CPI: classificado para as finais #OURO #GOLD

 


Ontem foi publicado o índice de inflação pelo CPI nos EUA e apresentou uma redução mínima para 2,8% a.a. Mesmo sendo pequena, no momento pode ser considerada boa notícia. O mercado comemorou sem soltar rojões. Essa situação me lembra quando seu time já está classificado e joga uma partida ainda da fase inicial – se ganha ou perde, tem pouco valor. Preparei um resumo consultando diversas fontes com os principais fatos.

Inflação: Um Respiro Fugaz Antes da Tempestade Tarifária

A inflação nos Estados Unidos em fevereiro de 2025 caiu para 2,8% em relação ao ano anterior, segundo o Departamento do Trabalho, divulgado em 12 de março. Um recuo frente aos 3% de janeiro e abaixo das projeções de 2,9% dos economistas consultados pelo *Wall Street Journal*. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, também desacelerou para 3,1%, o menor desde 2021. Um alívio aparente, mas enganador. Esse número, que animou brevemente os mercados, é apenas uma pausa antes de uma escalada iminente. Tarifas propostas pelo presidente Trump, incertezas comerciais recordes e pressões estruturais como abrigos prometem empurrar os preços para cima, desafiando o Federal Reserve (Fed) e ameaçando a estabilidade econômica. Prepare-se: o pior está por vir. 




Um Alívio que Mascara o Perigo 

Os dados de fevereiro, analisados por Justin Lahart no *Wall Street Journal*, mostram uma queda impulsionada por fatores como tarifas aéreas 4% mais baratas (ajustadas sazonalmente). Mas o entusiasmo inicial das bolsas logo esfriou. Por quê? O relatório não é nenhuma maravilha. Thomas Ryan, da Capital Economics, alerta que “não é tão animador quanto parece”. O núcleo da inflação segue acima da meta de 2% do Fed, e os consumidores estão no limite: o sentimento caiu quase 10% na pesquisa da Universidade de Michigan, enquanto os gastos de janeiro despencaram como não se via em quatro anos. Os preços da moradia subiram 4,2% — o menor aumento desde dezembro de 2021 —, mas refletem aluguéis passados. A escalada atual em partes dos EUA ainda vai bater nos índices, e, quando isso acontecer, a pressão inflacionária voltará com força.

Tarifas: A Bomba-Relógio da Inflação 

O verdadeiro vilão é o que está por vir. As tarifas de Trump, impostas a países como Canadá, China e México, são uma ameaça concreta. Goldman Sachs já elevou sua projeção para o núcleo da inflação do Departamento de Comércio para 2,9% no quarto trimestre, contra 2,4% anteriores. Bill Dudley, em sua coluna na *Bloomberg Opinion* de 12 de março, é taxativo: “Essas tarifas serão piores do que os mercados pensam”. Ele prevê crescimento travado e inflação ascendente, limitando o Fed. John Authers, em 13 de março, cita o índice de incerteza de política comercial global da Bloomberg, que atingiu um pico histórico — maior até que na primeira gestão Trump. Empresas hesitam em investir, consumidores se retraem, e os preços de importados devem subir, dando margem para produtores locais também aumentarem os seus preços. 




Os mercados de títulos já sinalizam o futuro: as expectativas de inflação de curto prazo apontam para 4% no próximo ano e 3% em dois anos, segundo Authers. Se confirmadas, essas cifras tornam os cortes de juros um sonho distante. O Fed, traumatizado por chamar a inflação de 2021 de “transitória” e vê-la explodir, não arriscará leniência. Dudley reforça: com expectativas de longo prazo em 3,5% (Universidade de Michigan), cresce o risco de um ciclo inflacionário auto infligido. Tarifas não são um choque passageiro — são um gatilho para uma alta sustentada. 




O Fed Preso na Armadilha 

O relatório de fevereiro não mudará a postura do Fed na reunião da próxima semana: as taxas ficarão onde estão. A medida preferida do banco, do Departamento de Comércio, é mais branda, mas, mesmo ajustada, a inflação excede 2%. Dudley prevê que as projeções do Fed pós-reunião reduzirão o crescimento, elevarão a inflação e manterão o desemprego estável — este último beneficiado pela queda na imigração ilegal e deportações planejadas, que desaceleram a oferta de mão de obra. Mas o cerne está na assimetria das decisões, como Authers destaca: errar por rigor (subir juros e causar recessão) é reversível; errar por suavidade (cortar cedo e liberar a inflação) é um pesadelo duradouro. O Brasil, com inflação a 5,06% em fevereiro e um novo ciclo de alta de juros, é o aviso que o Fed não ignora. 




