Eficiência em alta #ouro

 


Não preciso aqui repetir todas as mudanças que ocorreram nas economias por conta do coronavírus. Passado este primeiro momento, ficam dúvidas se esse novo tempo foi temporário ou definitivo.

Uma maneira de medir esse efeito é através da produtividade, conceito que apura se a produção de um mesmo bem é feita de forma mais eficiente, o que pode se dar pela diminuição no tempo de produção ou pela alteração nos componentes ou na qualidade. De forma resumida, reduz o custo unitário do produto.

Um artigo publicado de Neil Irwin no New York Times fala sobre esse assunto nos EUA. Embora a situação brasileira não seja a mesma, o efeito nas empresas e no mercado de trabalho pode ocorrer aqui também,.

Durante a maior parte dos últimos 15 anos, a economia dos Estados Unidos ficou atolada em um período de baixo crescimento da produtividade. Quem imaginaria que o caminho para sair dele poderia incluir uma pandemia?

No entanto, é isso que os números mostram. Desde o segundo trimestre de 2020, a produtividade do trabalho — a quantidade de produção por hora de trabalho — aumentou a uma taxa anual de 3,8%, em comparação com 1,4% de 2005 a 2019. Novos dados publicados na terça-feira mostraram que a tendência persistiu nesta primavera, com uma taxa anual de crescimento da produtividade de 2,3% no segundo trimestre.

Uma maneira diferente de olhar para isso: desde que a recessão pandêmica caiu na primavera de 2020, o produto interno bruto do país está mais do que totalmente recuperado, com a produção do segundo trimestre 0,8% maior do que antes do coronavírus. O número de empregos diminuiu 4,4% no mesmo período. O crescimento da produtividade é responsável pela maior parte da discrepância entre esses dados.

O que é menos claro, porém, é o quanto esse crescimento representa um progresso real na distribuição da força de trabalho de maneira a enriquecer os americanos no longo prazo. É uma história complicada — como qualquer tentativa de conectar números amplos de produtividade ao que está acontecendo nas entranhas da economia —mas crucial para entender as perspectivas econômicas para a década de 2020.

Há várias partes nessa história, e cada uma tem implicações diferentes para o futuro.

Os empregos perdidos eram de baixa produtividade

Em termos de produção econômica, nem todos os empregos são criados iguais. Um trabalhador em uma fábrica bem gerenciada com equipamentos de última geração gera mais produção econômica para cada hora de trabalho do que seu colega em um lugar mal administrado com equipamentos piores.

As diferenças são ainda mais acentuadas quando você compara a produtividade entre setores, e é aí que a pandemia aparece claramente. As perdas de empregos em setores de baixa produtividade foram bem maiores que nos setores de produtividade mais alta.

Por exemplo, na véspera da pandemia, os empregos na indústria — altamente produtivos, com muita automação — pagaram em média US$ 28,23 por hora, enquanto os empregos em restaurantes pagaram em média US$ 15,23. O emprego na indústria em julho caiu 3,4% em relação ao nível de fevereiro de 2020, enquanto o emprego em restaurantes caiu 8%.

Na volta das pessoas atualmente desempregadas à força de trabalho, quantos terão empregos de maior produtividade versus os de menor produtividade? Isso é vital para determinar o potencial de crescimento futuro da economia.

Fazendo mais com menos

A escassez de mão-de-obra enfrentada por muitos tipos de empresas, especialmente no setor de serviços, está forçando algumas decisões difíceis. E, em muitos casos, as empresas incapazes de retornar aos níveis normais de pessoal estão se tornando mais criativas.

Restaurantes estão fazendo experiências com pedidos por telefone em vez de garçons. Os varejistas estão oferecendo mais opções de caixa automático. E há evidências de que a dificuldade de recrutar trabalhadores está fazendo com que as empresas invistam mais na formação de funcionários — potencialmente mudando pessoas de empregos de baixa produtividade para os de maior produtividade.

