Esqueça o que você aprendeu #ouro #gold
Tenho muita consideração pelos trabalhos elaborados pela
Gavekal e busco trazê-los esporadicamente aos leitores. Hoje vou compartilhar suas
ideias para o futuro, pois eles acreditam que estamos vivendo uma nova era e deveríamos
esquecer o modelo que vigorou nos últimos 30 anos. Para tanto, Louis-Vincent
Gave faz um relato dos principais acontecimentos em 2022, indicando no que se
deveria ter investido caso soubesse a priori o que iria ocorrer. Na maioria dos
casos, o retorno teria sido baixo. Em seguida, expõe em grandes linhas o que se
deve abandonar e como encarar este novo ciclo.
Resumindo, 2022 foi um ano difícil de navegar, pois
relacionamentos e tendências nos quais os investidores confiavam se romperam ou
reverteram — por exemplo, a correlação inversa entre títulos do governo e
ações, e o desempenho superior das ações da Big Tech e dos EUA em geral.
Ansioso, investidores poderiam considerar que as tendências da década 2011-2021
permanecem no lugar, e 2022 marcou uma pausa para chacoalhar os jogadores
“fracos” ou “alavancados”. Por outro lado, eles poderiam concluir que há uma
razão mais profunda para a baixa atual dos mercados; ou seja, para marcar uma
mudança estrutural na economia global e facilitar uma mudança na liderança de
um grupo de ações para outro (ver Temas para 2023: Consequências da implosão da
bolha americana).
Nos últimos anos, a maioria dos artigos e livros publicados
pela Gavekal apontaram para este último cenário, e hoje o cenário de
investimento está realmente mudando: da globalização à desglobalização; da
energia abundante à energia escassa; do “consenso de Washington” ao conflito de
grandes potências; da população em crescimento ao rápido envelhecimento, e da
desinflação à inflação.
Isso deve resultar em mudanças dramáticas na construção do
portfólio. Ainda assim, surpreendentemente, praticamente todos os principais
bancos privados e empresas de gestão de patrimônio mantêm os mesmos processos:
após o preenchimento de um questionário, um novo cliente é considerado
"conservador" e, portanto, com uma carteira composta por 60% de
títulos e 40 % de ações, ou é considerado "agressivo" e, portanto,
aconselhado a aplicar 60% do seu capital em ações e 40% em obrigações.
Desnecessário dizer que essa estratégia funcionou
perfeitamente por 30 anos — tanto para clientes como para empresas de gestão de
dinheiro. Mas parou de funcionar há dois anos. No entanto, os ativos da maioria
das pessoas ainda são administrados com base na premissa de que, devido ao fato
de que a estratégia funcionou por 30 anos, ignorar o fato de que falhou
terrivelmente nos últimos dois anos.
Assim, talvez 2023 seja o ano em que os investidores
aceitarão que os bons e velhos tempos das carteiras equilibradas acabaram.
Nesse caso, os investidores esperarão que o Papai Noel deixe mais vencedores de
2022 — energia, materiais, países emergentes e talvez empresas financeiras — nas
meias penduradas perto da árvore de Natal.
Nossas previsões feitas esta semana, e principalmente em
relação aos juros de 10 anos, estão em linha com esse ponto de vista da
Gavekal. No post a-armadilha-dos-juros-americanos, projeto taxas de
juros mais elevadas nos próximos anos, quebrando a tônica de queda que perdurou
por mais de 40 anos, apresentando um bom hedge contra a carteira de ações
(quando uma subia a outra estava em queda e vice-versa). Provavelmente, esse
equilíbrio não deve funcionar no futuro se minhas projeções se materializarem.
Esse será um grande choque para esses investidores — basta
ver quantos e quantos artigos foram escritos este ano enfatizando a perda que
ocorreu, não sendo o caso dos investidores do Brasil, onde a renda fixa sempre
predominou em função dos juros serem elevados.
Hoje meus comentários serão sobre o ouro, que permaneceu
dentro de um intervalo desde a criação do Mosca. Me recordo quando o
metal chegou a U$ 1.920, a quantidade de inserções nos noticiários da
Bloomberg. Naquele momento, previsões de U$ 5.000 até U$ 30.000 proliferaram,
caindo na tendência que comentei recentemente de “subiu, vai subir mais”.
Felizmente, meu call foi de queda naquele momento, porém passados mais de 10
anos acredito que chegou a hora do ouro brilhar.
A taxa de juro real é um fator importante no comportamento
do preço do ouro conforme se pode observar no gráfico abaixo. Este ano houve um
deslocamento na curva entre ambos o que poderia induzir uma queda de preço do
ouro. Sem entrar no detalhe do motivo dessa distorção no meu ponto de vista
(tem a ver com a alta do juro), acredito que haja uma distorção dessa taxa
(real), talvez essa correlação esteja prejudicada por enquanto. Vamos ver como
se comporta em 2023.
No post boia-furada fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “ O ouro ficou e ainda está intrincado na onda 4 em laranja, para essa contagem tenho 2 hipóteses que externei nos posts publicados sobre o metal. Para a previsão do ano, posso praticamente assumir que essa correção deverá terminar em 2022, a dúvida vai ficar de que nível, se ao redor de U$ 1.700 ou um pouco mais abaixo U$ 1.600 — números arredondados só para dar uma ordem de grandeza” ... ...” Em seguida, o movimento começa a tomar força para terminar entre U$ 2.650 e U$ 3.700. Embora seja um intervalo bastante grande, no dia a dia vamos conseguir mais precisão. Está chegando a hora do ouro brilhar” ...
O Mosca acertou o nível onde a queda deveria ocorrer, pois em outubro último atingiu a mínima de U$ 1.610. O que não posso afirmar ainda é se a onda 4 em laranja terminou. No curto prazo, como venho enfatizando nos posts sobre o metal, estou trabalhando com perspectiva de alta como cenário base e, conforme destacado no gráfico a seguir, o nível de U$ 1.729 é fundamental para esse fim.
A trajetória que deveria levar o ouro para a cotação de U$ 2.460 está expressa em azul onde a onda (1) ainda não está completa. Naturalmente, o detalhe e precisão ocorrerá no desenvolvimento dessa onda. Queria enfatizar que o objetivo final para o ouro poderá ser bem superior ao nível apontado acima, pois a onda 5 em commodities tendem a ser estendida. Sugiro acompanhar o Mosca para as sugestões de trade (marketing... hahaha!).
Incialmente, queria agradecer os leitores pela confiança nestes mais de 10 anos e informar que o número de leituras evoluiu significativamente este ano, estando próximo de atingir a marca de 600.000 visitas. Desejo boas festas e Feliz Natal e aguardem o post do dia 31 com os resultados obtidos neste ano desafiador.
O SP500 fechou a 3.844, com alta de 0,59%; o USDBRL a R$
5,1614, com queda de 0,10%; o EURUSD a € 1,0617, com alta de 0,23%; e o ouro a
U$ 1.797, com alta de 0,26%.
Fique ligado!
Boas festas
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