Usando a velha tática #USDBRL

 


O ano de 2025 está uma montanha-russa econômica de tirar o fôlego. Inflação disparando, juros dançando ao sabor de ventos imprevisíveis e Trump atiçando as chamas com tarifas que viram o comércio global de pernas para o ar. Enquanto isso, os bancos centrais ensaiam um equilibrismo arriscado, tentando domar o caos sem afundar a economia. No Brasil, o câmbio acompanha essa coreografia internacional, com o dólar executando saltos que desafiam as previsões. É um palco onde o inesperado manda, e quem hesita fica pra trás.

Mesmo assim, os investidores de varejo provam que têm nervos de aço. Segundo o Bloomberg, despejaram US$ 7,3 bilhões em ações numa semana, desdenhando do S&P 500 que perdeu 4% e das big techs que levaram um tombo feio. É a ousadia de quem aposta que o mercado sempre encontra um caminho pra cima, como fez desde 2009, quando “comprar na queda” virou mantra sagrado. Esses audaciosos injetaram mais de US$ 4 bilhões na Tesla, mesmo com a ação despencando 20% em março, e bilhões em ETFs alavancados como o ProShares UltraPro QQQ, que amplificam o Nasdaq 100. Deu certo por 15 anos, mas será que a história segura a barra para sempre?




Os estrategistas, por outro lado, exibem a típica dança de Wall Street pra salvar a reputação. No início do ano, cravaram o S&P 500 a 6.614 pontos até dezembro, mas após a queda de 10%, o Goldman Sachs baixou de 6.500 pra 6.200, apontando o dedo pras tarifas do Trump. É o clássico “cover your ass” – recalibram a aposta para não parecerem ingênuos no espelho retrovisor. Ainda projetam uma alta de 11%, mas o aviso está dado: ninguém quer ser o último a apagar a luz se o castelo desmoronar.




E tem mais: o mercado esconde um enigma que intriga até os mais calejados – o tal do “overnight drift”. Desde 1986, os ganhos pipocam à noite, entre o fechamento e a abertura, enquanto o dia vira um campo minado de perdas. Em 22 de 24 países, desde 1990, quem ficou só no pregão viu até 90% do capital evaporar, mas à noite os lucros reluzem. No Japão, o Nikkei 225 marcou +1.588% “overnight” e -95% “intraday” em três décadas. Explicação? Ninguém decifra de verdade. Uns apostam no frenesi do varejo comprando fora de hora; outros suspeitam de fundos manipulando o jogo na liquidez rala. O certo é que essa febre pega fogo mundo afora.




Para os investidores, esse fenômeno acena com uma estratégia sedutora: comprar no fechamento e vender na abertura. Embora os custos de transação possam frear os ganhos em portfólios menores, o padrão persiste como um mistério lucrativo, desafiando os pilares tradicionais de risco e retorno. Em 2025, enquanto os varejistas se agarram ao passado, os estrategistas se reinventam, e o mercado destapa seus segredos noturnos, a volatilidade segue separando os destemidos dos acuados.

O Mosca já destrinchou algumas vezes o fenômeno dos ganhos noturnos. Fui atrás de respostas em alguns bancos, mas só recebi papo furado em vez de algo sólido. Para botar essa estratégia em prática, seria preciso custos de transação irrisórios, o que nem sempre se mostra tão vantajoso. Outra ideia seria comprar no fechamento ao invés da abertura, mas isso vira um lance mais de probabilidade e sorte – precisaremos de mais dados pra desatar esse nó. Conclusão: ainda não sei como tirar proveito dessa descoberta.

Sobre comprar na queda como fizeram os investidores de varejo citados, eu torço o nariz. Pode até funcionar, mas o risco de sair chamuscado é alto. Eu chamo essa tática de “pegar uma faca caindo”. Fica a critério de cada um, mas eu indico aqui momentos (retrações) que podem ser bons pontos de compra. Não me importo de pagar um preço mais salgado, pois não corro atrás de medalha, ou contar para os amigos, para dizer que peguei a mínima.

 

Análise Técnica

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No post “O palavrão recessão volta a tona” fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “A mínima de R$ 5,6479 qualifica como sendo o ponto onde a onda 4 amarela pode ter terminado. Para poder assegurar dessa hipótese, é importante que o dólar ultrapasse a marca de R$ 5,9177”. Frisei também no gráfico que R$ 5,6749 invalida esse término.

 



O dólar continuou caindo durante a semana, se aproximando bastante do suporte acima. Essa semana será decisiva para o cenário de alta em curso, pois ou ele reage agora ou teremos que mudar o plano. Mantenho os parâmetros acima.

 



 Aqui está um exemplo do comentário sobre “pegar uma faca caindo”. O dólar respeitou o limite de queda segundo dois critérios diferentes – um dos verdinhos no gráfico a R$ 5,6338 e o outro que nem dá pra enxergar de tão colado neste.

Você poderia ter se empolgado e arriscado uma compra – até jogaria a culpa no Mosca se desse zebra. No início, ficaria animado com a alta conforme destaquei com o símbolo em azul, mas depois do Carnaval um gosto amargo surgiria – símbolo vermelho, e hoje já estaria na corda bamba, torcendo pra não ser estopado ou encarando um prejuízo se caísse abaixo do preço de compra. O que acham?

O S&P 500 fechou a 5.675, com alta de 0,64%; o USDBRL a R$ 5,6841, com queda de 0,93%; o EURUSD a € 1,0920, com alta de 0,38%; e o ouro a U$ 3.000, com alta de 0,55%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Muito bom artigo como sempre! Só qual a fonte desse gráfico do overnight drift por favor?

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