Às vezes há questões de medição complicadas. Por exemplo, se um hotel cobra os mesmos preços mas deixa de fornecer um serviço de limpeza diário por ter menos arrumadeiras na folha de pagamento, isso é sem dúvida uma piora na qualidade do produto e, portanto, uma forma de inflação em vez de maior produtividade do trabalho.

Mas, na medida em que algo fundamental está mudando na disposição das empresas em fazer investimentos que economizam mão-de-obra, repensar processos para serem menos intensivos em mão-de-obra e subir trabalhadores individuais na escada de habilidade, há oportunidade para um aumento de produtividade que supere a pandemia.



Trabalhando no limite

O outro lado da moeda pode ser que o aparente boom da produtividade, especialmente no primeiro semestre deste ano, simplesmente indica que as pessoas estão trabalhando mais do que o habitual.

Se um restaurante normalmente tem 10 garçons para o seu turno de jantar e reduz para sete, cada um deles tem que trabalhar muito mais duro, e isso pode parecer um ganho de produtividade. Menos pessoas-hora de trabalho estariam gerando a mesma produção econômica. Também pode ou não ser sustentável.

Mas talvez as pessoas estejam dispostas a trabalhar mais em certos empregos se a compensação for maior. Há uma teoria dos "salários de eficiência" que sugere, de fato, que os empregadores recebem pelo que pagam — que pagar mais significa ter uma força de trabalho de maior desempenho.

"Se você quer mais esforço, tem que pagar mais às pessoas", disse Steven J. Davis, economista da Booth School of Business da Universidade de Chicago. "Seriam de se esperar alguns benefícios de produtividade ao compensar as pessoas por maior esforço por hora do que normalmente fariam. Dá pra sustentar isso? Talvez, se os salários permanecerem altos.

O efeito trabalho-de-casa

No espaço de apenas algumas semanas em 2020, milhões de trabalhadores americanos que antes se deslocavam para um escritório aprenderam a trabalhar em casa. Se só uma pequena parte deles continuar a trabalhar em casa por algum tempo ou o tempo todo, isso pode ter consequências econômicas duradouras.

"Os empregadores estão adotando isso como solução de longo prazo e tomando medidas para investir na tecnologia apropriada para torná-la realmente eficaz", disse Julia Pollak, economista trabalhista da Zip Recruiter. "Há muita reflexão e compartilhamento entre empresas das melhores práticas sobre como criar virtualmente uma cultura corporativa."

No auge da pandemia, a grande maioria dos trabalhadores de escritório trabalharam em casa. No mundo pós-pandemia, os trabalhos que mais exigem colaboração presencial podem retornar aos escritórios, mas aqueles que podem ser facilmente feitos de forma remota podem permanecer remotos.

"O importante a entender é que não é que trabalhar em casa seja melhor para todos, mas que uma vez que a pandemia acabe, os tipos de pessoas para quem isso não funciona muito bem não continuarão a fazê-lo", disse o professor Davis. "Há uma seleção de pessoas que descobriram como fazer o trabalho remoto funcionar, e é daí que vêm os ganhos de produtividade.

Há várias implicações para os próximos anos. Por um lado, as empresas provavelmente precisariam de menos espaço do que no passado para escritório, mesas e cubículos em relação ao tamanho de sua força de trabalho. Isso pode significar maior "produtividade total dos fatores", que leva em conta não apenas os esforços dos trabalhadores, mas os investimentos de capital que eles usam para fazer seus trabalhos.

Por outro lado, os próprios trabalhadores dizem em pesquisas que são mais produtivos trabalhando em casa — embora não necessariamente de maneira muito aparente nos números oficiais de produtividade.

Um trabalho de Jose Maria Barrero, do Professor Davis e de Nicholas Bloom, que se baseia em uma pesquisa com 30.000 trabalhadores revela que o trabalho generalizado em casa poderia gerar um aumento de 4,8% na produtividade em relação à economia pré-pandemia, mas que apenas 1% disso deveria aparecer nas estatísticas oficiais.

O motivo? Grande parte do ganho vem do tempo economizado no deslocamento, e as estatísticas oficiais de produtividade do trabalho não incluem o tempo de deslocamento no denominador "horas trabalhadas".

