Quando sair da festa #USDBRL

 


É uma delícia estar posicionado quando o mercado vai na sua direção, uma sensação dupla de ganhar dinheiro e ter acertado, e é aí que reside o perigo. Daniel Kahneman apresentou um estudo acadêmico ganhador de prêmio Nobel onde comprova que uma perda de 5% tem um efeito muito maior que um ganho de 5%. Essa constatação por si só indica como é mais difícil sair de uma posição.

Quem opera comigo já sabe: quando entro numa posição, mesmo que o mercado vá no meu sentido, estão proibidos de me dar parabéns até que a posição seja liquidada.

Se você usa análise técnica, esse efeito é de certa forma mitigado por 2 razões: ou você sai de sua posição quando atinge um nível calculado, ou ajustes constantes do stop loss permitem continuar na posição por mais tempo.

Está semana comentarei sobre os riscos que as bolsas caiam, o que pode ocorrer dentro em breve, já que volta à cena meu cenário antigo de eventual correção maior.

O articulista Michael Batnick, comenta algumas passagens de sua vida neste aspecto.

As pessoas não são muito boas para acertar o timing do mercado de ações. Isso é especialmente verdade na hora de sair. Acredite, eu sei por experiência própria.

Quando eu estava negociando ativamente ações individuais, eu realmente comprava na hora certa, de um modo geral. Eu preferia comprar ações quando elas estavam rompendo um patamar. Meu problema era que eu vendia quando eles começavam a voltar, efetivamente saindo no ponto onde tinha entrado.

As pessoas passam muito tempo falando sobre quais ações comprar e quando as comprar, mas muitas vezes ignoram a segunda parte da transação, o que tem no mínimo tanta importância quanto a primeira parte.

Vender é mais difícil do que comprar por algumas razões. Você está pensando claramente antes de comprar algo. Uma vez que você puxa o gatilho, é seu. Não é mais a Amazon, é a minha Amazon. Você está agora ancorado ao seu preço de compra, e seu lucro ou perda influencia suas decisões.

Há duas maneiras amplas de pensar em vender uma posição. Uma tenta maximizar o retorno, a outra tenta minimizar o risco. Nenhuma está certa ou errada, nem garante fracasso ou sucesso.

Se você está tentando maximizar o retorno, então tem que estar disposto a engolir perdas decentes. Sinto muito, mas esse é o caminho. A realidade é que todas as ações vencedoras afundam de vez em quando. Se você quer todo o ganho potencial, precisa aceitar todas as possíveis perdas. Claro, o desafio com isso é que você não sabe se tem na posição uma ação super ganhadora ou uma ação que vai cair muito. Essa é uma conversa totalmente diferente.

Se você está tentando minimizar o risco de uma grande perda, pode administrar um stop-loss, uma média móvel, ou algo assim. É uma boa maneira de ter certeza que você não está se agarrando ao próximo grande fracasso. O outro lado da moeda é que isso também garante que você não vai manter na carteira a próxima Tesla. Se você não consegue suportar uma queda de 20%, por exemplo, então seu stop loss será executado várias vezes ao longo do caminho.

Tesla teve sua mais profunda retração este ano, caindo 60% da máxima para a mínima. Incrivelmente, também, subiu 640% este ano. Se você estivesse usando qualquer estratégia de gerenciamento de risco, teria vendido em seu stop loss. Sei que é um exemplo extremo, mas é bom.

O exemplo da Tesla é oriundo dos tempos que vivemos atualmente, onde o enorme volume de liquidez provoca reações desenfreadas em algumas ações. Ao se observar o gráfico acima, poderíamos ter uma postura mais leniente — afinal, depois dessas quedas, os preços sempre fizeram novas máximas. Mas não acredito que nossa atitude teria sido a mesma se estivéssemos vivenciando esses momentos. É bem provável que tivéssemos vendido perto das mínimas de cada ciclo.

Mas, não fique desapontado pelas experiências de sua vida, afinal você não é um profissional dessa área. Na semana passada publiquei um post ate-o-infinito, que comprova a ineficiência dos gestores de fundos em sair de suas posições.

Não existe modelo correto a ser usado, um funciona melhor numa situação e o diverso em outra — o que só se sabe a posteriori. O que o Mosca sugere é gerenciar seus recursos sem colocar em risco sua solvência, mesmo que sua decisão de sair seja errada, quando constatada no futuro. Isso não vai fazer a menor diferença no longo prazo, ao passo que ficar sem recursos vai tirar você do jogo.

Sendo assim, saia da festa mesmo achando que poderia ficar mais um pouco!

No post a-bolsa-esta-cara-ou-barata, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Conforme destaquei no gráfico abaixo, ao redor de R$ 4,88 parece um bom target para o término deste movimento. Mas não posso descartar uma queda um pouco mais profunda, até o nível de R$ 4,67” ...


O dólar tentou por 2 vezes romper a barreira psicológica de R$ 5,00 sem sucesso. Isso não significa que os objetivos estão comprometidos, mas que ainda tem um tempo de maturação.

Em continuidade com os movimentos, parece que o objetivo ao redor de R$ 4,66/4,67 se consolida como o mais provável.

Estamos entrando no período em que a liquidez começa a ficar mais restrita, uma vez que uma boa parte dos traders zera suas posições próximo ao final do ano.


Com toda a pressão que houve nos últimos meses, decorrência da intenção do presidente Bolsonaro de abrir os cofres, uma consequência aconteceu: além de levar o dólar a níveis bastante elevados, o perfil de vencimento da dívida pública caiu sensivelmente, indo na contramão de outros países emergentes.
Para se ter uma ideia melhor desse encurtamento, o que demorou 10 anos para passar de um prazo médio de emissão de 1 ano para 6 anos, em apenas 2 meses retornamos aos patamares mais baixos. Esse fator não tem um impacto imediato importante, uma vez que se refere a novas emissões e não ao estoque da dívida, mas, se seguir dessa forma, em poucos anos ficaremos numa situação muto vulnerável. Pena que o presidente não tenha a menor ideia do que isso representa — para dizer a verdade, nem sei se ele tem ideia de alguma coisa!

O SP500 fechou a 3.647, com queda de 0,44%; o USDBRL a R$ 5,1176, com alta de 1,03%; o ERUSD a 1,2148, com alta de 0,31%; e o ouro a U$ 1.828, com queda de 0,60%.

Fique ligado!

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