O palavrão recessão volta à tona #USDBRL
O Mercado de Ações em 2025: Desintoxicação, Derrocada ou
Dança à beira do Abismo?
Estamos em março de 2025, e o mercado de ações americano,
que vinha cavalgando como um touro possuído por dois anos, parece ter pisado em
falso. O S&P 500, com seus impressionantes 67% de retorno desde outubro de
2022, agora encara a média móvel de 200 dias como quem encara um precipício – e
os mais nervosos já estão com as mãos suadas. O Dow, o S&P e o Nasdaq, que
fecharam na última sexta-feira abaixo dos níveis da posse de Trump em 20 de
janeiro, sugerem que a lua de mel acabou. É apenas uma pausa para respirar ou o
início de uma queda livre? Os artigos do Wall Street Journal, de Mohamed
El-Erian e Jonathan Levin na Bloomberg Opinion trazem uma mistura de tarifas,
inflação e incerteza que pode transformar o sonho dourado de Trump em um
pesadelo para os investidores.
Tarifas: O Elefante que Trump Insiste em Soltar na Sala
Trump voltou ao comando com uma agenda econômica que parece
um experimento radical: tarifas pesadas, cortes de impostos, menos regras e um
ataque aos gastos federais. O problema é a bagunça que isso cria. Em menos de
48 horas, ele anunciou e recuou de tarifas de 25% sobre carros e peças do
México e Canadá, deixando os mercados tontos como se tivessem levado um soco. O
Wall Street Journal aponta que Trump esquiva-se de falar em recessão com um
"quem sabe?" que mais parece desdém do que plano. Ele jura que as
tarifas vão "enriquecer o país", mas esse vaivém já azedou o humor
dos investidores. O Dow, que surfou a onda de otimismo em 2024, agora engasga,
e o S&P 500 ostenta um P/E de 21 vezes – bem acima da média histórica de
17. Será que o mercado aguenta esse jogo de empurra?
Jonathan Levin, na Bloomberg, avisa que a inércia que
empurrou o mercado para cima agora puxa para baixo. "Inércia é uma força
brutal", ele diz, quando o medo toma conta, vira uma bola de neve que
ninguém segura. As tarifas, sobretudo contra a China, podem obrigar empresas a
remanejar cadeias de suprimento – um processo caro e demorado que vai morder os
lucros e — adivinha?— as ações.
Inflação e o Fed: Equilíbrio na Corda Bamba
Enquanto Trump brinca de roleta russa com a economia, o
Federal Reserve está acuado, agarrado a uma meta de inflação de 2% que El-Erian
chama de "armadilha". No seu artigo, ele argumenta que o mundo não é
mais o mesmo: choques de oferta negativos – pandemias, guerras comerciais,
desastres climáticos – viraram rotina, e insistir em 2% pode asfixiar o emprego
sem segurar os preços. Ele propõe algo entre 2,25% e 2,5%, mas o Fed,
obstinado, diz que isso "não está em discussão". Se as tarifas de
Trump empurrarem a inflação para cima, o Fed pode ficar de mãos atadas, sem
espaço para cortar juros e evitar o pior.
Levin reforça: com rendimentos de títulos altos e valuations
esticados, as ações perdem o charme. Se o Fed não ceder, o efeito riqueza que
sustentou o consumo – e os lucros das empresas – vai pelo ralo. Dados mostram
que o gasto dos mais ricos, inflado por ações e imóveis, está esfriando.
Desintoxicação ou Desabamento? A Política Decide
Scott Bessent, chefe do Tesouro, compara a economia a um
dependente em reabilitação, enfrentando uma "desintoxicação" dos
gastos públicos. Trump quer cortar empregos federais e programas, mas o
Congresso, rachado e com um prazo até sexta para evitar um shutdown, não ajuda.
O WSJ diz que o emprego resistiu em fevereiro, mas há nuvens no horizonte:
demissões públicas e incerteza tarifária podem travar tudo. Se os consumidores,
já acuados por mercados instáveis e preços subindo, segurarem o bolso, o PIB
encolhe – e o mercado despenca junto.
Levin questiona: desintoxicação ou derrocada? Podemos supor
que depende de Trump. Se ele emplacar os cortes de impostos e a
desregulamentação, pode dar um gás em Wall Street. Mas com uma maioria magra na
Câmara, convencer os fiscalistas a engolir US$ 4,5 trilhões em isenções será
uma batalha épica. E se os vigilantes dos bonds reagirem mal, elevando yields?
Adeus, recuperação.
Onde Colocar Seu Dinheiro?
O mercado está na corda bamba. O otimismo de 2024 virou
interrogação, e 2025 pode ser o ano em que o touro vira urso – ou pelo menos
tira um cochilo. As tarifas de Trump são uma jogada de alto risco: podem trazer
empregos, mas o preço imediato é a confiança abalada. O Fed, preso a uma meta
ultrapassada, arrisca acelerar a queda. E os investidores? Estão entre o pavor
e a ambição, com valuations altos e lucros incertos.
Amanhã vou comentar sobre o S&P 500, mas posso adiantar
que a queda até o momento tem cara de correção e não um movimento direcional
mais forte. Mas isso não é um grande alento, pois depende de até quanto vai
essa queda. A personalidade indica que seja uma onda 4 de grau médio. Mais uma
vez confirma-se a frase que o mercado não gosta de incerteza. A eleição de
Trump, que inicialmente parecia ser uma opção "market friendly", está
ficando mais com a cara de "nightmare".
Análise Técnica
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No post “um-mundo-sem-consenso” fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: “Existe um stop loss importante localizado muito perto do
limite mínimo de R$ 5,5143 para a estratégia mostrada abaixo”
O dólar apresentou dois movimentos distintos nas duas últimas semanas, subindo antes do Carnaval e recuando depois da Quarta-Feira de Cinzas. A mínima de R$ 5,6479 qualifica como sendo o ponto onde a onda 4 amarela pode ter terminado. Para poder assegurar dessa hipótese, é importante que o dólar ultrapasse a marca de R$ 5,9177.
- David, você marcou o nível de R$ 5,6749, o que
significa que cair abaixo desse nível?
Se a violação for de forma mais íngreme, as chances deste
cenário atual começam a perder força e, caso o nível de R$ 5,5143 for violado,
fica invalidada. Mas vamos observar os próximos dias. Ondas diagonais são
extremamente difíceis de operar, pois é uma combinação de correções e, por
conta disso, o stop loss “correto” é muito extenso.
O S&P 500 fechou a 5.614, com queda de 2,70%; o USDBRL a
R$ 5,8516, com alta de 1,09%; o EURUSD a € 1,0832, sem alteração; e o ouro a US$
2.887, com queda de 0,80%.
Fique ligado!
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