O consenso pode errar #eurusd


Ontem assistimos uma alta forte das bolsas americanas para um dia, ao redor de 3%, e tudo aconteceu em pouco mais de 2 horas depois que Jerome Powell fez seus comentários no Brookings Institue. Ao analisar seu conteúdo não revelou nada de novo que já não estivesse sendo projetado pelo mercado de taxas de juros e mais, disse que as taxas permanecerão elevadas por um tempo. Não tem nada de dovish, como o mercado denomina as atitudes mais baixistas da autoridade monetária.

Então, qual a razão de tamanho otimismo? Na minha visão é por conta de posições muito baixas em ações por parte dos investidores, como venho ressaltando ultimamente. A grande maioria espera uma recessão para o próximo ano. A corrida às ações pode ter surgido também em função de uma dúvida: e se o consenso estiver errado e não houver recessão (ou se for branda)? Nesse caso, os gestores que não estiverem posicionados, ou pior, estiverem apostando contra, sofrerão com retornos aquém de seus pares.

Outro fator que colaborou para a alta é a China. No post a-inflação-da-covid expus a situação delicada em que se encontra o governo chines oriundo de sua política Covid zero. A Gavekal publicou um relatório sobre esse assunto e elencou quatro estratégias para enfrentar essa situação. A que considera mais provável, igual ao que o mercado espera: Decidir abandonar a Política zero-Covid com discrição. Em poucas palavras, a China se juntaria ao resto do mundo e aceita que deve conviver com o vírus e admite as consequências. Este seria de longe o resultado mais otimista para os preços dos ativos chineses, mercados emergentes, commodities e ações europeias. Colocar a segunda maior economia do mundo como a mais isolada do resto do globo nos últimos três anos tem sido profundamente perturbador para todos os envolvidos. Reverter esse isolamento seria claramente uma tendência de alta.

A Bloomberg noticiou hoje que esse processo já começou na “moita” como relata Rachel Chang:  Embora a liderança central chinesa tenha permanecido caracteristicamente opaca em suas intenções, os sinais são inconfundíveis. As autoridades começaram a minimizar a gravidade das infecções, evitando o "Covid Zero dinâmico", um termo que se refere à eliminação do vírus. O czar chinês da Covid descreveu o país como estando em uma "nova fase" da pandemia.

Em relação a reação dos mercados descrita por Craig Torres da Bloomberg foram as palavras de Powell que fez a diferença.

O presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o Federal Reserve vai desacelerar o ritmo de aumento das taxas de juros no próximo mês, ao mesmo tempo em que enfatiza que os custos de empréstimos precisarão continuar subindo e permanecer restritivos por algum tempo para superar a inflação.

Seus comentários, em um discurso na quarta-feira, na Brookings Institution, em Washington, provavelmente cimentam as expectativas de que o Fed eleve as taxas de juros em 50 pontos-base quando se reunirem em 13 e 14 de dezembro, após quatro movimentos consecutivos de 75 pontos-base.

"O momento de moderar o ritmo de aumentos de juros pode chegar já na reunião de dezembro", disse Powell no texto de seu discurso. "Dado o nosso progresso no aperto da política, o momento dessa moderação é muito menos significativo do que as questões de quanto mais precisaremos aumentar as taxas para controlar a inflação e o período de tempo que será necessário para manter a política em um nível restritivo".

Os rendimentos do Tesouro de 2 anos, sensíveis à política, caíram com as observações de Powell, anulando as altas no dia, e o índice S&P 500 reverteu as perdas para negociar em alta. O dólar caiu em valor contra os principais rivais nos mercados de câmbio.

As ações do Fed - as mais agressivas desde a década de 1980 - elevaram a faixa de meta de sua taxa de referência para 3,75% a 4%, de quase zero em março. Powell disse que as taxas provavelmente atingirão um nível "um pouco mais alto" do que as autoridades estimaram em setembro, quando a projeção mediana era de 4,6% no próximo ano. Essas projeções serão atualizadas na reunião de dezembro.



Os investidores veem o Fed pausando os aumentos no segundo trimestre, uma vez que as taxas atingem cerca de 5%, de acordo com os preços nos contratos futuros. Embora os operadores esperem cortes de juros no final do ano, Powell disse que uma redução não é algo que o Fed quer fazer em breve.

Ainda que os economistas vejam uma recessão nos próximos 12 meses como mais provável do que não, Powell disse que um chamado pouso suave para a economia permanece "muito plausível" e "ainda atingível", embora reconheça que o caminho para tal resultado está se estreitando.

Em relação aos aumentos de juros, "achamos que desacelerar neste momento é uma boa maneira de equilibrar os riscos" para a economia da inflação e do crescimento mais lento, disse Powell.

