Não invente em seu portfólio #EURUSD


Os resultados estatísticos sobre performance de ações, elaborados por inúmeros acadêmicos, chegam a conclusões muito semelhantes que o Mosca resume: Não invente! O estudo acadêmico que trago hoje, publicado por Jason Zweig no Wall Street Journal, confirma essa hipótese, como podem ver a seguir.

Entre 1926 e 2015, apenas 30 ações, de um universo de 25.782 empresas listadas no mercado americano, foram responsáveis por um terço da riqueza gerada, segundo Hendrik Bessembinder, professor da Arizona State University. Isso é 0,12% do total. Mais impressionante: menos de 1,1% – cerca de 284 ações – responderam por três quartos dos ganhos acumulados em relação ao retorno do caixa. E os 1.000 melhores desempenhos, menos de 4%, carregaram *todos* os lucros líquidos do mercado. O resto? Um deserto de irrelevância que títulos do Tesouro de um mês poderiam ter igualado. Esses números são um golpe na ilusão de que superar o índice é tarefa simples. Não é – é um desafio quase impossível.

O mercado é um coliseu onde gigantes como a Amazon, com seus 49.000% de retorno desde 1997, dominam. Esses "superstocks", termo cunhado por William Bernstein, são raridades estatísticas. Sem eles, o mercado não valeria o esforço. Mas encontrá-los é apenas metade da guerra; segurá-los até o topo é o verdadeiro teste.

 

Amazon: O Rei dos Superstocks

Até 2015, a Amazon superou o retorno do caixa em 36% ao ano, liderando os "superstocks". Mas seu caminho foi tortuoso. Entre 1999 e 2001, perdeu 95% do valor. James Anderson, da Baillie Gifford, que a detém desde 2004, reflete: "Quão difícil é imaginar o quão grande uma grande empresa pode se tornar!". Sem lucros ou previsões, seu crescimento era sustentado por insumos – silício, elétrons, armazenamento – cada vez mais baratos. Ainda assim, exigia paciência épica e tolerância a quedas brutais. Os maiores retornos de longo prazo vêm de ações que, no curto prazo, parecem desastres. A maioria desiste antes da virada. A Amazon renasceu e subiu além do imaginável, mas poucos resistiram para ver.

 

A Média é uma Miragem

O índice brilha com retornos positivos ao longo do tempo, mas mais da metade das ações individuais afunda. Bessembinder expõe a desconexão: o retorno do mercado e o da ação média são opostos. Apenas 0,33% das empresas – 85 no total – geraram metade da riqueza. Isso significa que 99,67% foram, na melhor das hipóteses, neutras; na pior, catastróficas. Para cada Amazon ou Altria Group, que multiplicou fortunas em mais de 2 milhões de vezes em nove décadas, milhares evaporaram. O mercado é uma loteria desigual, com poucos bilhetes premiados e uma montanha de perdedores.

 

Diversificação: O Mito da Proteção

A sabedoria convencional diz: diversifique com 15 a 30 ações e minimize riscos. Bessembinder discorda. Um portfólio de 25 ações tem 64% de chance de ficar abaixo do mercado. Igualar o índice exige centenas, talvez milhares de ações – algo fora do alcance do investidor comum. Caçar "superstocks" como estratégia é um convite ao fracasso, mas o prêmio por acertar um é tão vasto que abandonar a busca parece covardia. Eis o dilema: segurança mediana ou risco por grandeza?

 

Uma Jogada para os Audaciosos

Jason Zweig sugere um plano híbrido: invista 99% em um fundo de índice amplo, como o Vanguard Total Stock Market Index Fund, e aposte 1% em uma ação que você entenda profundamente e cujas oscilações possa suportar. Se acertar o próximo "superstock", esse 1% pode transformar sua riqueza. Se errar, o prejuízo é mínimo. É uma tática que instituições não podem seguir, mas que indivíduos destemidos podem explorar. Uma parte protege com a solidez do índice; a outra busca o extraordinário. O risco é calculado, o potencial, explosivo.

