Tema 2021: InouDe

 


O Mosca completa 10 anos em 2021, é um retrospecto de respeito. Afinal, nesta era digital, dificilmente um informativo desse tipo perdura por tanto tempo. Eu só tenho a agradecer aos leitores a confiança e o incentivo que me estimulam a escrever em bases diárias. Foram 2.220 posts num total de 361.663 visualizações (e contando!) espalhados pelo mundo, principalmente no Brasil, EUA e Europa.

Quem é leitor antigo do Mosca sabe que não gosto de fazer previsões no final do ano. Não acredito que uma data específica seja suficiente para “obrigar” os analistas a terem uma opinião, se por acaso não as têm. Mas dou minha mão à palmatoria: se todo mundo faz, afinal, por que não o Mosca?

O ano de 2020 foi desafiador nesse aspecto, a Covid-19 alertou para a imprevisibilidade. O articulista Barry Ritholtz publicou em seu post um relato interessante sobre esse assunto.

Previsões são exercícios contraprodutivos para investidores. Primeiro, são pouco mais do que palpites. Falo isso literalmente; não há ciência válida para estimar preços de ações, taxas de juros, inflação, rendimentos de títulos, ouro, bitcoin ou qualquer coisa para um período de 12 meses.

Considere: Quantos estrategistas tinham a "Pandemia Global, um milhão de mortes, 34% de queda de mercado, mas com enormes ganhos nas ações da FAANMG e um ganho anual de 12% no S&P500" em suas Perspectivas de 2020? Nenhum.

O futuro é desconhecido. Não culpe o Covid — guerras, pandemias, desastres naturais e outros eventos fora da curva são uma característica, não um defeito. Eventos sem precedentes ocorrem com uma regularidade alarmante. É por isso que os autores de previsões não têm a mínima chance ao longo de um ano.

A questão mais problemática é que, quando os investidores fazem sua previsão (ou adotam a de outros), eles tendem a gerenciar suas carteiras baseados nessa previsão. Eles querem mostrar que acertaram, independentemente das consequências econômicas pessoais. Essa teimosia humana levou o famoso técnico da NDR Ned Davis a dar a seu livro de 2000 o título Being Right or Making Money [Ter Razão ou Ganhar Dinheiro]

Então, em vez de conselhos inteligentes de longo prazo, o que temos em vez disso, com essas perspectivas e previsões, são conselhos mais transacionais, temporários e pontuais. Ainda hoje, e apesar das comissões sobre ações serem (quase) de graça, o essas previsões agem como uma campanha publicitária projetada para atrair novos clientes — não ajudar os clientes existentes. Elas fornecem pouco em termos de orientação para o cumprimento de metas de longo prazo para a aposentadoria, a transferência de riqueza geracional, o pagamento da faculdade, a compra de uma casa etc.

As previsões, como temos observado repetidamente ao longo dos anos, não são nada mais do que marketing.

Já se perguntou por que tantas previsões se agrupam em torno dos mesmos pontos? Muitos prognósticos simplesmente pegam os níveis de preços atuais, extrapolam um ganho médio anual (por exemplo, 8-10% em ações) e ancoram sua previsão em torno disso. Isso ajuda a explicar por que tantas perspectivas parecem tão semelhantes - uma simples extrapolação.

E digo isso como alguém que recebeu grandes previsões mais ou menos certas. Eu só queria saber se foi habilidade ou sorte, mas essa determinação está acima da minha capacidade.

Aqui está minha perspectiva para 2021: Todos nós estaremos ainda mais de saco cheio com o confinamento, mais loucos de tédio com o trabalho em casa, e cansados pra burro de reviver o mesmo dia o tempo todo. Eu acho que a fadiga do Covid não é brincadeira: é real, e perigosa e frustrante até dizer chega. Pelo menos temos alguma luz no fim do túnel, com 3 vacinas nos estágios finais de aprovação. Com um pouco de sorte, talvez a vida comece a voltar ao normal no próximo verão.

Eu desafio você a encontrar uma perspectiva mais verdadeira para 2021.

São colocações bastante fortes, de quem está exausto com as consequências da pandemia em nosso dia a dia. Conheço um pouco esse analista, e seu viés negativo não combina com sua postura equilibrada. Contudo, quem não está um pouco mais dessa forma?

Sua citação dos analistas é surpreendente: ele jogou todas as suas previsões literalmente no lixo.

O Mosca não é tão radical, nem acredito que as previsões de uma forma geral são feitas de forma tão chula. Cito como exemplo os trabalhos da Gavekal, que público as vezes, de alta qualidade. Ok, vamos de início ao Tema para 2021.

Vocês devem estar se perguntado o que eu quis dizer com o título “InouDe”? Para compreender, basta separar essa palavra e acrescentar “flação”. Para mim não há nada mais importante que saber se o mundo vai continuar no processo deflacionário que tem vivido na última década, ou uma onda de inflação se aproxima. Se tivesse de pedir um desejo ao gênio da lâmpada, essa seria minha pedida.

Durante o mês de dezembro, vou publicar a previsão de médio prazo para os mercados que sigo, e quando comentar os juros de 10 anos, alguma luz poderá surgir. No post vivendo-num-mundo-sem-juros, deixei aberto os cenários possíveis para o ano em curso: alta, dentro do intervalo de 1,45%-3,0% e queda. Ou seja, tudo seria possível. Posso dizer que acertei na Mosca!  Hahaha ...

 Não sei se no próximo ano essa dúvida proposta poderá ser esclarecida, mas talvez tenhamos indicações — principalmente se for o In, que considero o maior risco para o futuro.

No post o-xerife-de-ativos, fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq100: ... “é fundamental que o Nasdaq100 ultrapasse a máxima atingida em setembro de 12.400. Se isso ocorrer, cálculo que o próximo nível a ser atingido seria de 14.200, depois 15.600 e por último 17.000. Como uma serie de idas e vindas, até chegar lá” ... ...” A partir de agora, deveria ocorrer a parte mais forte do movimento, sem refresco para quem quer entrar, isso até os 14.200” ...

O índice ultrapassou a marca de 14.200 e agora busca consolidar a máxima histórica, o que deve ocorrer nas próximas horas. Como podem notar no gráfico a seguir, os objetivos antes traçados continuam mantidos.

Uma informação interessante sobre a bolsa americana mostra que com o passar do tempo, a concentração dos detentores encontra-se na faixa mais idosa. Enquanto em 1900, as pessoas com idade superior a 55 anos detinham 52%, hoje em dia esse percentual é de 75%, em contrapartida, para os menores de 40 anos era de 13% e hoje apenas 4%. Parece que a tão anunciada classe média americana já não existe mais hoje em dia.

Amanhã será publicada a taxa de desemprego americana que ultimamente passou a ser de grande importância. O resultado como aproximação desse indicador, divulgado ontem pelo ADP, ficou abaixo do esperado com 307 mil vagas. A esperança é de que o dado publicado pelo governo – BLS venha mais elevado. Esperemos!

O SP500 fechou a 3.667, sem variação; o USDBRL a R$ 5,1590, com queda de 1,14%; o EURUSD a 1,2142, com alta de 0,22%; e o ouro a U$ 1.841, com alta de 0,55%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Esse dado traz duas informações importantes: 1º) O FED realmente está garantido a aposentadoria americana e por isso, não somente, infla o valor das ações; 2º) Como essa política está dificultando o futuro dos mais jovens;

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  2. Parabéns pelo blog,um dos melhores que acompanho

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