Bolha a vista #bitcon #stablecoins #S&P500
As bolhas financeiras
são traiçoeiras: só se tornam evidentes quando já é tarde demais. Em 2012, no
post no-mundo-das-bolhas, enumerei os elementos que costumam prenunciar esses
ciclos destrutivos. Hoje, quase todos eles reaparecem no mercado de criptomoedas
— talvez com ainda mais intensidade. Não é exagero afirmar: já estamos dentro
de uma bolha. Só não sabemos se ela está prestes a estourar ou ainda inflando
perigosamente.
Nos últimos meses, o
mercado de criptomoedas tem assistido a uma sequência de movimentos que
lembram, em todos os aspectos, os ingredientes clássicos de uma bolha
financeira. Empresas — muitas sem lastro em geração de caixa — estão recorrendo
à aquisição de bitcoins como estratégia para impulsionar seu valor de mercado.
O raciocínio é perversamente simples: cada dólar colocado em cripto é percebido
pelo mercado como dois dólares de valorização acionária. Essa “mágica contábil”
tem atraído uma nova geração de aventureiros — tanto nas bolsas quanto no
submundo da tecnologia.
A artimanha de
adicionar bitcoin ao balanço e, assim, turbinar o valor da empresa, virou
prática recorrente. Pior: virou modelo de negócio. A TLGY Acquisition Corp.,
uma empresa de cheque em branco (SPAC), anunciou uma fusão com a Theia Group —
um projeto de “tesouraria cripto” que sequer oferece produto final. O valor?
Mais de US$ 1,5 bilhão. O que ela possui, de fato? Bitcoin e promessas. O mesmo
ocorreu com a Ethereum Treasury, criada para operar exclusivamente como um
“balcão” institucional de Ethereum, sem atividade operacional real. A reação do
mercado? Euforia. As ações da TLGY dispararam 60% após o anúncio da fusão.
Mais grave ainda é o
crescimento desse modelo entre empresas privadas. Enquanto as listadas ao menos
respondem à SEC, as demais operam sob a égide da “fé de contrato”, onde o fio
do bigode vale mais que compliance. É um terreno fértil para oportunistas, que
enxergam nos criptoativos a chance de multiplicar o valor nominal das
companhias sem passar pelo caminho tortuoso da inovação real.
Mas esse cenário tem
um elemento adicional — e preocupante. O aumento explosivo dos ataques
cibernéticos contra empresas de criptoativos. Só nos primeiros meses de 2025,
as perdas com roubos e hacks já superaram o total de 2024. O alvo preferencial?
Essas novas “tesourarias” que, muitas vezes, não possuem nem o mais básico dos
mecanismos de proteção que bancos tradicionais exigem como padrão mínimo de
segurança. São cofres sem tranca, tentando manter moedas digitais num mundo
onde os hackers operam como hedge funds.
Não se trata apenas de
fraudes pontuais. Há uma economia paralela crescendo em torno dessa
vulnerabilidade, com estruturas sofisticadas para explorar falhas de segurança,
sistemas descentralizados e até engenharia social. O hacker do futuro não é um
adolescente em um porão. É uma organização com capital de risco, plano de
expansão e folha de pagamento.
Por isso, o Mosca faz
um alerta direto: estamos diante de um mercado onde empresas inexperientes, sem
estrutura técnica, estão se alavancando com bitcoins enquanto se tornam alvo
fácil de quadrilhas digitais. O risco aqui não está apenas na volatilidade do
ativo, mas na natureza precária das mãos que o seguram.
Outro dado curioso é a
forma como o capital institucional se comporta nesse cenário. Segundo o Wall
Street Journal, alguns investidores experientes começam a ver sinais de que “o
pior já passou” e voltam a alocar recursos em ativos cripto. Isso alimenta o
otimismo e dá a falsa sensação de estabilidade. Mas o histórico das bolhas
mostra que elas não são interrompidas por bom senso, e sim pelo estouro
inevitável.
O que está em jogo é a
crença generalizada de que haverá tempo para escapar antes do colapso. Uma
ideia perigosamente equivocada. O trabalho que publiquei em 2012 já deixava
claro: bolhas não podem ser previstas com precisão, tampouco é possível
identificar o momento exato do estouro. Mas seus sinais são sempre os mesmos:
excesso de liquidez, irracionalidade coletiva, modelos de negócio
insustentáveis e uma narrativa encantadora demais para ser ignorada.
Hoje, o mercado de
criptomoedas carrega todos esses ingredientes. E agora soma um novo: a
profissionalização do crime digital.
Se alguém acredita que
vai conseguir sair no timing perfeito, antes da queda, desejo sorte. Vai
precisar.
Análise Técnica
Análise Técnica
No post “ o-bolso-dos-outros” fiz os seguintes comentários sobre o
S&P 500: “ Embora continue atribuindo maior probabilidade ao
cenário base, ajustes sutis foram feitos na contagem para incorporar a dinâmica
mais recente do mercado”
Segundo outras medidas de ondas de menor grau se pode ver uma acumulação
ao redor de 6.390 / 6.430 uma alta na média próxima a 2%, naturalmente não
estou me referindo ao cenário mais altista.
Ontem fiz referência aos aspectos emocionais quando se tem alguma
posição, muito diferente quando não se tem. Mas mesmo nesse último caso ocorre
o inverso, pois se havia perspectiva de o mercado subir e ele sobe, mesmo que
faltando esses meros 2%, passa pela cabeça: “Puxa, se eu estava tão convicto
poderia aproveitar esses 2%”.
Mas a racionalidade tem que prevalecer pois a pergunta a ser feita
sempre: qual é o risco x retorno, e aí entrar agora não se justifica, inclusive
que a bolsa pode nem chegar lá.
Uma dica que vale sempre, quando tiver muitos 5 nas contagens de ondas
prefira ficar fora. Só mude caso sua contagem não estiver correta ou ainda um
outro cenário entrar em cena.
O S&P 500 fechou a 6.309, sem variação; o USDBRL a R$ 5,5680,
sem variação; o EURUSD a € 1,1750, com alta de 0,47%; e o ouro a U$ 3.431, com
alta de 1%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário