"Very, very strong" #OURO #GOLD #EURUSD
Há momentos em que o
mercado inteiro parece prender a respiração esperando uma única frase. E ontem,
quando Jensen Huang apareceu no palco, foi exatamente isso que aconteceu. Trump
podia estar discursando, o mundo podia estar girando, mas nada era mais relevante
para o mercado do que a resposta do homem que comanda a maior beneficiária
direta da revolução da inteligência artificial. Ela veio curta, seca e
poderosa: “a demanda de chips is very, very strong.”
Nesse instante, estava
dado o tom. A mensagem não era apenas sobre demanda forte — era sobre confiança
absoluta. Segundo a Bloomberg, Huang garantiu que a empresa tem chips Blackwell
suficientes para abastecer toda a procura atual e futura, afirmando que “temos
um monte de Blackwells para vender”. No ambiente atual, isso vale mais do que
qualquer guidance formal: é uma afirmação de que quem apostou no colapso
iminente do ciclo da IA vai ter que esperar mais um pouco.
A enxurrada de dados
divulgados após o fechamento também não deixou espaço para dúvidas. O Wall
Street Journal mostrou que a Nvidia registrou US$ 57 bilhões de receita no
trimestre — um salto de 62% em relação ao ano anterior — e um lucro de US$ 31,9
bilhões, 65% maior. O segmento de data centers, o coração da empresa hoje,
bateu US$ 51,2 bilhões. É um número tão fora do padrão que o lucro líquido da
Nvidia já supera o faturamento das suas maiores concorrentes. A empresa virou
um planeta econômico com gravidade própria.
Mas antes de falar só
de tecnologia, uma observação macroeconômica. Enquanto o mercado discutia
chips, o Atlanta Fed soltou o GDPNow prevendo crescimento anualizado de 4,2%
nos EUA — um número de país emergente. Isso reforça o emprego forte, dificulta
cortes de juros no curto prazo e reacende o debate sobre o real risco da IA no
mercado de trabalho. Para mim, esse é o segundo grande risco desse ciclo —
talvez mais urgente do que o medo de bolha.
A bolha que não estoura (pelo menos por enquanto)
John Authers, na
Bloomberg Opinion, foi direto: para quem achava que a bolha estava estourando,
os resultados da Nvidia foram um não — pelo menos, não ainda. Huang afirmou
explicitamente: “Há muita conversa sobre bolha, mas, do nosso ponto de vista,
vemos algo muito diferente.” A verdade é que os números sustentam essa visão. A
empresa cresce dez vezes em três anos, expande margens e mantém distância
tecnológica de qualquer rival.
Nos artigos do WSJ,
dois pontos são essenciais. Primeiro: muitos gestores venderam big techs nas
últimas semanas com medo de que o gasto em data centers não se pague. Segundo:
há receio crescente de mecanismos circulares — empresas de IA recebendo capital
de clientes que dependem dos chips — mas esse modelo ainda está longe de se
tornar um risco sistêmico. A engrenagem roda — e roda forte.
O mundo real também reage
Enquanto o mercado da
IA segue em combustão, a política monetária entra num vácuo de informação. O
relatório de empregos de outubro não será divulgado devido ao shutdown, e os
dados só voltam após a reunião do Fed. Authers chamou isso de vácuo de informação
— e, de fato, quando os dados somem, o mercado inventa narrativas. E isso mexe
com dólar e juros.
O dólar voltou a ganhar força, ultrapassando níveis técnicos importantes. Isso afeta emergentes — e o exemplo citado por Authers sobre a África do Sul é emblemático. Mesmo com tensões políticas e tarifárias, o país apresentou uma virada fiscal notável e recuperação de confiança.
O risco silencioso:
emprego
Insisto no ponto: o
maior risco de curto prazo não é a bolha da IA, mas sim o impacto no emprego. A
história mostra ciclos longos em que tecnologias substituem funções antes de
gerar novas oportunidades. No curto prazo, o atrito é real. Empresas podem cortar
milhares de vagas antes de descobrirem como reorganizar sua produtividade. É
aqui que a economia forte demais — como a projetada pelo GDPNow — pode enganar.
Quanto mais forte o crescimento agora, maior tende a ser a frustração futura
caso a automação elimine postos mais rápido do que a economia consegue
absorver.
