Sempre os mesmos #eurusd

 


Na última década, assistimos a uma ampliação na fortuna dos mais ricos. De forma bastante simples, a razão foi a alta nos preços dos ativos contra uma estagnação nos salários da classe média.

Quem segue o Mosca há algum tempo deve lembrar o movimento dos “99ers” em Wall Street, por conta de estatísticas que mostravam o crescimento do patrimônio de 99% da população americana em relação ao 1%.

O Coronavirus-19 amplificou essa tendência. No lado do emprego, os mais prejudicados foram os de baixo valor agregado, uma vez que a pandemia afetou em maior peso os segmentos que ofereciam esses empregos.

Na sexta-feira, serão publicados os dados de emprego — e os últimos dados não animam. Os mais otimistas irão argumentar que isso irá se corrigir com o tempo, pois sempre há uma defasagem entre o crescimento econômico e emprego, mas tenho dúvidas sobre essa recuperação. Uma previsão da Oxford Economics para a criação de empregos indica que o número a ser divulgado será zero.



Uma pesquisa feita por classe de renda — com duas perguntas qualitativas, avaliação da satisfação da vida e sentimentos vivenciados — deixa muito claros os pontos que exponho. Nem todo mundo está feliz e os que estão têm elevados salários.


Do lado dos ativos, os mais ricos estão sendo altamente beneficiados com as altas das bolsas e a valorização dos imóveis. Em relação ao mercado imobiliário, o americano está vivendo a maior alta no preço dos imóveis residenciais dos últimos anos, subindo acima de 10%. Por enquanto ainda não bateu no preço dos aluguéis, mas é questão de tempo.



Um artigo publicado por Stephen Wilmot na Bloomberg fala sobre a evolução das ações da fabricante da Ferrari e de seus desafios no futuro. Diferentemente das empresas que fabricam carros “normais”, ameaçadas pela Tesla que fabrica carros elétricos, suas ações estão tão caras como as fabricantes de artigos de luxo Hermes e LVMH.

O grande desafio para o próximo chefe da Ferrari  será gerenciar a estratégia da marca de carros de corrida para reduzir as emissões de gases.

A pandemia interrompeu as linhas de produção da montadora por sete semanas — com uma redução de 10% nas vendas no ano passado, informou a empresa na terça-feira. Fora isso, a Ferrari passou pela crise com poucos arranhões. Projeta uma recuperação da receita este ano para cerca de 13% a mais do que seu total pré-pandemia de 2019, sustentada por fortes pedidos desde o verão passado.

Desde sua oferta pública inicial de 2015, os investidores gradualmente passaram a tratar a Ferrari como uma exceção à regra geral de que as montadoras são empresas de capital intensivo e de baixa margem, cujas ações são mais adequadas para negociações de fundos de hedge do que dinheiro de longo prazo. Dados seus pequenos volumes de produção e grande acumulação de pedidos de clientes ultra ricos, eles veem a empresa italiana como uma criadora de artigos de luxo, não uma fabricante de carros.


Mas, em um aspecto, a Ferrari é como outras montadoras: precisa reinventar seus motores. As regras ambientais estão endurecendo em todos os lugares e punindo supercarros, que produzem emissões de carbono desproporcionais por milha. As atitudes dos consumidores também são mais “verdes” entre as gerações mais jovens, que a Ferrari precisa cultivar como futuros clientes.

Em uma ligação com analistas, o presidente e CEO interino John Elkann, descendente da família Agnelli que fundou o império Fiat e ainda controla a Ferrari, mencionou um plano surpreendente para tornar a empresa neutra em carbono até 2030, ao mesmo tempo em que parece descartar Ferraris de bateria elétrica pura para alcançar esse fim.

Ficar totalmente elétrico deve ser uma perspectiva assustadora para uma marca tão conhecida por seus motores de oito e 12 cilindros e pelos rugidos que produzem. No entanto, certamente não é impossível. A herança da Ferrari é tanto em corridas e design quanto em motores, e os consumidores gostam de veículos elétricos high-end por características como a aceleração rápida.

