O mercado odeia surpresas #usdbrl

 


Não faz muito tempo o mercado estava receoso com a quantidade de títulos com taxa de juros negativa. Quase diariamente se publicava o volume de papeis que adentravam nesta categoria com todos os riscos e consequências que representava para a economia.

De um tempo para cá, o receio surge no outro sentido, em virtude da expectativa que os países voltem a normalidade, agregado ao fato de enormes programas fiscais. As taxas de juros começaram a se movimentar na direção inversa.

Eu costumo dizer que elevações nas taxas de juros podem ocorrer por dois motivos: ampliação da atividade econômica; alta da inflação; ou ambas. Na situação atual, acredito que esteja ocorrendo a última hipótese.

Os bancos centrais estão confiantes que ainda existe muita ociosidade na economia e que se a inflação subir, é bom, será pouca coisa, sem de perda de controle. Já o mercado está desconfiado.

A verdade é que ninguém pode responder com firmeza o que irá ocorrer com a inflação – lembrem do tema do Mosca para 2021. Neste front, estou publicando um artigo de Kenneth Rogoff.

Os programas de estímulo fiscal e monetário em grande escala nos Estados Unidos e noutras economias avançadas estão a alimentar um debate feroz sobre a possibilidade de uma inflação maior poder estar chegando. Os rendimentos dos títulos de dez anos do Tesouro dos EUA e as taxas de hipotecas já estão subindo, prevendo que a Reserva Federal dos EUA – o banco central global de facto – será forçada a aumentar as taxas, com o potencial de arrebentar as bolhas de preços de ativos em todo o mundo. Mas embora os mercados estejam, provavelmente, a exagerar os riscos de inflação a curto prazo para 2021, eles ainda não avaliam totalmente os perigos a longo prazo.

Para ser claro, um enorme apoio macroeconómico é inequivocamente necessário agora e no futuro previsível. A recessão induzida pela pandemia é pior do que a crise financeira mundial de 2008 e ainda há setores da economia dos Estados Unidos que se encontram numa situação de desespero. Além disso, apesar dos avanços promissores relacionados com as vacinas na luta contra o novo coronavírus, o cenário pode piorar.

Neste contexto, o risco real de inflação poderia materializar-se se a independência dos bancos centrais e a globalização deixassem de estar nas boas graças. A curto prazo, os governantes têm razão em se preocuparem com o fato de que, se a economia continuar a recuperar, as medidas de estímulo e a poupança dos consumidores irão incentivar uma explosão na procura. Mas é improvável que isso conduza a uma explosão da inflação da noite para o dia, principalmente porque o crescimento dos preços nas economias avançadas modernas é uma variável de movimento muito lento. Mesmo quando a inflação atingiu dois dígitos em muitos países ricos na década de 1970 (e subiu acima dos 20% no Reino Unido e no Japão), demorou muitos anos para ganhar força.

Isto ocorre principalmente porque a velocidade com que os preços e salários aumentam é extremamente sensível ao modo como os trabalhadores e as empresas veem a dinâmica da inflação subjacente da economia. Ou seja, a inflação de hoje é muito influenciada pelas expectativas de inflação a longo prazo.

Esse raciocínio pode parecer circular, mas reflete o fato de, em muitos setores, as empresas serem relutantes em aumentar os preços de forma muito agressiva por terem receio de perder participação no mercado. Portanto, se os bancos centrais conseguirem “ancorar” as expectativas de inflação a longo prazo a uma taxa baixa, eles podem travar qualquer explosão inflacionária prolongada. E hoje, anos de inflação ultrabaixa estão firmemente enraizados no espírito das populações.

Tudo isto implica que, mesmo com uma rápida normalização económica, a procura reprimida e o grande estímulo fiscal não desencadearão um aumento imediato da inflação. Mas se os políticos prejudicarem a independência dos bancos centrais e impedirem uma normalização oportuna das taxas de juro de referência, até mesmo as expectativas de inflação baixa profundamente arraigadas poderão desgastar-se.

O outro risco de inflação a longo prazo é mais sutil, mas potencialmente ainda mais difícil de prevenir. Hoje muitas pessoas são mais céticas em relação à globalização do que há três décadas, principalmente porque as evidências sugerem que os ricos tiraram partido dela de forma desproporcional. Enquanto os mercados de ações disparam, a mão de obra vem recebendo uma fatia cada vez menor do bolo económico. E muitas das medidas propostas que podem permitir aos trabalhadores recuperar de um corte maior, como aumentar a sindicalização e dificultar o offshoring, significarão necessariamente uma redução no comércio.

Uma reversão da globalização pode ter um grande impacto na inflação. Muitos ocidentais temem que a China irá “comer o nosso almoço,” tal como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden advertiu recentemente ao apelar por um aumento necessário no investimento em infraestruturas nos EUA. Talvez, os ocidentais precisam reconhecer que quando se trata de produção mundial, é a China que manda, pois caso contrário, custaria muito mais se assim não fosse.