Com efeito, a pandemia forçou muita inovação em torno das práticas de trabalho de escritório, e muito mais rapidamente do que seria o caso em outras circunstâncias.

"A adoção da tecnologia foi acelerada, novas empresas estão sendo criadas em um ritmo histórico, e a mudança para o trabalho remoto provavelmente sobreviverá à crise", disse Lydia Boussour, economista-chefe dos EUA na Oxford Economics, em nota analisando os novos dados de produtividade. "Embora algumas das eficiências devidas à pandemia possam levar anos para serem plenamente realizadas, acreditamos que essas quatro forças levarão a um reavivamento sustentado da produtividade no médio prazo."

O futuro é sempre incerto, e é ruim a compreensão dos economistas sobre o que realmente impulsiona os ganhos de produtividade. Mas, por enquanto, as evidências sugerem que muitos dos principais condutores desta colisão pandêmica em particular não devem desaparecer tão cedo.

 Sobre o trabalho remoto, assunto no qual venho insistindo, parece que a mudança já aconteceu de forma mais definitiva. Essa minha percepção se baseia nos dados de tracking publicado pelo JPMorgan. O gráfico à esquerda mostra a mobilidade em relação ao local de trabalho e à direita o coeficiente de utilização dos escritórios.



À primeira vista, os dois seriam de certa forma conflitantes, pois se 50% está se deslocando para o trabalho, como poderia a utilização do espaço ser tão baixa? Minha conclusão é que as pessoas mais qualificadas retornaram ao local de trabalho, e essas normalmente se utilizam de veículos próprios enquanto os de menor qualificação usam transporte público. Essa ideia pode ser comprovada pela baixo uso de metrô em Nova York.

 Nos países desenvolvidos, as restrições foram retiradas há aproximadamente dois meses, e seria de esperar que esses indicadores sobre os escritórios já tivessem voltado a níveis mais elevados, ou pelo menos apresentassem uma curva crescente, o que não parece ser o caso.

Eu sempre tive a desconfiança que algumas mudanças vieram para ficar, das quais citaria como principais a compra online e o trabalho remoto. Na minha alocação pessoal de fundos imobiliários, tenho evitado as categorias Laje e Shopping Center e privilegiado a de Galpões. Embora o Brasil seja diferente dos EUA, acredito que aqui essa tendência se observará no tempo.

No post o-fed-enrolou, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” A linha amarela corresponde ao que estou esperando para esse último movimento de queda. A oportunidade de venda surge quando atingirmos a onda b, em amarelo U$ 1.850/U$ 1,879. Se estiver de acordo, o ouro deveria mudar de rumo ao redor de U$ 1.700/U$ 1.680” ...

 


A máxima atingida de U$ 1.830 foi inferior ao que eu esperava, conforme anotado acima — essa onda B em verde foi mais “curta”, não dando oportunidade para operação de venda. Em seguida, houve a queda abrupta que analisei no post tombo-na-madrugada

Esse é mais um exemplo da dificuldade de se operar durante uma correção, e como os leitores devem ter percebido, quando me envolvo busco níveis confortáveis de entrada.

Um análise mais detalhada dos últimos movimentos me leva a dois cenários possíveis, mas com consequências iguais, mudando somente a extensão da queda. Vou manter a opção traçada, que tem se mostrado assertiva. O gráfico postado a seguir tem janela semanal, permitindo uma melhor visualização.

 


O primeiro possível ponto de reversão se encontra em U$ 1.650 — flecha branca, caso não se sustente, o próximo se encontra entre U$ 1.580/U$ 1.570 – flecha vermelha, sendo esse último mais provável que o primeiro. A razão dessa preferência se dá pela existência da congruência nesse nível por duas medições distintas, além da intersecção com as retas paralelas.

O SP500 fechou a 4.460, com alta de 0,30%; o USDBRL a R$ 5,2503, com alta de 0,62%; o EURUSD a 1,1733, sem variação; e o ouro a U$ 1.752, sem variação.

Fique ligado!

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