As ações da Ferrari são atualmente negociadas por 44 vezes seus lucros futuros, algo entre os múltiplos dos gigantes de luxo franceses LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE e Hermes. Mas a referência das ações em relação ao setor de bens de luxo pode começar a parecer um erro à medida que se tornem mais claros os riscos inerentes ao caminho da empresa para reduzir as emissões. Existem algumas tendências automotivas que nem mesmo a Ferrari pode ultrapassar.

Embora esse artigo vise enfocar o desafio da marca italiana em seguir as regras impostas pelos países na emissão de gases, o que chamou minha atenção é seu elevado P/L em conjunto com marcas de luxo, acima dos níveis das empresas de tecnologia, considerados absurdos pelos analistas.

É claro que o mercado pode estar precificando essa categoria de forma errada e que daqui a um tempo caiam na realidade, mas por enquanto o que se pode concluir é que esse segmento continua com os mesmos costumes de antes, valorizando a aparência de sua riqueza através de bens materiais de marca, enquanto a população de uma forma geral aderiu a outros costumes.

Outro dia fiquei pensando que a vida de quem fabrica gravatas estava contada - quem você viu nos últimos tempos usando uma? Nem nas festas eles podem se basear - Ledo engano meu: dependendo da categoria, ainda devem estar muito bem.

Aonde tudo isso vai levar em termos sociais? A resposta só saberemos daqui a muitos anos.

Na última segunda-feira, comentei no post http://acerto-acerto-por-sorte, sobre como é importante identificar se possuímos competência ou sorte no mercado financeiro. O trader por trás do ganho nas ações da GameStop, que ficou conhecido por DeepFuck..gValue e mostrou em seus extratos mais de U$ 40 milhões, devolveu em dois dias nada mais nada menos que U$ 19 milhões, rapidamente confirmando minha suspeita de que teimaria na sua estratégia e não reconheceria que ganhou por sorte. A evolução das ações dessa empresa se encontra a seguir.



Com U$ 22 milhões na conta, sendo U$ 14 milhões em caixa, ainda pode ser considerada um ganhador desse evento. Mas se teimar em acreditar que tem competência para descobrir empresas cujo valor está mal precificado pelo mercado, e com boa parte de seus seguidores já no prejuízo ou próximo dele, pode estar a caminho de perder tudo que ganhou. Seria melhor ele entrar no time dos muito ricos e comprar uma Ferrari, pelo menos pode postar para sua galera e dar umas voltinhas por ai!

No post a-bolsa-e-frustrante, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...”Como poderão notar no gráfico a seguir, eu dei como encerrada a pequena correção do euro e assumi que estávamos a caminho do objetivo traçado acima. Isso pode ter que ser revisto caso o euro negocie abaixo de  1,2042. Caso isso ocorra, vamos ver o que se pode esperar daí em diante, se a correção vai se estender mais um pouco ou se estamos a caminho da queda maior” ...



Acabou acontecendo que a moeda única rompeu o nível de 1,2042, colocando que o término da correção havia terminado. Mas, por enquanto, a queda é marginal — o que não descarta o cenário exposto, só o torna menos provável.

No gráfico a seguir, nota-se que o euro está testando a reta de suporte, bem como o nível mais extremo de 1,1971, ainda aceito dentro dos parâmetros técnicos.



Como podem notar, destaquei 1,1907 como o máximo aceitável. Abaixo disso não tem desculpa, um novo cenário deveria ser traçado - Let the Market speak!

O SP500 fechou a 3.830, com alta de 0,10%; o USDBRL a R$ 5,3609, com queda de 0,12%; o EURUSD a 1,2035, sem variação; e o ouro a U$ 1.833, com queda de 0,23%.

Fique ligado!

Comentários