Ninguém vale U$ 1.0 trilhão #nasdaq100 #NVDA #TSLA

Desde que levou o famoso “puxão de orelha” de Trump, Elon Musk andava estranhamente discreto. Para quem vive de holofote, isso já é um incômodo. Mas bastou o silêncio durar algumas semanas para o bilionário voltar ao palco com uma proposta indecorosa: um pacote de remuneração que pode chegar a U$ 1 trilhão.


A explicação, segundo ele, é simples — seria uma recompensa justa pelos resultados alcançados na Tesla. Mas a justificativa desaba ao primeiro sopro de racionalidade. Os 12 marcos que precisariam ser atingidos para liberar o pagamento soam mais como uma encenação para justificar o exagero. Musk não está apenas sendo remunerado pelo que entregou — está, sobretudo, sendo premiado pela aura que criou em torno de si mesmo.

O mito do insubstituível

Há décadas, convivo com a mesma ilusão nos mercados: a de que certos executivos são “insubstituíveis”. Essa ideia, para mim, é sempre um alerta. Se uma empresa acredita depender tanto de uma pessoa, deveria ao menos negociar um grande desconto — afinal, se esse gênio morre num acidente, como fica o negócio?

O exemplo mais notável do outro extremo é Warren Buffett, cuja genialidade nunca se transformou em culto pessoal. Buffett construiu valor por meio de um modelo consistente, transparente e disciplinado, em nada parecido com o caos criativo de Musk.

A Tesla, ao contrário, parece ter se tornado uma confusão ambulante. É difícil definir se é uma empresa de automóveis, baterias, inteligência artificial, robotáxis ou humanoides. Musk mistura tudo — e quando lhe ocorre uma nova ideia “revolucionária”, mete a mão no caixa da empresa. É o lado sombrio da genialidade: o criador se confunde com a criatura, e a fronteira entre inovação e delírio fica cada vez mais tênue.

O preço da adoração

Os acionistas da Tesla acabaram aprovando o pacote trilionário — não exatamente por convicção, mas por medo. Musk deixou claro: se a proposta fosse rejeitada, abandonaria o comando. Em outras palavras, um ultimato travestido de meritocracia.

Essa chantagem corporativa não é nova. Já vi muitos executivos tentarem convencer conselhos de administração de que “sem eles a empresa não sobrevive”. Em geral, é um sintoma de fragilidade institucional. Uma companhia sólida deveria sobreviver até à morte do seu fundador — e, se não o faz, é porque não é sólida o bastante.

O caso Tesla expõe uma verdade incômoda: parte do mercado se comporta como fã-clube. As decisões são guiadas por fé, não por fundamentos. O resultado é um preço/lucro (P/L) em torno de 220 vezes, que destoa completamente da realidade das outras gigantes tecnológicas. A Tesla, nesse sentido, distorce o próprio grupo das “Sete Magníficas”, inflando artificialmente o múltiplo médio do setor.

O império das narrativas

O que me chama atenção é a transformação de Musk em um ativo de marketing. Ele não é apenas o CEO — é o produto. Sua imagem projeta poder e rebeldia; sua comunicação direta nas redes cria a sensação de proximidade; e seus devaneios tecnológicos alimentam a crença de que ele está sempre um passo à frente da humanidade.

Mas por trás da retórica futurista, os resultados são cada vez mais questionáveis. A margem da Tesla encolhe, a concorrência aumenta e as promessas de robotáxis e humanoides continuam no campo das apresentações de slides. O mercado, porém, parece preferir o espetáculo ao balanço.

Os próprios analistas da Bloomberg observam que o valor de mercado da Tesla já supera em múltiplos os lucros projetados, algo que dificilmente se sustenta no longo prazo.


O dilema do investidor racional

Na análise técnica, reconheço que ainda há espaço para movimentos de alta — e é justamente por isso que não me declaro vendedor a descoberto. Mas, do ponto de vista fundamental, o desconforto é enorme.

Já vivi de perto ciclos assim. Nos anos 90, quando o mercado se encantou com a “nova economia”, a lógica era a mesma: lucros não importavam, o futuro justificava tudo. O desfecho, todos conhecem.

A diferença é que, agora, o protagonista é mais midiático. Musk aprendeu a operar não apenas empresas, mas emoções. Ele molda expectativas, manipula percepções e vende esperança como poucos. A aprovação do pacote bilionário não é um voto de confiança — é um voto de dependência.

A Tesla hoje é menos uma empresa e mais uma narrativa — e, como toda narrativa, depende do autor continuar escrevendo. O problema é que autores, por mais geniais que sejam, não são eternos.

