Discriminação "Financeira" # eurusd

 


Nos dias atuais, agir com discriminação é altamente rejeitado pela sociedade. Por exemplo, no futebol nunca se viu tamanha mobilização contra as cenas de racismo vividas por Vini Junior na Espanha. As áreas se multiplicam: religião, opção sexual etc. Acredito que posso colocar mais uma no rol: a discriminação contra as ações de empresas pequenas, ou melhor, que não estejam entre as 10 maiores do mercado americano. Nunca se mencionou tanto a diferença de retorno que essas empresas obtiveram no último semestre quando comparadas a praticamente todas as outras ações.

O gráfico a seguir aponta para o percentual de empresas de tecnologia e financeira dentro de cada índice; em seguida, o retorno desses principais indicadores. Notem como é inversamente proporcional ao percentual que a tecnologia tem em cada uma delas. Será que existe uma discriminação entre as ações de valor e crescimento e, numa segunda derivada, entre as grandes e as pequenas empresas? Nir Kaissar comenta na Bloomberg uma outra distinção que ocorre entre empresas de tecnologia: as que tem lucro contra as que não tem. Sua análise é interessante para se avaliar este último grupo, bem como o setor como um todo.




Com as ações de tecnologia ressurgindo este ano, alguns investidores temem uma  repetição da alta liderada pela tecnologia que levou as ações a avaliações extremas durante a década de 2010, preparando-as para uma correção acentuada no ano passado. Uma maneira de avaliar se a alta deste ano é exagerada é olhar para o quanto os investidores estão pagando por ações de empresas não lucrativas e, por essa medida, o mercado está longe de sua exuberância anterior.   

Os investidores adoram apostar em novas empresas muito faladas, mas sem lucros. Muitas das maiores empresas, incluindo Amazon e Tesla, eram escoadouros de dinheiro antes de se tornarem bem-sucedidas, e a perspectiva de descobrir o próximo grande negócio pode ser irresistível.

É um jogo tão antigo quanto o próprio investimento, mas que atingiu um patamar febril em 2020. O Goldman Sachs Non-Profit Tech Basket, uma coleção de empresas ainda não financiáveis que incluía as queridinhas da tecnologia Roku, Peloton Interactive e Lyft, subiu 285% em 10 meses de abril de 2020 a janeiro de 2021, mais de quatro vezes o ganho do índice.




Previsivelmente, a mania terminou durante o mercado de baixa que se seguiu. O índice dos não lucrativos caiu 74% de seu pico em janeiro de 2021 até o final do ano passado, quase quatro vezes a queda do Nasdaq durante o mesmo período. Mas o índice se recuperou este ano, subindo 34% até o final de junho e 2 pontos percentuais melhor do que o Nasdaq.

Não é a primeira vez que investidores fazem grandes apostas em empresas não lucrativas e sofrem uma inevitável correção, e não apostam apenas em ações de tecnologia. O índice do Goldman tem uma década de história, mas os números do Russell 3000 Growth Index remontam a meados da década de 1990, e está repleto de empresas de rápido crescimento que ainda não deram lucro.

Na verdade, mais de um terço das cerca de 1.500 empresas do índice de crescimento relataram um prejuízo líquido em seu ano fiscal mais recente, e apenas cerca de 20% delas são empresas de tecnologia. O número de empresas não lucrativas tende a aumentar e cair com o ciclo econômico, mas tende a aumentar ao longo do tempo. Cerca de 1 em cada 10 empresas do índice de crescimento não era rentável em 1995; agora esse número está mais próximo de 40%.




Ainda assim, só porque há mais empresas não lucrativas não significa que os investidores as estejam perseguindo. Uma boa maneira de avaliar o interesse dos investidores ao longo do tempo é acompanhar quanto eles estão pagando por essas empresas em relação a alguma medida de fundamento, uma avaliação mais alta indicando mais entusiasmo e vice-versa. A medida de avaliação mais citada, a relação preço-lucro, não ajuda aqui porque as empresas não lucrativas não têm lucros. Mas eles geram receita, então eu olhei para as relações preço-venda.

Esses índices de P/S (S= sale ou vendas), assim como o número de empresas não lucrativas, tendem a subir e cair com o ciclo econômico, e eles também tendem a aumentar ao longo do tempo. A proporção mediana para as empresas não rentáveis no índice de crescimento é de 4 vezes as vendas, contra 2 vezes em 1995. Parte dessa expansão da avaliação é impulsionada pela disposição dos investidores de pagar mais por ações em geral, como evidenciado pelo fato de que a relação P/V do índice de crescimento de 3,6 é mais do que o dobro do que era em 1995.

Uma maneira de levar em conta o ambiente de avaliação mais amplo é comparar a relação P/S mediana para empresas não lucrativas com a relação P/S para o índice de crescimento mais amplo. Essa relação de relações P/S não se moveu muito nas últimas três décadas, embora tenha experimentado algumas oscilações. Aparentemente, seus picos se alinharam estreitamente com os topos de mercado durante a era pontocom no final dos anos 1990, a crise financeira de 2008 e o topo de mercado mais recente em 2021. Ele caiu perto de sua mínima histórica no ano passado e permanece perto de lá mesmo após o rali deste ano. Assim, o gosto dos investidores por empresas não lucrativas é muito mais discreto do que era.