 

O Mercado Não Perdoa

O mercado é um campo onde "superstocks" reinam e a maioria vira estatística. Bater o índice é um sonho sedutor, mas os números são implacáveis: poucos vencem, muitos perdem. A abordagem de Zweig – segurança no índice, ousadia no 1% – é um guia para quem quer mais que migalhas. Exige visão, disciplina e audácia. Você se conforma com o comum ou mira o excepcional? O mercado não espera resposta.

A maior conclusão que se pode tirar desse estudo é que o "melhor" portfólio de ações é um fundo indicial ETF. Qualquer fundo ativo irá recair sobre o que a própria estatística desses fundos aponta: a grande maioria não consegue retorno acima do seu benchmark.

Mas somos seres humanos – Mosca incluído –, e durante nossa vida existem momentos de sedução onde amigos ou mesmo intuição sugerem que uma determinada companhia será a nova Amazon do futuro. Como sugere Jason Zweig, alocar 1% em alguma delas equivale a um bilhete de loteria, o que é exatamente isso que sugerem as conclusões desse estudo.

Muito bem, quem você elegeria hoje para ocupar esse posto? Não venha me dizer que é a Nvidia, pois ela já percorreu um bom caminho desse possível status. Uma outra hipótese seria escolher mais que uma ação, talvez cinco ou dez – nesse caso, a ganhadora precisaria subir muiiiiiiito para ter algum efeito em seu portfólio. Essa opção vai passar pelas seguintes situações possíveis.

Para escolher essa ação é muito difícil; talvez um sorteio de um grupo de iniciantes seja o melhor critério. Daí em diante, podem acontecer três situações: cai uma barbaridade e, na maioria dos casos, não acontece o que ocorreu com a Amazon citada acima; tem performance mediana; ou sobe forte. No primeiro caso, é bem provável que virou pó e seria necessário mais 1% para outra aposta, o que não é aconselhável, pois pode se acostumar e virar um detrator do seu retorno; no segundo, pode vender e trocar de posição, correndo o risco de ela ser a superstar no futuro – vai ficar muito “p#to da vida”; e, por último, terá uma tentação de vender muito antes de atingir o ápice. A conclusão parece ser que, independentemente do que ocorrer, a chance de sofrer é grande.

Para que todo esse trabalho? Siga o conselho do Mosca: Não invente em seu portfólio. (Ainda bem que meu amigo não está por perto hoje! Hahaha ...)

 

Análise Técnica

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No post "mawoga-que-raios-é-isso", postado no início deste mês, o Mosca alterou seu posicionamento na moeda única para neutro, deixando aberta a porta para se posicionar nos dois lados – alta ou queda. Fiz um breve comentário no post "estagflação-zinha": "No curto prazo, parece que a moeda única está completando uma correção a – b – c amarela, que pode ser visto abaixo. Se for isso, ela não tem muita margem de manobra acima de € 1,09928"




Desde essa última atualização, o euro se retraiu mais um pouco, mas não o suficiente para confirmar essa hipótese. O que fazer nessa situação? Qualquer sugestão nesse momento seria um verdadeiro chute, tipo "meu feeling me diz que ...". O Mosca não vai sugerir posicionamento nessas condições; não custa lembrar que dinheiro não é capim.

O máximo que consigo dizer nesse momento é que, ultrapassando a barreira ao redor de € 1,10, eleva consideravelmente o cenário de alta que tracei no post "MAGOWA". Por enquanto, mantemos a posição no ouro, que se encontra muito próximo do ATH, e, se ultrapassar, vamos apertar mais o stop loss.




O S&P500 fechou a 5.6993, com queda de 0,33%; o USDBRL a R$ 5,7470, com alta de 0,19%; o EURUSD a € 1,0796, com alta de 0,41%; e o ouro a U$ 3.056, com alta de 1,22%.

Fique ligado!


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