Os futuros de juros mostram chances menores de cortes até junho. Tarifas elevadas podem forçar o Fed a tolerar uma inflação persistentemente acima da meta, sacrificando cortes que poderiam aliviar uma economia enfraquecida. Enquanto isso, pressões como a moradia, que está subindo em tempo real, e até os alimentos — com ovos a US$ 5,90 a dúzia como exemplo menor, mas simbólico — reforçam a percepção de que os preços não cederão tão cedo.

O Futuro: Inflação em Ascensão 

Fevereiro foi um respiro, mas o horizonte é sombrio. As tarifas de Trump, descritas por Dudley como “caóticas”, vão encarecer importações e desencadear aumentos domésticos. A incerteza comercial, em níveis nunca vistos, paralisa investimentos e planejamento. Expectativas inflacionárias crescentes, tanto do mercado quanto de consumidores, podem se tornar profecias autorrealizadas — salários mais altos, preços mais altos, e assim por diante. O Fed, acuado, hesitará em agir, temendo repetir 2021. Lahart nota que os dados de fevereiro mal capturam os efeitos iniciais das tarifas; os próximos relatórios trarão a verdade nua e crua.

Uma publicação interessante sobre a projeção do déficit americano, para os próximos dez anos, de Michael Cembalest, da J.P. Morgan, prevê uma expansão de US$ 2,7 trilhões em relação à linha de base do Congressional Budget Office (CBO). Esse cenário revela uma dança delicada entre cortes e aumentos de gastos: reduções expressivas, como os US$ 700 bilhões no Medicaid (divididos em US$ 299 bilhões por desenrolamento, US$ 200 bilhões em programas estaduais e US$ 212 bilhões em cortes gerais) e US$ 500 bilhões pela reestruturação de créditos fiscais energéticos de Biden, contrastam com a extensão de todos os cortes de impostos da era Trump, ao custo de US$ 4,1 trilhões, e aumentos em segurança interna e defesa. O gráfico ilustra como essas escolhas, somadas a ajustes menores como o aumento do teto do SALT e o fim de créditos como o de retenção de empregados, culminam em um déficit anual 1,5% maior, evidenciando uma aposta fiscal arriscada em tempos de valuations altas e incertezas econômicas. 




As tarifas propostas por Trump, como as ameaçadas contra o Canadá, não aparecem no gráfico, pois não foram legisladas pelo Congresso e, assim, não contam como receita para mitigar o déficit — um detalhe crítico que Cembalest enfatiza. Enquanto os cortes propostos, destacados em verde no gráfico, tentam conter o rombo, os gastos e renúncias fiscais em vermelho, como a extensão dos cortes de impostos, dominam a narrativa, ampliando o déficit em um cenário que o CBO já considerava o fim improvável do TCJA. A visualização deixa claro: os benefícios de políticas pró-mercado, como desregulamentação, podem tardar, mas o impacto imediato das escolhas atuais — e a potencial pressão inflacionária das tarifas — ameaça sobrecarregar ainda mais as finanças públicas, desafiando a sustentabilidade fiscal americana e a confiança dos investidores nos próximos anos.

 

Análise Técnica 

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No post “Trump acende o pavio” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: “O ouro chegou a atingir a mínima de US$ 2.830, na última sexta-feira, muito próximo do nível apontado acima, deixando uma oportunidade de compra na abertura do mercado na segunda-feira a US$ 2.850” 




O ouro se aproxima da máxima histórica US$ 2.956 e agora é o teste de força: ou ultrapassa e vai rumo aos objetivos demarcados no retângulo abaixo ou recua para completar a onda 4 azul conforme o símbolo em azul; também não gostaria que um “false break” ocorra. Não tenho muito mais a acrescentar e só posso usar a frase mais usada pelo Mosca: “Let the Market Speak”




O S&P 500 fechou a 5.521, com queda de 1,39%; o USDBRL a R$ 5,7995, sem alteração; o EURUSD a € 1,0851, com queda de 0,33%; e o ouro a US$ 2.985 – estou subindo o stop loss para U$ 2.930 ‑ com alta de 1,82%.

Fique ligado

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