A vez dos azarões #bitcoin #USDBRL

 

Nas 2 semanas que o Mosca ficou sem publicação houve uma continuidade na deterioração dos mercados. As bolsas internacionais, conforme eu desconfiava, alcançaram novas mínimas entrando no que se convenciona chamar de mercado de baixa – bear market. Esse estado ocorre quando caem mais de 20% da máxima, agora o porquê desse 20% ninguém sabe explicar, eu considero como se fosse um stop loss.

O bitcoin acompanhou a queda de forma mais impulsiva atingindo o nível de U$ 17.589 nesse final de semana. No post fakecoins fiz os seguintes comentários: ...” o bitcoin estaria sujeito a uma continuidade da queda atingindo um possível ponto de reversão ao redor de U$ 30 mil, ou caso não suporte cairia até U$ 22 mil, só depois um movimento de alta se sucederia levando a níveis de U$ 120 mil” ...

- Ainda bem que você voltou, estou pronto para comprar o bitcoin seguindo suas recomendações.

Fala amigão, sempre buscando uma oportunidade na queda. Acertar nesses momentos é como tentar pegar uma faca caindo, pode machucar bem. Pensei que já tinha aprendido que, antes de se aventurar nessas situações é preciso esperar as 5 ondas no sentido inverso, e por enquanto nada disso ocorreu com o bitcoin, sendo possível ainda novas quedas. Você deve lembrar que meu cenário de alta está sujeito a não violação do nível de U$ 13.895, pois caso ocorra, a alta esperada a U$ 120 mil fica eliminada, onde será necessário estabelecer um novo panorama.


Um artigo publicado pela Gavekal por um de seus sócios Louis-Vincent Gave, chamou minha atenção. Observando o que ocorreu durante 2022 levanta a hipótese que os investidores poderiam preferir mercados emergentes ao invés dos desenvolvidos, o que seria algo inimaginável observando-se a história.

Os investidores hoje têm que repensar a alocação de capital por meio desse nova “era do armamento”, na qual os formuladores de políticas tendem a atirar primeiro e perguntar mais tarde, sem pensar nas consequências a longo prazo de suas decisões políticas.

O armamento tem sido um tema recorrente meu por anos, esse é um assunto que sou bastante sensível. Somos todos frutos de nossas próprias experiências, e qualquer um que tenha gastado tempo aplicando capital em mercados emergentes tem pelo menos uma história “política chocante” para contar. O fato de um autocrata poder acordar uma manhã e sem aviso fazer algo estúpido que destrói o futuro retorno sobre o capital investido é uma das muitas razões pelas quais esses mercados normalmente negociam com descontos significativos quando comparado aos mercados desenvolvidos.

Com o armamento de tudo, no entanto, a formulação de políticas ocidentais está assumindo cada vez mais características de mercados emergentes. Autoridades ocidentais devem reagir rapidamente a todas as crises, levando a enxurradas de políticas que podem ser confusas e contraditórias, enquanto os freios e contrapesos institucionais que pretendem injetar nuances no processo de formulação de políticas são postas de lado em nome da urgência.

Enquanto isso, os economistas de mercados emergentes que uma vez viram seus colegas trabalhando em instituições como o Tesouro dos EUA ou o Banco Central, os tinham como os “caras mais inteligentes da sala”, tendo testemunhado respostas a uma crise após a outra, agora são menos propensos a olhar para o Ocidente como guardiões da sabedoria política. As elites dos mercados em desenvolvimento podem olhar para a formulação de políticas instintivas do Ocidente e concluir que as coisas não são realmente tão diferentes de como são nos mercados emergentes, pelo menos quando se trata de política e de risco-país. Em caso afirmativo, os mercados desenvolvidos ainda seria o destino óbvio para os ativos de segurança?

Tudo isso me leva a um dos desenvolvimentos mais interessantes de 2022, ou seja, o desempenho superior de ações, títulos e moedas dos mercados emergentes, no meio de um mercado de queda global cada vez mais brutal (veja os gráficos abaixo). Agora, como mencionado, somos todos frutos de nossas próprias experiências. E nos meus 25 anos ou mais de investimento em EM eu percebi que:

• Moedas, títulos e ações dos mercados emergentes quase sempre enfraquecem quando o Fed inicia um ciclo de aperto. Isso não está acontecendo desta vez.

• Quando o mundo enfrenta uma crise de liquidez, os mercados emergentes são normalmente as primeiras vítimas da crise. Isso não é o que está acontecendo desta vez também.

• Os mercados EM são tipicamente mercados de “elevado beta”. Assim, quando as ações dos EUA caiam, os ativos do EM seriam levados muito mais para baixo. Isso não mais parece ser o caso.

