High Yield vale a pena? #USDBRL
Os investidores brasileiros estão começando a diversificar
seus investimentos, procurando alternativas no exterior – já não era sem tempo.
Esse movimento, relatado pelos private bankers locais, ainda é tímido mas é um processo que não tem volta, na minha
opinião. Acredito que a performance da bolsa internacional tenha sido o
principal motivo.
Mas esses bankers contam que, quando o recurso chega
ao exterior, o cliente brasileiro tende a comprar bonds de empresas
brasileiras. Afinal, um papel do Banco Itaú, que risco tem? Até entendo que o
desconhecimento dos nomes de empresas internacionais leve a optar por nomes
conhecidos. A percepção de segurança não tem nada a ver com o risco real.
Afinal, algum desses clientes analisou o balanço do Itaú? Não quero dizer que
exista risco nesse nome, mas, por princípio, se a ideia era diversificar, não
faz o menor sentido comprar qualquer papel brasileiro. Afinal, se for assim,
garanto que o retorno é maior localmente.
Existe uma categoria na renda fixa denominada de High
Yield, que são títulos que oferecem taxas de juros mais elevadas, emitidas
por empresas de menor classificação de risco. Por sinal, os papéis brasileiros
estão nessa categoria. Não confundir com os Junk Bonds, que são títulos
no espectro inferior dessa categoria, de empresas com muita dificuldade
financeira.
Sem pensar especificamente em um nome, como essa categoria
performou no tempo? Jonathan Levin comenta na Bloomberg que esses papéis não
são tão arriscados num horizonte mais longo.
No universo dos investimentos, poucos ativos carregam a aura
de ousadia e ambiguidade dos títulos de alto rendimento, os famigerados
"high-yield bonds". Em um mundo onde o risco é o tempero que dá sabor
aos retornos, esses papéis emergem como protagonistas de uma narrativa
eletrizante: oferecem a promessa de ganhos suculentos, mas exigem dos
investidores um apetite voraz por incertezas. Com uma economia global
cambaleante e políticas econômicas que desafiam a lógica, será que os
"high yields" são o elixir dos retornos ou uma armadilha disfarçada
de oportunidade? Vamos mergulhar fundo nessa equação de fogo e gelo.
Retorno: A Chama que Atrai
Imagine um cenário onde o investidor, cansado das migalhas
oferecidas por títulos seguros como os Treasuries americanos, encontra nos
"high yields" uma chama ardente de 7,5% de retorno anual – o
"yield to worst" do Bloomberg US Corporate High Yield Bond Index. Não
é uma cifra estonteante à primeira vista, mas, como Levin aponta, está no 40º
percentil histórico, um patamar que, para horizontes de longo prazo, sugere
resultados robustos. Historicamente, esses títulos nunca entregaram retorno
total negativo em janelas de 10 anos, uma façanha que desafia até as ações
americanas, cujos retornos anualizados orbitam os 10%, mas com volatilidade que
faz o coração palpitar mais forte.
Howard Marks, lenda da Oaktree Capital, joga lenha na
fogueira: "Esqueça o spread, foque no yield absoluto." Ele argumenta
que o retorno contratual de 7,5% é o que importa, não a diferença mesquinha de
314 pontos-base (3,14%) sobre os Treasuries – um spread que, aliás, está no 15º
percentil mais apertado da história. Para Marks, o investidor de longo prazo
deve se perguntar: "O yield vai subir ou cair daqui um ano?" Eis o
pulo do gato: com taxas de default médias de 3,5% ao ano e perdas efetivas de
230 pontos-base, o colchão de segurança dos 314 pontos atuais ainda é tentador.
Em outras palavras, o retorno é uma promessa palpável – desde que o mundo não
desmorone.
Esse gráfico ilustra a correlação cristalina entre os yields
iniciais e os retornos totais em 10 anos, um lembrete visual de que, no jogo
dos "high yields", o que você vê é, na maioria das vezes, o que você
leva.
Risco: O Fantasma que Assombra
Mas nem tudo é um mar de rosas. O risco, esse espectro
inquieto, ronda os "high yields" como um predador à espreita. A
economia global de 2025 está em terreno pantanoso: tarifas trumpianas no estilo
século XIX e cortes agressivos no governo americano criam um coquetel que
cheira a estagflação. Levin alerta que a incerteza paralisa consumidores e
empresas, enquanto o spread "miserável" de 314 pontos-base sinaliza
complacência perigosa no mercado. É como se os investidores, hipnotizados pelo
brilho do retorno, ignorassem o trovão que ruge ao longe.
E os defaults? Embora as taxas atuais estejam abaixo da
média histórica de 3,5%, o cenário macroeconômico é um caldeirão de variáveis
imprevisíveis. Trump promete tarifas recíprocas em 2 de abril, um movimento que
pode incendiar guerras comerciais globais, elevar custos e sufocar cadeias de
suprimento. Se a inflação disparar e os Treasuries não caírem o suficiente para
compensar, os spreads podem explodir, e os yields, hoje sedutores, podem virar
uma cilada. Marks, com seu pragmatismo afiado, provoca: "Você quer apostar
no timing perfeito ou jogar o jogo de longo prazo?" A resposta não é
trivial.