E esse problema ganhou
mais um capítulo com a divulgação das minutas da última reunião do Fed. O
documento expôs um Federal Reserve totalmente dividido: parte dos diretores
preocupada com inflação, parte alertando para o risco crescente no emprego. As
minutas mostram que “muitos” consideram inadequado cortar juros em dezembro,
enquanto outros defendem que o mercado de trabalho começa a dar sinais de
desgaste. É o pior diagnóstico possível: quando não há consenso, não há
estratégia clara.
E aqui surge a pergunta
incômoda: se o emprego falhar enquanto o PIB cresce a 4,2% ao ano, o que o Fed
fará? A instituição sempre se apoiou na ideia clássica de que juros mais baixos
estimulam contratações. Mas hoje, qualquer pessoa, mesmo sem grande escolaridade,
percebe que reduzir juros não faz uma empresa contratar quando o problema é
estrutural. Se a tecnologia elimina funções mais rápido do que cria novas, não
adianta afrouxar o crédito. Dinheiro barato não recria funções administrativas
automatizadas, não reabre áreas que desapareceram, não evita que modelos
generativos substituam tarefas inteiras.
O Fed, portanto,
encara um risco duplo:
1. Se cortar juros cedo
demais, estimula ainda mais o investimento em IA e acelera a substituição de
empregos.
2. Se esperar demais,
corre o risco de ver o mercado de trabalho se deteriorar num cenário de PIB
artificialmente aquecido.
Conclusão: a frase
que fica
“Very, very strong”
sintetiza o momento:
— demanda excepcional,
— confiança absoluta,
— reafirmação de que a
IA segue em expansão,
— e alerta para o risco
silencioso no emprego.
É cedo para decretar
que não há bolha. É cedo para dizer que há. Mas está claro que, enquanto todo
mundo olha para os chips, o mercado de trabalho pode ser o verdadeiro ponto de
inflexão deste ciclo.
O mercado deu
meia-volta durante o horário de almoço, saindo do terreno positivo para o
negativo. Não encontrei nenhuma razão específica que me convencesse. Uma publicação no X colocou em dúvida os resultados divulgados pela Nvidia. Pedi ao
ChatGPT para conferir com os dados do balanço e, um a um, os pontos levantados
foram classificados como falsos ou enganosos. De qualquer forma, o mercado
entrou em modo de venda — e, nesses momentos, pouco importa o motivo. Não
gostei!
ANÁLISE TÉCNICA
No post “Ainda temos
coisas boas” fiz o seguintes comentários sobre o ouro: “Se o ouro
ultrapassar U$ 4.265 e, principalmente, U$ 4.388, há grande chance de que a
correção tenha terminado nas ondas destacadas em vermelho, abrindo espaço para
novas altas. Por outro lado, se o metal começar a cair e ultrapassar U$ 3.877,
a correção seguirá em andamento”.
A ideia de queda por enquanto está intacta e no curto prazo dois níveis passam a ser de importância: acima de U$ 4.250 invalida esse pensamento embora somente acima de U$ 4.384 se pode afirmar que o ouro ruma a novas altas; abaixo de U$ 4.001 é bem provável que a queda deve continuar e principalmente abaixo de U$ 3.877. Ficamos no aguardo para sugestão de trade.
Em relação ao euro comentei: “ O euro inviabilizou a contagem que vinha adotando e, neste momento, não é possível afirmar se está pronto para continuar a queda imaginada anteriormente. O gráfico abaixo sugere que estaríamos na onda B azul, cujo objetivo está grifado no retângulo, para depois subir. Mas tudo ainda é prematuro”.
Não tenho uma boa contagem para oferecer aos leitores, mas tudo indica que o movimento traçado se trata de uma correção complexa e como não estamos aqui para desvendar movimentos “misteriosos” vamos aguardar algum sinal mais concreto. Como comentado no texto acima o dólar vem apresentando uma certa resistência na queda, se vai subir mesmo ou não, não sabemos.
O S&P 500 fechou a 6.538, com queda de 1,55%; o EURUSD a € 1,1525, com queda de 0,115; e o ouro a U$ 4.076, sem variação.
Fique ligado!
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