Bateu pesado #usdbrl

 

Mohamed El Erian é um economista renomado dentro da comunidade financeira. No ano passado veio a público alertar sobre o risco de o Fed estar behind the curve ao adotar a retórica de que a inflação era temporária. Desde então tem tido uma postura muito crítica, acreditando que as decisões do Fed foram tardias e danosas a economia.

Recentemente, publicou artigo nessa linha no Project Syndicate.

Depois de anteriormente evitar aumentos nas taxas de juros, o Federal Reserve dos EUA vem apertando a política monetária a uma taxa sem precedentes. Mas a atual turbulência do mercado e as projeções revisadas do próprio Banco Central mostram que uma grande quantidade de danos já foi feita.

CAMBRIDGE – A reação dos mercados financeiros ao último movimento político do Federal Reserve dos EUA lembrou mais os países em desenvolvimento do que a economia mais poderosa do mundo. Dado que o Fed é o banco central mais sistemicamente importante do mundo, isso é mais do que apenas uma curiosidade. Tem implicações para o bem-estar econômico da América – e o do resto do mundo.

Em 21 de setembro, o Fed reforçou sua abordagem "HFL" de dois meses de empurrar as taxas de juros mais para cima, mais rápido e por uma duração maior do que o previsto anteriormente. Ele implementou um terceiro aumento da taxa de 75 pontos-base consecutivo sem precedentes  e enviou um forte sinal de que os aumentos totalizando outros 125 pontos-base estão programados para as duas últimas reuniões  do ano. Também sinalizou que a possibilidade de um "pivô" para baixar as taxas é improvável antes de 2023.

revisão do Fed de suas projeções econômicas pintou um quadro sombrio para os Estados Unidos e a maioria das outras economias. Prevê não só um crescimento menor, mas também, e mais surpreendentemente, uma inflação mais alta – algo que tem feito repetidamente nos últimos trimestres.

Os últimos movimentos do Fed são consistentes com um banco central que está continuamente lutando para alcançar realidades no terreno. É o tipo de coisa que se costuma encontrar em países em desenvolvimento com instituições fracas, não no emissor da moeda de reserva do mundo e no guardião dos mercados financeiros mais sofisticados do mundo – onde muitos outros países e empresas confiam suas economias.

A comparação é ainda mais preocupante quando se considera o que a recente turbulência do mercado implica. Para começar, os mercados veem um banco central que, por mais difícil que tente, ainda esteja lutando para alcançar as expectativas do mercado e o que é necessário para conter as pressões de custo de vida. Tendo sido constantemente pressionado pelos mercados a fazer mais – e por uma boa razão, dado que a inflação central está em 6,3% e ainda subindo – as últimas ações políticas do Fed, como era de se esperar, causaram outra redução acentuada nos preços de ações e títulos.

Em segundo lugar, os mercados veem um banco central que espera causar mais danos colaterais à medida que tenta cumprir sua meta de inflação. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse isso este mês, quando continuou a se distanciar da possibilidade de um pouso suave ou "tipo suave", como ele disse uma vez. Powell já sinalizou repetidamente mais "dor" à frente, implicando uma probabilidade de recessão desconfortavelmente alta. O mercado parece concordar com essa perspectiva: a curva de rendimento está invertida, com o rendimento dos títulos do Tesouro de dez anos tendo caído para cerca de 40 bps abaixo do que em títulos de dois anos.

Esses sinais de mau agouro do mercado indicam que a economia dos EUA (e, portanto, a economia global) carece tanto de uma âncora de política monetária quanto de um banco central suficientemente confiável. Como resultado, os EUA precisam de mais aperto na política monetária do que se o Fed tivesse reagido em tempo hábil e crível. Isso produzirá de fato "dor", na forma de crescimento antecipado (real e potencial) e maior desemprego, que atingirá mais os segmentos mais vulneráveis da sociedade.

Para a economia global, isso se traduzirá em uma fragilidade ainda maior do crescimento em um momento em que a Europa está entrando em recessão, o desempenho da China está cada vez mais atrasado em seu potencial econômico, e pequenos incêndios estão queimando em todo o mundo desenvolvido. Apesar desse aumento da fragilidade, muitos outros bancos centrais não terão escolha a não ser seguir o Fed para elevar as taxas de juros além do que seria necessário de outra forma, a fim de evitar "importar" uma inflação mais prejudicial e instabilidade financeira inquietante.

Agora que o Fed se encontra em uma situação tão desconfortável – principalmente por culpa sua – pode estar inclinado a evitar novos aumentos nas taxas, particularmente dadas as crescentes críticas de que está levando a economia à recessão, destruindo a riqueza e alimentando a instabilidade. No entanto, tal curso de ação arriscaria repetir o erro da política monetária dos anos 1970, pesando na América e no mundo com um período ainda mais longo de tendências estagflacionárias. Em vez disso, o Fed deveria estar fazendo muito mais para conter as repercussões adversas de seu erro político, inclusive através do pensamento inovador sobre seu quadro de política monetária e colaboração mais proativa com outras entidades formuladoras de políticas (doméstica e externa).

Infelizmente, é tarde demais para evitar todas as consequências econômicas e sociais prejudiciais dos danos que o Fed causou à sua própria credibilidade. O Banco Central estava notavelmente atrasado com sua resposta à inflação. Mas não é tarde demais para conter o dano. Fazer isso é crucial.

A verdade é que por enquanto a economia americana não deu sinais de desaceleração de uma forma mais consistente, apenas alguns setores que são mais sensíveis à taxa de juros responderam como o imobiliário, que vem desacelerando. A última publicação da projeção do PIB pelo GDPNOW elaborado pelo Fed de Atlanta mostra esta robustez.


Aquela enorme poupança acumulada durante a pandemia que fez com que os analistas ficassem preocupados, já que poderia dar mais continuidade ao consumo que o desejado, praticamente voltou ao nível normal, embora ainda exista um colchão confortável em relação ao padrão.


A inflação de agosto computada pelo CPI foi um choque na data de sua publicação, o que ajudou a derrubar os mercados de risco e empurrar as taxas de juros. No final do mês, foi a vez do PCE, usado pelo Fed como parâmetro para sua tomada de decisão de política monetária — não podia ter sido diferente e ficou acima das expectativas, como o CPI.


No mercado financeiro é comum o trader se apaixonar por sua posição quando sua aposta vem se tornando vitoriosa e esquece que o céu não é o limite. Será que as críticas de Mohamed procedem? Se eu tivesse oportunidade, gostaria de perguntar o que ele teria feito diferente, considerando que realmente o Fed errou no passado. No meu entender, a autoridade monetária está buscando recuperar o atraso, e naturalmente sua demora terá um custo maior. Mas Inês é morta, não adianta chorar!

A última atualização do dólar ocorreu há duas semanas, no post da semana passada não foi possível publicar os gráficos em função dos problemas com o sistema que tive. Felizmente por enquanto agora funciona, sendo assim, vou me basear no post consistência, cujos comentários foram: ... “Se a opção de queda for ocorrer a área delimitada pelo retângulo seria o máximo a suportar essa tese R$ 5,32/R$ 5,40. Acima desse intervalo abre a possibilidade que eu venho prevenindo do cenário de alta do dólar” ... Como o dólar estava pressionado nesses últimos dias no post o-desconhecido-sempre-parece-pior adicionei: ...” Só queria adiantar que se o dólar ultrapassar o nível de R$ 5,52, vou ter que dar mais peso ao cenário alternativo de alta” ...



O mercado adorou o resultado das eleições. Embora o segundo turno tenha ficado mais incerto, não houve nenhum ato mais hostil. Muitas coisas já mudaram nas cadeiras do legislativo. Não vou fazer comentários sobre o resultado dessas eleições, pois acredito que os leitores já devem ter o suficiente, apenas algumas observações:

1)      A conquista do PT é marginal. Aqui vale a conclusão antiga de que o partido é o Lula; sem ele, está numa posição quase igual à do PSDB - sendo este muito pior.

2)      O Brasil está matematicamente dividido, quem vencer vai ter que ter uma postura muito menos radical do que imaginava. Essa característica é muito boa no curto prazo, (razão da euforia dos mercados) mas ruim no longo.

O dólar subiu a um nível muito próximo do apontado acima, A máxima observada na semana passada foi de R$ 5,4295. Dessa forma, o cenário de queda continua como o preferido. No gráfico a seguir o cálculo para o objetivo dessa queda deveria levar o dólar a R$ 4,38/R$ 4,33 (percurso traçado com a linha verde).

Vou aguardar um momento melhor para sugerir um trade de venda, o movimento de hoje indica que é essa a opção.



O SP500 fechou a 3.678, com alta de 2,59%; o USDBRL a R$ 5,1739, com queda de 4,52%; o EURUSD a 0,9825, com alta de 0,25%; e o ouro a U$ 1.699, com alta de 2,40%.

Fique ligado!

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