De forma mais ampla, os esforços de desinflação dos bancos centrais entre 1980 e a crise financeira de 2008 beneficiaram enormemente com a hiper globalização que ocorreu durante este período. O comércio com a China e outros países em desenvolvimento, juntamente com os avanços tecnológicos, baixou os preços de muitos bens de consumo de forma implacável.

Com a produtividade subindo e muitos preços visivelmente em queda, por razões além da política monetária, tornou-se relativamente fácil para os banqueiros centrais reduzirem as expectativas de inflação a longo prazo. Mas quando mencionei esta questão numa grande conferência de banqueiros centrais em 2003, num artigo intitulado “Globalização e Desinflação Global”, a maioria realmente não queria partilhar o mérito com a globalização.

As coisas podem agora caminhar na outra direção, principalmente devido ao forte consenso político bipartidário em Washington sobre a necessidade de desafiar a China. O conteúdo das políticas de Biden pode não diferir radicalmente, nem tão rapidamente, das que foram tentadas obter pelo ex-presidente Donald Trump, como muitos internacionalistas podem esperar. E mesmo que os EUA e a China consigam harmonizar as suas diferenças atuais, o impacto da globalização está definido para desaparecer, em parte devido a fatores demográficos, como Charles Goodhart e Manoj Pradhan argumentaram de forma convincente. A força laboral da China, por exemplo, deve diminuir em 200 milhões nas próximas duas décadas.

Devem, por isso, os mercados entrar em pânico perante uma possível alta vertical da demanda, que aumente a inflação e as taxas de juro, fazendo com que os preços dos ativos caiam em toda parte? A curto prazo, nem tanto assim. É até possível que daqui a um ano os bancos centrais estejam a considerar seriamente taxas de juro profundamente negativas para reacender a inflação e a demanda. E não seria necessariamente uma coisa má se a inflação subisse acima da meta durante alguns anos, após estar tão baixa por tanto tempo. Mas os riscos de uma inflação a longo prazo estão muito mais inclinados para o lado positivo do que os mercados ou os governantes parecem perceber.

Interessante a colocação desse renomado economista, seus argumentos parecem convincentes. Mas o que podemos fazer com essa previsão? Qual deveria ser o impacto no juros de 10 anos? Bastante questionável: se por um lado a demanda na economia deveria aumentar, mas a inflação não, nesse caso o juro subiria pelo bom motivo, mas não muito; por outro lado, se a inflação deverá aparecer num prazo mais longo, o juro deveria subir pelo mal motivo. Ou seja, o juro deveria subir, que está ocorrendo.

Em relação as bolsas não seria tão obvio, pois no curto prazo é positivo e no prazo mais longo negativo.

No post htto-tempo-seu-favor, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” no gráfico a seguir, aponto a trajetória que espero para esse movimento que deveria terminar ao redor de R$ 5,93/5,97” ...



Esse trade foi encerrado na quarta-feira dia 03 de março, antes de atingir o objetivo traçado. Por que o Mosca agiu dessa forma?

Eu tenho enfatizado bastante, e vou seguir fazendo, que quando o mercado se encontra em períodos de correção as previsões estão sujeitas a mudanças. No caso específico do dólar, se observarem o gráfico acima, notam que em verde se encontram letras, e em Elliot Wave, letra é conotação de correção.

Por outro lado, busco alguns trades mais oportunísticos nessas situações sabendo que posso: ou estar errado; ou que uma mudança ocorra de forma intempestiva, pois as correções ocorrem inúmeras formas.

No gráfico a seguir, com uma visão de mais longo prazo, vou tentar explicar quais são as evidências e as possibilidades para frente.



Inicialmente vamos nos atentar o movimento marcado pela elipse em amarelo – AB (verde): Aqui existe um dubiedade pois podemos considerar um movimento em 5 ondas ou uma estrutura de correção do tipo A, B, C. Em seguida, os movimentos demarcados com os retângulos em azul – BC e CD (verde), são movimentos em 3 ondas denotando correção, embora o último, CD está em andamento, podendo alterar essa conclusão.

Ficaria então com as seguintes hipóteses:

Se AB (verde) for uma correção, seria esperada uma queda ao redor de R$ 5,10, para só em seguida voltar a subir.

Se AB (verde) for um movimento de 5 ondas E o dólar subir acima de R$ 5,80 e principalmente R$ 5,97, o movimento de alta já estaria em curso.

Embora eu estaria tentado a arriscar uma venda de dólar, as diversas opções existentes fazem com que não haja uma mais provável que a outra. Minha sugestão é permanecer sem posições até fique mais claro o cenário.

O SP500 fechou a 3.821, com queda de 0,54%; o USDBRL a R$ 5,8755, com alta de 3,25%; o EURUSD a 1,1846 com queda de 0,60%; e o ouro a U$ 1.683, com queda de 1,00%.

Fique ligado!

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