermelha pode já estar em curso, prestes a ganhar tração.
Para simplificar, prefiro esperar o rompimento de € 1,1542 para sugerir venda.
O S&P 500 fechou a 6.738, com alta de 0,58%; o USDBRL a R$ 5,3861, com queda de 0,27; o EURUSD a € 1,1615, sem variação; e o ouro a U$ 4.116, com alta de 0,46%.
Fique ligado
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