O Livro Bege do Fed, a pesquisa econômica regional, também divulgada na quarta-feira, revelou que a atividade econômica nas últimas semanas "ficou praticamente estável ou ligeiramente acima desde o relatório anterior, abaixo do ritmo médio modesto de crescimento no período anterior".

Powell disse que o banco central está prevendo uma inflação de 12 meses com base em seu indicador preferido, o índice de preços de despesas de consumo pessoal - PCE, de 6% até outubro. Isso está em linha com as estimativas dos economistas privados antes dos números oficiais que devem ser divulgados na quinta-feira.




Não houve evidências fortes suficientes para fazer um argumento convincente de que a inflação em breve desacelerará, disse ele.

"Será preciso substancialmente mais evidências para dar conforto de que a inflação está realmente em declínio", disse ele. "A verdade é que o caminho à frente para a inflação permanece altamente incerto."

Ele acrescentou que "apesar da política mais apertada e do crescimento mais lento no ano passado, não vimos um progresso claro na desaceleração da inflação".

Componentes da inflação

O presidente do Fed percorreu os componentes da inflação no discurso preparado. Ele observou que os preços dos bens desaceleraram, mas acrescentou que é "muito cedo para declarar que a inflação de bens está vencida". Powell disse que as taxas de inflação em novos aluguéis de casas estão caindo.

Powell então se lançou em uma discussão sobre os custos dos serviços, concentrando-se na escassa oferta no mercado de trabalho, com a lacuna na participação da força de trabalho explicada principalmente pelas aposentadorias da era da pandemia, em sua opinião.

"Essas aposentadorias em excesso podem agora representar mais de 2 milhões do déficit de 3 1/2 milhões na força de trabalho", disse ele.

Ele disse que o mercado de trabalho está apenas mostrando "sinais provisórios" do que chamou de "reequilíbrio", enquanto os salários estão "bem acima" dos níveis consistentes com a inflação de 2% ao longo do tempo.

Apesar dos custos mais altos dos empréstimos, a economia dos EUA continua a crescer, em meio à demanda sustentada e à contratação constante. Essa resiliência, embora a inflação permaneça teimosamente acima da meta de 2% do Fed, aponta para a necessidade de aumentos contínuos de juros, disseram as autoridades de políticas.

Um relatório mensal de emprego divulgado nesta sexta-feira deve mostrar um ganho de 200 mil empregos durante novembro - o que seria o mais lento em quase dois anos, de acordo com economistas consultados pela Bloomberg.

Várias outras autoridades do Fed disseram que estão dispostas a desacelerar o ritmo de aumentos de juros, sugerindo que as taxas atingirão um pico em um nível mais alto do que o esperado anteriormente, como o próprio Powell disse em 2 de novembro após a última reunião de política monetária do banco central.

É muito claro que o discurso do Powell foi mais um alívio que algo novo apresentado, uma vez que, manteve as expectativas do mercado. No mês de dezembro termos novos dados de inflação bem como a reunião do Fed. Em relação a bolsa estou cautelosamente positivo.

No post divida-infinita fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “Uma análise dos próximos movimentos coloca dois cenários distintos, que delimito no gráfico a seguir” ... ...” A opção traçada em laranja contempla um primeiro movimento, que considera uma correção inicial, mas que deveria rumar acima mais à frente. Esse cenário seria eliminado caso o euro voltasse a cair abaixo € 0,9534. Uma outra opção está apresentada em verde, onde a moeda única completaria cinco ondas” ...




O euro está buscando romper a forte área de resistência destacada no gráfico em amarelo e tudo indica que a opção mencionada acima em verde está em curso, desta forma, a partir de agora trabalho com cenário de alta para a moeda única. O gráfico a seguir com janela mensal mostra o que podemos esperar. Uma alta inicial que levaria o euro ao nível de € 1,118/ € 1,168, não de forma direta, mas em três etapas, para depois uma queda que levaria ao objetivo incialmente apontado entre € 0,948/ € 0,912.




No curto prazo a primeira sequência está traçada em verde onde o euro estaria num possível limite de curto prazo ao redor dos níveis atuais (onda 3 em verde), em seguida uma queda poderia levá-lo ao redor de € 1,026/ € 1,023 onde provavelmente vou sugerir um trade de compra.




O SP500 fechou a 4.076, sem variação; o USDBRL a R$ 5,1848, sem variação – estou alterando o stop loss para R$ 5,32; o EURUSD a € 1,0525, com alta de 1,13%; e o ouro a U$ 1.802, com alta de 1,91%.

Fique ligado!

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