Ninguém vale tudo isso

O mercado, quando se deixa hipnotizar por personagens, perde a capacidade de avaliar riscos. Ninguém vale U$ 1 trilhão — nem Musk, nem Buffet, nem Jobs se estivesse vivo. Porque, no fim, as empresas deveriam valer pelos seus fluxos de caixa futuros, não pelos mitos que as cercam.

A Tesla continua sendo uma empresa admirável em muitos aspectos, mas está se transformando em um espelho do próprio ego de seu criador. Quando a genialidade passa a servir a si mesma, o risco é que o sonho acabe se tornando uma caricatura.

O Mosca sempre defendeu que o mercado recompensa quem pensa fora da manada — mas pensar fora não é viver fora da realidade. A história mostra que toda idolatria corporativa termina igual: com o público acordando tarde demais.

E como já disse antes, ninguém vale U$ 1 trilhão.

Análise Técnica


Há pouco mais de um ano, no post “momento-critico”, fiz os seguintes comentários sobre a Tesla: “Fiz um ajuste na onda IV verde, que me parece estar formando um triângulo – menos mal para Musk, pois a queda pode ser menor do que eu estava imaginando.”


Triângulos em Elliot Wave se formam sem uma configuração padrão; podem se alongar, se estender.
Como podemos identificá-los? Como destaquei no gráfico a seguir, os movimentos se fazem em três ondas em zigue-zague, de um lado para o outro.
Comparem com o gráfico acima para notar que minha primeira suposição foi bem diferente do que ocorreu.


Como ficamos? A Tesla se encontra bastante próxima da máxima histórica de U$ 490.
Desta forma, se ultrapassar esse nível, o caminho para novas máximas estará aberto; caso contrário, se o triângulo estiver se formando,
uma queda até U$ 300 seria um bom nível de entrada. Em todo caso, antevejo altas futuras a níveis bastante elevados.
Ou seja, Musk deve ganhar seu trilhãozinho e os acionistas ficarem contentes.

No post “o-sem-noção”, fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq100: “Na semana passada fizemos uma sugestão de compra para a Nasdaq100 para aproveitar essa possibilidade de alta. Como poderão verificar no gráfico abaixo, o objetivo é da ordem de 28 mil / 29 mil.”


Fomos estopados ontem praticamente no zero a zero.
A contagem de ondas, como venho comentando, é desafiadora; as bolsas não apresentam um shape by the book.
Minha contagem continua válida, mas estamos nos aproximando de níveis importantes, como destacado no retângulo — sendo que um deles já foi atingido.
O gráfico tem janela semanal, porém, numa janela diária, nota-se que a queda que ocorreu na última semana se deu em cinco ondas, o que requer cuidados nos próximos dias.



— David, você vinha deixando escapar que a alta poderia ser muito superior e agora joga esse balde de água fria. Assim não dá para investir com segurança!

É verdade que tenho duas contagens em andamento, sendo uma delas muito otimista.
Também tenho destacado que estava adotando a mais conservadora. Você sabe muito bem que o mercado é quem dita as regras,
e se ele nos manda algum recado, é prudente observar e eventualmente mudar de posição.
Por enquanto, o recado dele é: observe.

Em relação à Nvidia, meus comentários foram: “Tudo indica que a Monstro — novo apelido da Nvidia — está na onda 3 azul, cujo objetivo é U$ 234.”


Fiz uma pequena alteração na contagem da onda 1 azul, considerando-a uma Leading Diagonal;
como tal, não deveria ultrapassar U$ 176,75.
A Monstro deve anunciar seus resultados no próximo dia, e tudo indica que serão muito bons —
mas ressalvo que precisam ser muitoooo bons, porque boa parte já está no preço.


Esta semana se baseou no medo: medo de muitas demissões; medo de a bolsa estar numa bolha;
medo de os elevados investimentos em IA não se pagarem; medo da vitória de um prefeito socialista com ideias esdrúxulas na cidade mais importante do mundo.
Mas não seria isso... normal? Enquanto isso, outros observam de forma distinta.


O que ocorre não é diferente de outros bull markets, e o gráfico acima destaca que, até a data dessa publicação, tinham se passado 116 dias sem uma correção. Para que serve esse gráfico? Apenas como estatística — sem valor operacional.

O S&P 500 fechou a 6.728, com alta de 0,13%; o USDBRL a R$ 5,3172, com queda de 0,36%; o EURUSD a € 1,1565, com alta de 0,16%; e o ouro a U$ 4.001, com alta de 0,60%.

Fique ligado!

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