• Quando as taxas de juros e os preços da energia estão em alta, os países com grandes populações e situações fiscais precárias, como Índia, Indonésia e a África do Sul chocariam no muro. Moedas cairiam, os juros subiriam e as ações teriam um desempenho inferior. Novamente, isso não é o que está acontecendo.

Estes são desenvolvimentos importantes porque os mercados em baixa estão lá por um motivo: transferir a liderança de um grupo de ativos para outro. O recente desempenho relativo superior dos mercados emergentes pode ser um sinal de que, em nossa nova era de armamento, eles podem muito bem se tornar os próximos líderes de mercado.

É inquestionável e intrigante os resultados apresentados acima. O histórico sobre esses momentos no passado aponta para resultados dos países emergentes bem inferiores aos dos desenvolvidos, quando, não menos, uma crise financeira levou os mais fracos a pedir ajuda ao FMI. Agora, se isso que se observa recentemente vai sugerir uma mudança de rumo para os investidores acho uma hipótese ainda a ser verificada. Por exemplo, não consigo ver como a Colômbia a partir de hoje pode ser uma opção confiável tendo um governo de esquerda anunciando a estatização de empresas.

Para justificar essa melhor performance dos emergentes em 2022 me arrisco com uma ideia, a de que os mercados desenvolvidos estavam tão caros, por conta de toda injeção de recursos bem como da política de juros, que estariam agora corrigindo esses excessos de forma mais forte, ocasionado essa distorção. Talvez a única exceção onde essa observação poderá se concretizar seria a China por ser atualmente a segunda economia mundial rumando para a liderança dentro de alguns anos. Também não sei se deveria ainda ser classificada como mercado emergente.

Será que entramos na era dos países azarão ser onde estará a maior parte dos investimentos? Sendo assim, o Brasil poderia se enquadrar nesse caso?

Fiz uma atualização na semana passada nos níveis de stop loss e objetivos da posição em dólar atualmente em curso fogo-no-parquinho. O dólar desde então continuou subindo o que me deixa mais confiante dos objetivos traçados conforme demarcados no retângulo abaixo.


Em correções onde a posição caminha conforme planejado não se deve cantar vitória antes do tempo, o que significa que toda cautela (ajuste de stop loss) não se deve negligenciar. Sendo assim, vou atualizar o stop loss para R$ 5,00 e manter os objetivos conforme apontado acima: ...”  estabelecer pontos de realização de resultado caso seja atingido os seguintes níveis: ½ a R$ 5,27 e a outra ½ a R$ 5,33” ... No curto ´prazo, é importante que o dólar ultrapasse o nível de R$ 5,21.

Na semana passada o BCB deu mais uma incrementada na taxa SELIC passando para 13,25% a.a. Os analistas esperam que o ciclo termine na próxima reunião de agosto com a última dose de 0,5%. O gráfico a seguir mostra que a expectativa é que essa taxa SELIC permaneça por um bom tempo mesmo considerado que a inflação deva cair significativamente nos próximos 12 meses. Como consequência, a taxa de juro real Ex-post ficaria muito elevada. Eu acredito ser improvável que os juros não caiam se a inflação cair dessa magnitude.


O mercado americano esteve fechado hoje; o USDBRL fechou a R$ 5,1850, com alta de 0,67%; o EURUSD a € 1,0510, com alta de 0,115; e o ouro a U$ 1.838, sem variação.

Fique ligado!

Comentários

  1. Acho que faltou uma analise de perspectiva de tempo na avaliação. Aparentemente entre o pico dos ativos nos mercados desenvolvidos e emergentes há uma lacuna de tempo nada desprezível. Na crise do subprime o pico do Sp500 foi em 10/2007 enquanto o pico do IBOV foi em 05/2008, um mês antes do pico do Petróleo. Rússia, México e África do Sul tiveram comportamentos semelhantes ao do Brasil enquanto China, Coreia do Sul, Cingapura, India e Twain (Emergentes asiáticos) tiveram comportamento mais similar ao SP500. Não acho que ativos emergentes segurarão a pressão enquanto ocorre elevação de taxa de juros em mercados desenvolvidos (em geral consumidores). Minha dúvida é se a Asia vai começar um estimulo muito forte antes da inflação estar controlada nos mercados ocidentais. Seria interessante ver o BOJ subindo juros uma vez que a China parece estar segurando estímulos econômicos.

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  2. Julio eu transcrevi a ideia desenvolvida pela Gavekal isso não significa que eu estou de acordo com as mesmas. Em relação a perspectiva de tempo e considerando que é uma ideia "out of the box" não sei se uma relação com momentos anteriores se aplicaria.

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