Isso não significa que os investidores não possam se machucar. Surpreendentemente, a relação P/S mediana das empresas não lucrativas quase sempre foi maior do que a do índice de crescimento mais amplo e permanece assim até hoje. Isso significa que os investidores provavelmente ainda estão pagando mais por empresas não lucrativas do que outras empresas de rápido crescimento que já ganham dinheiro.

Se a história é um guia, isso é um mau negócio. Avaliação à parte, as ações dos 30% mais rentáveis dos EUA superaram os 30% menos rentáveis em 3,9 pontos percentuais ao ano desde 1963, incluindo dividendos, e 92% do tempo em períodos de 10 anos, de acordo com números compilados pelo professor de Dartmouth Ken French. Jogue no valuation, e os resultados são ainda mais gritantes. As ações das empresas mais baratas e lucrativas superaram as mais caras e menos lucrativas em impressionantes 8,9 pontos percentuais ao ano e 78% do tempo em períodos de 10 anos.




O problema com empresas de rápido crescimento, mas não lucrativas, é que a maioria delas nunca se torna lucrativa ou deixa de corresponder às expectativas elevadas, exigindo que os preços de suas ações sejam corrigidos. A menos que os investidores possam escolher os vencedores com antecedência, apostar em empresas não lucrativas provavelmente será um hobby caro.

Por enquanto, a boa notícia é que as apostas em empresas não lucrativas estão mais brandas do que o normal. Se o temor é que a alta deste ano seja um retorno ao mercado exuberante que antecedeu a retração do ano passado, em pelo menos uma medida não está nem perto.

O argumento usado por Kaissar na avaliação das empresas sem lucro é interessante, pois o tradicional de lucro não é possível para esse grupo. De alguma forma, e quando parte delas se tornarem lucrativas, sem dúvida a aceleração nas vendas será um bom indicador. Sua conclusão de que não está havendo exageros nesse grupo pode sugerir que também nesse subgrupo os investidores estão preferindo as grandes.

Muito diferente da discriminação “social”, se é que podemos classificar desse modo, a “financeira” é muito díspar. Enquanto a primeira está enraizada nos valores de quem a prática, a segunda é comandada pelo bolso. Sendo assim, se essa maré mudar, e principalmente se for pelo bom motivo, sem recessão ou loucuras pelo Fed nos juros, os investidores deixarão de ter a discriminação “financeira” contra as pequenas empresas ou de valor, pois estarão baratas nessa situação.

Nesta sexta-feira, serão divulgados os dados de emprego, cujo consenso é a criação de 225 mil novas posições e uma taxa de desemprego de 3,6%. Ocorre que a publicação elaborada pelo ADP, que é uma previsão do que pode ocorrer amanhã, mostrou um resultado elevado, com a criação de 497 mil quase o dobro do que era esperado. Esse dado colocou gasolina nas taxas de juros, onde os títulos de 10 anos romperam a barreira dos 4% a.a. O bom motivo vira mau motivo.




No post http://acertarnamospowell-pode-chutar-com-os-dois-pés fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “Por outro lado, se o modelo for o triângulo a formação anotada em verde deverá ocorrer” ... ...” Eu poderia sugerir um trade de compra nos níveis atuais pois em qualquer dos casos poderia estabelecer o stop loss em € 1,0633, ou seja, uma perda potencial de 2,36%. Porém, se a opção for o triângulo ficaremos na torcida para que ele não ocorra. Se acontecer e tivermos que sair no nível apontado em (D) o resultado seria 1,27%. Em outras palavras, só vale a pena entrar em níveis mais baixos” ...




Tudo indica que a formação de triangulo seja a correta e análise feita acima acabou sendo a mais indicada. Agora estaremos perto de sugerir um trade embora término de triângulos são difíceis de prognosticar. Como sugerido no gráfico a seguir, os níveis de € 1,0797 e € 1,0775 poderiam denotar a mudança de rumo.




Existem duas formas de agir nessas situações: a) comprar na região acima e estabelecer o stop loss em € 1,0637 – um potencial prejuízo de 1,4%; ou b) aguardar formar as 5 ondas para cima e comprar na retração. A primeira deve permitir um bom preço de entrada, mas não elimina uma maior extensão na correção da onda (B), contra a segunda, em que se entra em preços provavelmente piores, mas com uma perspectiva mais concreta. Por enquanto vou aguardar mais a frente para decidir.

O SP500 fechou a 4.411, com queda de 0,79%; o USDBRL a R$ 4,9277, com alta de 1,67%; o EURUSD a € 1,0887, com alta de 0,33%; e o ouro a U$ 1.910, com queda de 0,38.

Fique ligado!

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