Europa sem solução #eurusd
Vem ano, vai ano e não consigo enxergar uma solução para
enorme disparidade que a criação do euro ocasionou, como ninguém vai ter
coragem de quebrar esse acordo os governantes vão empurrando com a barriga. Dois
choques em 2022 tornaram a vida do BCE mais difícil: a guerra da Ucrânia e o
surgimento da inflação.
Até o ano passado a autoridade monetária de valeu de uma
política monetária de certa forma desesperadora ao fixar juros negativos. A
princípio como justificar aos investidores que cometeram um “erro” ao poupar
recursos durante sua vida e por causa disso seriam penalizados com uma taxa de
juros negativa como se fosse um castigo!
Na verdade, a razão dessa medida extrema era para permitir
aos países do Clube Med financiarem sua enorme dívida no “peito”. Em resumo essa
política levou os alemães a bancarem os italianos. A moeda única só poderia ter
uma direção, ladeira abaixo. Toda a ajuda feita durante a existência do euro
não foi suficiente para tornar a Itália competitiva e provavelmente devem ficar
furiosos ao ver seus vizinhos fazerem turismo em seu país.
Mas acabou a moleza, pois caso ficasse inerte o BCE colocaria tudo a perder.
A guerra da Ucrânia parece que virou notícia de segunda
ordem, todas as restrições impostas a Rússia não foram tão efetivas graças ao by
pass feito com a China que se colocou como o comprador de última estância
do seu petróleo. Isso permitiu que não fosse estrangulada como queriam os
países ocidentais. Para ficar competitivo na resposta dada a Rússia restou os
países ocidentais fornecer armas e recursos aos ucranianos.
Ontem o Presidente Ucraniano Volodymyr Zelenskiy pegou o
avião e foi aos EUA onde passou algumas horas. Quando surgiu a notícia de que
ele visitaria a Casa Branca e se dirigiria ao Congresso antes do Natal, o líder
desgastado pela batalha já estava em uma jornada de 8.400 quilômetros (5.200
milhas) com uma mensagem que só poderia ser entregue pessoalmente: Obrigado,
mas por favor, faça mais.
O simbolismo da visita de Zelenskiy pode ter sido o aspecto
mais poderoso de toda a viagem. Desde a invasão da Rússia, Zelenskiy
surpreendeu muitos pela capacidade de reunir suas forças e povo, com grande empenho
pessoal.
Ele mostrou esse hábil toque político no final de seu
discurso na quarta-feira. Voltando-se para a vice-presidente Kamala Harris e
Pelosi, que se sentaram atrás dele durante todo o tempo, Zelenskiy desfraldou
uma bandeira ucraniana azul e amarela assinada pelos soldados que visitou um
dia antes em Bakhmut.
"Esta bandeira é um símbolo da nossa vitória nesta
guerra", disse ele. "Nós permanecemos, lutamos e venceremos porque
estamos unidos – Ucrânia, América e todo o mundo livre."
Todo esse movimento indica que o final da guerra não parece
próximo e que ele e o povo ucraniano estão dispostos a qualquer sacrifício ao
invés de se renderem.
Mas essa guerra tem um custo de aproximadamente U$ 1 trilhão
a Europa como comenta a Bloomberg que enfatiza ser somente o começo da crise.
Depois deste inverno, a região terá que reabastecer as
reservas de gás com pouca ou nenhuma entrega da Rússia, intensificando a
concorrência por navios-tanque do combustível. Mesmo com mais instalações para
importar gás natural liquefeito entrando em operação, espera-se que o mercado
permaneça apertado até 2026.
Enquanto os governos foram capazes de ajudar as empresas e
os consumidores a absorver grande parte do golpe com mais de
US$ 700 bilhões na ajuda, um estado de emergência pode durar anos. Com
as taxas de juros subindo e as economias provavelmente já em recessão, o apoio
que amorteceu o golpe para milhões de famílias e empresas está parecendo cada
vez mais inacessível.
