O mercado está pedindo água #SP500



Amanhã o Fed se reúne em seu comitê de política monetária, e já está contratada uma nova alta de 0,75%. O mercado também projeta mais três ou quatro altas, a primeira de 0,50% e as outras de 0,25%, chegando ao número mágico de 5% a.a. Isso é o que o mercado “aguenta” por estar nos preços e, se confirmado, a alta da bolsa pode eventualmente continuar. Depois de perdas enorme sofridas nos portfolios de ações e de renda fixa, o mercado está pedindo água!

E o Fed, o que acha disso? Estou convicto de que muitas discussões ocorrem entre os membros, alguns mais monetaristas preferem errar para cima para ter certeza de eliminar a inflação e outros, onde se inclui Powell, não querem gerar recessão e desemprego. Para buscarmos a resposta, um artigo de Garfield Clinton e outro na Bloomberg alerta para um movimento de mercado que pode alertar os mais dovish que a alta deveria ter fim em breve.

Os títulos subiram em meio a novos avisos de que uma recessão é inevitável enquanto o banco central dos EUA se reúne para uma reunião de dois dias que deverá resultar em um quinto aumento consecutivo das taxas.

O rendimento dos Treasuries de 10 anos caiu 12 pontos-base para 3,93%, em comparação com um pico de 4,34% no mês passado, o maior desde 2007. Os traders estão aguardando os dados industriais do ISM para obter mais pistas sobre o estado da economia dos EUA antes que o Federal Reserve estabeleça sua política na quarta-feira, quando outro aumento de três quartos de pontos é uma quase certeza. Os rendimentos alemães de 10 anos caíram 10 pontos-base, para 2,04%.

A corrida por títulos vem com a parte favorita do presidente Jerome Powell da curva de rendimento — a diferença entre as taxas de três meses versus a previsão dessas taxas em 18 meses — à beira da inversão, com o spread entre as duas caindo de 2,7 pontos percentuais em abril para menos de 0,2 pontos percentuais terça-feira.

Uma curva de rendimento invertida é um sinal de alerta fundamental para muitos investidores de que uma recessão está chegando, com o mercado começando a precificar um fim da política mais apertada e se preparando para taxas mais baixas no futuro para suavizar o golpe de uma desaceleração iminente. Muitos spreads acompanhados de perto no mercado do Tesouro já caíram abaixo de zero.


"As taxas instituídas estão entrando em níveis restritivos, embora tenha havido alguns casos suaves de dados econômicos nos últimos tempos", disse Frances Cheung, estrategista de taxas da Oversea-Chinese Banking Corp, com sede em Cingapura. "Em algum momento, o Fed precisa passar para aumentos menores de taxas, e isso pode acontecer na reunião do FOMC de dezembro."

Em março, Powell minimizou a importância dos rendimentos de dois anos acima das taxas de 10 anos — um prenúncio frequentemente citado de recessão. Ele argumentou que os traders estavam olhando para a métrica errada e que a medida mais curta dá uma leitura mais clara porque "se for invertida, isso significa que o Fed vai cortar, o que significa que a economia está fraca".

Os mercados globais têm sido agitados este ano por um Fed cada vez mais hawkish argumentando que precisa anular a inflação alta mesmo sob o risco de um chamado pouso duro para a economia. Seu quebra-cabeças parece estar se intensificando à medida que a inflação robusta e os dados do mercado de trabalho contrastam com sinais de fraqueza em outras partes da economia dos EUA.

Esse debate também está sendo refletido pelos preços do Fed. Os mercados monetários precificaram um aumento de 75 pontos-base esta semana, de acordo com contratos vinculados às datas do Banco Central. Entretanto, as apostas em mais um aumento gigante em dezembro estão vacilando e estão cerca de 10 pontos-base abaixo do que eram em meados de outubro.

Outra curva de rendimento amplamente seguida — a diferença entre Treasuries de três meses e 10 anos — inverteu-se na semana passada pela primeira vez desde março de 2020.