Esse gráfico é uma janela para o passado e o futuro: os
retornos excedentes de 10 anos dos "high yields" quase sempre superam
os Treasuries, mas as exceções (1998-1999, 2012-2014) são cicatrizes que
lembram que o risco nunca dorme.
A Encruza: Comprar ou Esperar?
Então, o que fazer? Levin sugere que os yields podem subir,
oferecendo entradas mais atraentes em breve, mas Marks retruca: e se caírem? O
investidor paciente pode esperar, mas o corajoso – ou imprudente – pode agarrar
os 7,5% agora e cavalgar a onda. Comparados às alternativas, os "high
yields" brilham: ações do S&P 500, segundo Goldman Sachs, podem render
míseros 3% ao ano na próxima década, enquanto Treasuries e corporativos
"investment grade" são um deserto de retornos anêmicos.
Conclusão: O Jogo Vale a Vela?
Os títulos de alto rendimento são um paradoxo fascinante:
arriscados no curto prazo, resilientes no longo. Com 7,5% de yield em um mundo
de incertezas, eles desafiam o investidor a pesar o medo contra a ganância.
Como diria Marks, "investir a longo prazo é bom, mas o timing perfeito é
melhor". Seja você um atirador ousado ou um estrategista paciente, os
"high yields" exigem respeito – e uma dose de audácia. Afinal, no
mercado financeiro, acertar na mosca é tanto arte quanto ciência – palavras de
Jonathan Levin! Hahaha ...
Recomendo que, se for feita uma opção nessa categoria,
escolham um fundo com bom track record para que tenham uma diversificação
absolutamente necessária. Dediquem uma pequena parcela do portfólio, não é para
fazer um “all in” – diria que não poderia exceder 10%.
Existe uma crença que a empresa que “inventa” um produto nem
sempre permanece no longo prazo. Existem diversos exemplos: Kodak vs.
Canon/Nikon; Xerox (inovadora na tecnologia de escritório) vs. Apple/Microsoft;
Napster vs. Spotify. Acho que está acontecendo uma outra na área de veículos
elétricos, minha sugestão para daqui alguns anos: Tesla vs. BYD. Vejam o que
aconteceu recentemente com as ações dessas duas empresas.
A BYD está relegando a Tesla a um segundo plano com precisão
cirúrgica. Enquanto a Tesla amarga um declínio nas vendas, uma carteira de
modelos estagnada e uma gestão distraída por jogadas políticas de Elon Musk ao
lado de Trump, a BYD contra-ataca com um trunfo estratégico: um carregador de
cinco minutos que injeta 400 km de autonomia. Com entregas agendadas para abril
e um plano ambicioso de 4.000 unidades de 1 megawatt na China, a BYD não apenas
supera a Tesla em inovação, mas reposiciona o tabuleiro global dos elétricos em
favor de Pequim. O gráfico de desempenho acionário, com a BYD em ascensão e a
Tesla em queda livre, é a prova gráfica de uma tese de investimento que Musk
preferiria ignorar.
O movimento da BYD não é apenas um revés para a Tesla; é um
alerta vermelho para o portfólio da indústria automotiva americana. Enquanto os
EUA se entrincheiram em tarifas protecionistas e debates estéreis sobre a
identidade política dos EVs, a China acelera rumo à hegemonia, capturando dois
terços do mercado global de elétricos. Com valuations acessíveis e
tecnologia de ponta, a BYD expõe a vulnerabilidade de gigantes como GM e Ford,
que se aferram a margens gordas de picapes sem visão de futuro. As ameaças
tarifárias de Trump contra Canadá e México só amplificam o risco de
desvalorização para Detroit, que já foi sinônimo de mobilidade. O veredito é
claro: a BYD está redefinindo o retorno sobre o capital investido no setor,
enquanto a Tesla, outrora “darling” dos mercados, vê seu múltiplo de 84 vezes
lucros futuros se tornar uma aposta cada vez mais especulativa.
Análise Técnica
No post “usando-velha-tática”, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: “O dólar continuou caindo durante a semana, se aproximando
bastante do suporte acima. Essa semana será decisiva para o cenário de alta em
curso, pois ou ele reage agora ou teremos que mudar o plano”.
Embora não tenha respeitado o limite que estabeleci acima,
R$ 5,6749, uma modificação na estrutura da onda 4 laranja acomodou a
queda em R$ 5,6378, e que meu “amigo” não venha a se lamentar, porque ele está
cansado de saber como as correções se desenvolvem.
“Habemus Papam”! (acho que é influência do filme que assisti
esse final de semana, “Conclave”) Existe a formação de 5 ondas da mínima R$
5.6316 – não visível no gráfico abaixo. Vamos sugerir uma compra na retração
entre R$ 5.7015 / R$ 5.6850. Acompanhem o Mosca.
O S&P500 fechou a 5.767, com alta de 1,76%; o USDBRL a R$ 5,7605, com alta de 0,72%; o EURUSD a € 1,0798, cm queda de 0,15%; e o ouro a U$ 3.010, com queda de 0,42%.
Fique ligado!
Bom dia Mosca! Algum ETF na B3 que a gente consiga se expor aos High Yelds?
ResponderExcluirPuxa não acompanho tão de perto o mercado brasileiro e menos ainda o de renda fixa. Melhor perguntar ao seu banker
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