Para países como a Alemanha, que dependem de energia acessível para fabricar de carros a produtos químicos, altos custos significam perder competitividade para os EUA e a China. Isso pressiona o governo do chanceler Olaf Scholz a manter o apoio à economia.
"Dadas as repercussões políticas e sociais
potencialmente enormes da explosão do preço da energia e o choque na espinha
dorsal da economia alemã, é importante que o governo alemão intervenha",
disse ele. Isabella
Weber, uma economista da Universidade de Massachusetts Amherst, que é
conhecida como a inventora da quebra do preço do gás na Alemanha.
O desafio é encontrar o equilíbrio entre manter as fábricas
funcionando e as casas aquecidas no curto prazo, sem sufocar o incentivos
ao investimento em energia renovável – amplamente visto como a maneira
mais sustentável de sair do aperto de energia.
O que se tem acompanhado é um estouro na inflação do bloco europeu que atingiram níveis de dois dígitos em alguns países. Isso fez o BCE se mexer e elevar a taxa de juros. Mas qual nível será suficiente quando países como a Itália aumentará seu déficit por conta da alta de juros. O gráfico a seguir coloca em perspectiva o que está precificado para alguns países ocidentais, a Europa só ficaria na frente dos suíços com uma taxa de 3% a.a.
Com esse nível os rentistas que comentei no início devem estar em situação pior ainda que com os juros negativos, pois em termos reais 3% contra 8% de inflação é bem mais negativo que o juro negativo anterior. Não é suficiente!
De novo a situação criada com um câmbio fixo entre os
membros não tem uma solução fácil, ao puxar de um lado falta cobertor do outro.
Assim como todo país que tentou essa política desistiu em algum momento, sendo
a maioria das vezes pelo mercado, acredito que na Europa não será diferente. Me
recordo que um dos primeiros posts que escrevi a longínquos 10 anos levantei
esse problema, sou capaz de afirmar que também vai ocorrer, agora o timing
ninguém sabe, pois é como um equilíbrio instável de um castelo de areia feito
na praia, onde você acrescenta grãos até que num momento desmorona. Em qual
grão ocorre não pode ser determinado, nem estatisticamente.
No post prisioneiros-do-euro fiz os seguintes
comentários sobre a moeda única: ...” Minha visão
sobre o euro não se alterou, apenas a queda se estendeu. Como comentei no ano
anterior, a desconfiança (de queda) se elevaria no nível que se encontra no
momento a € 1,1320, mas por outro lado não se
pode rejeitar a tese. Até acredito que uma nova queda poderia levar a € 1,0980, como se pode verificar no gráfico a seguir”
...
A crise energética acoplada a alta de inflação fez com que meu cenário tivesse que ser modificado. Como o leitor nota acima o euro se encontra numa correção de longo prazo e nesses casos situações como essa podem ocorrer. Quando for assim, não se pode considerar a ferro e fogo os níveis sugeridos, estão sujeitos a mudanças.
Em setembro a moeda única atingiu € 0.9534 e na sequência iniciou
um movimento de recuperação motivada por duas razões: queda nas taxas de juros
dos títulos americanos em conjunto com uma postura mais assertiva por parte do
BCE. Com essa atitude o Mosca passou a trabalhar com alta do euro.
No gráfico a seguir se encontram os movimentos esperados com
esse cenário proposto. Na alta visionada, que deveria se estender pelo próximo
ano, o euro deveria atingir € 1.168 ou € 1.234. Como sempre, e
principalmente numa maldita onda B, fica sujeito a acompanhamento durante o
ano. Depois de atingir esse nível um movimento de queda deveria levar a moeda
única a € 0.948 ou € 0.912.
O SP500 fechou a 3.822, com queda de 1,44%; o USDBRL a R$ 5,1763, com queda de 0,47%; o EURUSD a € 1,0595, sem variação; e o ouro a U$ 1.792, com queda de 1,21%.
Fique ligado!
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