O mercado criou uma parafernália de indicadores comparando dois vencimentos de títulos do governo. Cada investidor tem sua preferência, alguns optam por 2 anos x10 anos, ou 5 anos x 10 anos, e assim cada um procura aquele que vai dar o sinal que a recessão está chegando. Funciona? ex post, se der certo, vai dizer que funciona. Mas o que importa é o parâmetro que o Fed usa, pois é em função dele que irá reagir. No caso é o diferencial entre o juro de 3 meses hoje x o de 3 meses daqui a 18 meses.

Hoje recebi uma projeção de inflação que me surpreendeu. Como podem notar a seguir, o modelo usado pela empresa de pesquisa econômica Alpine projeta a inflação medida pelo PCE próxima de 0% em 2024, vai cair de cabeça! Não sei os parâmetros que seu modelo usa, mas se isso ocorrer vai ganhar um prêmio e o Fed pode derrubar os juros. Mas duvido que alguém use essa informação para se posicionar.

Parece que vai ficando cada vez mais claro que, se existe alguma semelhança entre o momento atual e o passado, essa é com o que ocorreu nos anos 70/80. O gráfico a seguir mostra como foi lenta a queda e a expectativa de inflação, mesmo depois que o presidente do Fed (à época Paul Volker) colocou a taxa de juros em 20% a.a. (em dólar!). Se observamos esse comportamento, o gráfico acima parece uma piada!

Aproveitando essa experiência passada, como poderia comparar esses dois momentos? O gráfico abaixo aponta que houve uma elevada correlação, pelo menos até agora, porém os níveis não são iguais, o que não tira o valor do exercício. Não sabemos se irá seguir o mesmo rumo daqui em diante, mas o que me chama a atenção é que existe um período “pega trouxa”, que seria a partir de agora até 2024, onde a inflação cai baixando a guarda de todos. Se o Fed estiver preocupado com essa hipótese, não pode baixar demais os juros.



Amanhã não é uma reunião completa do Fomc, ou seja, não saem novas projeções de dados econômicos como os plots – que cá entre nós não servem para muita coisa. Então a atenção se volta ao conteúdo do comunicado e alguma dica na seção de perguntas e respostas. Com o feriado aqui, o Mosca não será publicado a não ser que ocorra algo extraordinário.

No post parece-muito-mas-e-pouco fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “ No gráfico com janela de 15 minutos aponto os possíveis próximos passos. Depois dessa alta que se iniciou no dia 21/10, uma correção de 3 lances deve ocorrer (A, B, C em verde). Se e somente se, houver as 3 ondas poderemos entrar com um trade ao redor de 3.740” ...


O desenrolar desta semana sugeriu uma outra contagem distinta da original, que modifica um pouco o quadro, razão pela qual acabei não entrando conforme sugerido. No cenário de alta, uma pequena queda é esperada até o nível de 3.800, onde surge uma oportunidade de compra cujo objetivo seria 4.060. Se tudo ocorrer dessa forma, 5 ondas de nível maior estarão completas e nos darão mais segurança de seguir em frente com a opção de alta, embora na sequência deva acontecer uma correção. O stop loss está anotado no gráfico em 3.760, o que propicia um bom risco x retorno.


O stop loss sugerido tem um aspecto ainda mais importante nesse caso, pois se for violado abre a possibilidade de ocorrerem baixas a níveis menores do que já ocorreu. Caso aconteçam, vocês ficarão sabendo os novos caminhos. Essa é a dificuldade quando ocorrem mudanças de direção, como a que estou sugerindo. O mercado vai ganhando confiança, mas os níveis têm que ser ultrapassados para que não aconteça o que se conhece como bear trap, uma súbita queda depois de uma alta.

Com a reunião do Fed amanhã, surpresas podem desencadear movimentos para ambos os lados. Por enquanto estamos na opção de alta.

O SP500 fechou a 3.856, com queda de 0,41%; o USDBRL a R$ 5,1432, com queda de 0,48%; o EURUSD a € 0,9880, sem variação; e o ouro a U$ 1.646, com alta de 0,85%.

Fique ligado!

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